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sexta-feira, 25 de julho de 2025

VÍDEOS: ELEIÇÃO PARA O SENADO NO CEARÁ REFLETE A DISPUTA ENTRE DIREITA E ESQUERDA NO PAÍS EM 2026

Por ipuemfoco   Postado  sexta-feira, julho 25, 2025   Sem Comentários


A pouco mais de um ano para os brasileiros voltarem às urnas, uma disputa historicamente coadjuvante

nas eleições gerais tem ganhado protagonismo nas tratativas pré-eleitorais. 


Tanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) quanto o presidente Lula (PT) não escondem a atenção redobrada com a próxima composição do Senado Federal. No Ceará, os reflexos dessa queda de braço da polarização entre PT e PL são explícitos. 


Em movimentos simultâneos, a direita — aos trancos e barrancos — tenta montar uma coalizão para conquistar as duas vagas cearenses, já a esquerda mira em barrar essa investida tendo como carta na manga um amplo leque de pré-candidatos.

Muito cobiçadas, as vagas atualmente ocupadas por Eduardo Girão (Novo) e Cid Gomes (PSB) — que prometem não disputar reeleição — colocaram lado a lado, no campo oposicionista, adversários históricos, que agora tentam ignorar as diferenças em prol de um objetivo em comum. Já na esquerda, aliados de longa data se digladiam em torno da tentativa de se viabilizar em um rol que já soma quase uma dezena de pré-candidatos no Estado.

O peso do Senado para a direita

A ampliação da bancada da direita no Senado está diretamente ligada aos planos do ex-presidente Jair Bolsonaro de manter-se como principal nome de oposição a Lula, mesmo estando inelegível até 2030. 

Para a direita mais moderada e os bolsonaristas, ampliar o número de senadores é a última barreira para garantir governabilidade em caso de vitória ou dificultá-la em caso de derrota. Outro plano, especialmente dos bolsonaristas, é tirar do papel pautas caras a essa ala, como impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Professor das universidades estaduais do Vale do Acaraú (UVA) e do Ceará (Uece), o cientista político Marcos Paulo Campos acrescenta ainda nessa lista de interesses a indicação dos próximos ministros da Corte — que precisa ser aprovada pelos congressistas. 

“O bolsonarismo se prepara para ter uma maioria no Senado capaz e aprovar impeachment dos ministros do STF e ter peso significativo na definição de quem serão os próximos ministros da Corted, garantindo, em certa medida, que tenham posturas mais alinhadas às de André Mendonça e Kassio Nunes Marques do que de Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Flávio Dino”, afirma.

“As duas grandes frentes políticas do Brasil, o bolsonarismo e o lulismo, olham com especial atenção para o Senado porque projetam a governabilidade a partir do ano de 2027 e projetam também a possibilidade de definir o rumo do Poder Judiciário no País”
Marcos Paulo Campos
Cientista político e professor das universidades estaduais do Vale do Acaraú (UVA) e do Ceará (Uece)

O professor reforça que o Judiciário “tem sido uma balança fundamental tanto para assegurar a governabilidade para o Governo do PT — que não tem maioria no Congresso — quanto para conter os mais radicais elementos da direita brasileira”. 

“Portanto, nos contextos de crise, o Judiciário costuma oferecer fôlego ao atual governo e, ao mesmo tempo, o atual governo oferece ao Judiciário condições para desenvolver uma investigação que está caminhando para a condenação das lideranças mais importantes da extrema-direita brasileira, que é um grupo que detém uma quantidade significativa de votos no País. Ou seja, essa atenção às vagas do Senado tem a ver com a possibilidade de definir a orientação política do Judiciário a partir de 2027”, acrescenta Marcos Paulo.

No fim de junho, em discurso durante ato na Avenida Paulista, o próprio Bolsonaro fez um apelo aos seus apoiadores de que elejam ao menos metade das vagas para deputado e senador no próximo ano.

“Me deem 50% da Câmara e do Senado que eu mudo o destino do Brasil. Nem preciso ser presidente”
Jair Bolsonaro (PL)
Ex-presidente do Brasil

"Se me derem isso, não interessa onde esteja, aqui ou no além, quem assumir a liderança vai mandar mais que o presidente. Com essa maioria, elegemos nosso presidente do Congresso Nacional. Maioria das comissões de peso no Senado e Câmara. Nas sabatinas, decidimos quem prosseguirá", acrescentou Bolsonaro. 

E como a direita cearense tem olhado para o Senado?

Ainda tentando montar uma composição unindo dissidentes e pedetistas insatisfeitos, integrantes do União Brasil e do PL, os oposicionistas têm uma unanimidade: a candidatura do deputado estadual Pastor Alcides (PL), pai do deputado federal André Fernandes (PL), ao Senado Federal em 2026. O nome do parlamentar foi lançado, ainda em março deste ano, pelo próprio ex-presidente Jair Bolsonaro.

O anúncio foi feito em um momento em que nomes da oposição no Ceará davam os primeiros passos em direção a uma frente ampla. 

À época, André Fernandes jogou um balde de água fria nas articulações ao declarar, em entrevista ao editor e colunista do PontoPoderWagner Mendes, que o PL teria “candidatura própria para governo e para senado” em 2026, reforçando o peso de ter esses espaços ocupados por nomes fiéis ao bolsonarismo. “Pelo tamanho do partido, pelo resultado de 2024 e pela conjuntura atual, o PL não abrirá mão disso", disse o parlamentar.

Mesmo com o obstáculo imposto por Fernandes, outros nomes da oposição encontraram na pré-candidatura do pai do político um caminho de aproximação. As reuniões de oposicionistas, discutindo inclusive nomes para a segunda vaga em disputa no Senado, seguiram a todo vapor. Em novo aceno aos bolsonaristas, o ex-governador Ciro Gomes (PDT) chegou a declarar a intenção de votar em Alcides. “Espero votar em você para senador”, disse o pedetista.

“O nosso eterno presidente Jair Bolsonaro bateu o martelo que o candidato dele ao senado é Alcides Fernandes. Eis-me aqui, sou realmente a pessoa indicada pelo nosso presidente"
Pastor Alcides (PL)
Deputado estadual e pré-candidato ao Senado

Apesar dos avanços nas tratativas, um novo revés envolvendo a oposição ocorreu na última sexta-feira (18), logo após a operação da Polícia Federal (PF) contra Jair Bolsonaro. O estopim da crise foi a reação divergente entre alguns dos principais nomes do grupo. Enquanto bolsonaristas fiéis saíram em defesa do ex-presidente, Ciro Gomes atacou Bolsonaro em vídeo nas redes sociais, chegando a classificar as ações recentes da família e de aliados de Bolsonaro como “burrice”.

André Fernandes reagiu imediatamente e voltou a afirmar que o PL terá candidaturas próprias ao Governo do Ceará e ao Senado no próximo ano. Conforme apurou o PontoPoder, nos bastidores do partido, o entendimento é de que uma das vagas de senador, além da candidatura a vice-governador, segue na mesa para negociação. Inclusive, a cúpula do PL teria interesse em uma aliança envolvendo União Brasil, Novo e Progressistas, contudo, sob algumas condições de fidelidade para garantir o alinhamento ideológico nessas vagas.

O nome de Michelle Bolsonaro para o Senado no Ceará

Se Bolsonaro lançou seu nome para o Senado no Ceará, a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro (PL), também indicou uma correligionária — o que faria o PL chegar ao pleito com candidatos para as duas vagas. No início de junho, o nome da vereadora mais votada de Fortaleza, Priscila Costa (PL), foi citado pela esposa do ex-presidente e pelo presidente da legenda, Valdemar Costa Neto.

Contudo, no Ceará, conforme mostrou o PontoPoder, a maioria dos mandatários do PL e lideranças da oposição ainda enxerga com cautela a pré-candidatura da parlamentar. O próprio Alcides ponderou que Priscila é uma “mulher madura”. “Mas, se o presidente disse que é o Alcides, vamos cumprir essa missão”, concluiu.

Nas redes sociais, Priscila não citou diretamente o plano de disputar vaga no Senado pelo Ceará, mas tem dado indícios do interesse e feito críticas a adversários governistas que planejam disputar o cargo. 

Em junho deste ano, durante participação de ato em apoio a Bolsonaro em São Paulo, ela reclamou sobre a postura dos senadores, defendendo que o “Senado precisa pôr um fim nos abusos do STF”. “O Senado precisa lutar para reequilibrar os poderes da República”, acrescentou.

Na semana passada, o alvo de Priscila foi o líder do Governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT), que pretende se candidatar ao Senado em 2026. Ela fez duras críticas sobre a postura da base do governo Lula no Congresso.

Em busca de minar os adversários

As críticas contra nomes cotados pela base governista para o Senado também têm sido a estratégia adotada por outras alas oposicionistas menos alinhadas e fiéis ao bolsonarismo, como o deputado federal e presidente do União Brasil Ceará, Capitão Wagner, e o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio (sem partido). A dupla é a principal articuladora de uma frente ampla de oposição e, para isso, evita apontar nomes para os cargos que serão disputados no pleito do próximo ano.


Por outro lado, o deputado federal Junior Mano (PSB) — outro nome governista cotado para concorrer — entrou na mira de Wagner e Roberto. O parlamentar federal foi alvo de operação da Polícia Federal (PF) que investiga desvio de recursos públicos. Nas redes sociais, os adversários reproduziram notícias sobre o assunto, criticando o político ser cotado para o Senado.

Inclusive, em entrevistas recentes, o dirigente partidário e o ex-prefeito costumam ironizar a quantidade de nomes cotados pela base governista para o Senado, dizendo que parte desse grupo deve ser “enganado” e pode se juntar aos oposicionistas.

O peso do Senado para a esquerda

Do outro lado do espectro político, a avaliação é de que, com a Câmara dos Deputados dominada pelo Centrão — que aderem ao Governo, mas não garantem fidelidade —, o Senado Federal virou ainda mais estratégico para frear a direita e garantir alguma governabilidade, caso Lula ou algum aliado vençam o pleito do próximo ano. 

Foi justamente a dificuldade de articulação na Casa comandada pelo senador Davi Alcolumbre (União) que acendeu o alerta para o PT, conforme revelou o Estadão. Além dos cabeças de chapa para o Senado, os suplentes agora entram no radar dos petistas. A reportagem conversou com o senador Humberto Costa (PT-PE), responsável por mapear as chapas da legenda nos estados. 

A preocupação é que as vagas conquistadas pelo PT acabem nas mãos de suplentes sem experiência em articulação política ou até mesmo infiéis a pautas caras à esquerda.

O professor universitário e cientista político Marcos Paulo destaca que cada vaga no Senado inclui duas suplências. 

“E, muitas vezes, você pode ter acordos regionais nessas composições que vão envolver relações e presenças de suplentes que podem, em um contexto de crise, terem uma posição desalinhada com a frente política que o elegeu. Isso ocorreu em 2016, por exemplo, quando a bancada do então PMDB se desalinhou do governo que tinha apoiado anteriormente”, aponta.

Ao PontoPoder, a senadora Augusta Brito (PT), vice-líder do Governo Lula no Senado, reconhece que a escolha de suplentes deve ir além de alianças circunstanciais. 

“É preciso ter identidade. No caso do Senado é preciso indicar o primeiro e o segundo suplentes. Na chapa encabeçada por Camilo Santana, tivemos o meu nome e o da atual prefeita de Crateús, Janaína Farias. É uma chapa em que todos os integrantes têm convergência política e de ideais”
Augusta Brito (PT)
Senadora cearense e vice-líder do Governo Lula no Senado

Ela ainda pondera sobre o caso de suplentes que mostram pouca fidelidade ao Executivo. 

Essa é uma avaliação difícil de ser feita. É claro que temos perfis diferentes entre os suplentes que ocupam vagas de senadores da base do governo, mas muitas vezes eles votam também de acordo com interesses regionais”, destaca.

Como a esquerda cearense tem olhado para o Senado?

Já no Ceará, com a candidatura à reeleição do governador Elmano de Freitas (PT) alinhada em toda a base governista, os olhos se voltam para as vagas no Senado. Ao todo, já são quase dez nomes cotados, considerando petistas e aliados da sigla.

Além de Cid Gomes — que diz não ter planos de disputar a reeleição —, a lista inclui os deputados federais José Guimarães (PT), Eunício Oliveira (MDB), Júnior Mano (PSB) e Luizianne Lins (PT), o ex-senador Chiquinho Feitosa (Republicanos), o ex-vice-governador Domingos Filhos (PSD) e o chefe da Casa Civil

Chagas Vieira. Mais recentemente, o nome do deputado federal Moses Rodrigues passou a ser ventilado em uma articulação que envolveria a adesão à base do União Brasil no Ceará.

Guimarães é o nome que se mostra mais inflexível à ideia de ser candidato. Em entrevista ao PontoPoder, em abril deste ano, sinalizou sobre sua disposição. “O PT tendo uma vaga para o Senado no Ceará, esqueça, o nome é José Nobre Guimarães. Pode cobrar isso de mim”, disse. 

O petista reforçou ainda que o presidente Lula já sinalizou o desejo de apoiá-lo como parte de um projeto nacional do PT.

O lançamento de uma chapa liderada por Guimarães contemplaria os planos do PT de ampliar a força da sigla com articuladores influentes no Senado. Além dele, outra opção dentro da sigla é a deputada federal Luizianne Lins, que tenta reconquistar espaço no PT Ceará. 

“No Ceará, a disputa pelo Senado vai expressar a capacidade do PT de, em um Estado onde já tem o governador e o prefeito da Capital, conquistar mais uma presença no Senado. É um desafio demonstrar que não é uma força localizada no Estado, mas que também tem uma contribuição para o projeto partidário nacional”
Marcos Paulo Campos
Cientista político e professr das universidades estaduais do Vale do Acaraúo (UVA) e do Ceará (Uece)

“Ao mesmo tempo, o bolsonarismo vai tentar imprimir uma derrota em pelo menos mais uma vaga à aliança que governa o Ceará, como já conseguiu imprimir em outro momento, quando elegeu o Eduardo Girão”, conclui.

Atualmente comandando o Executivo de Fortaleza, do Ceará e do Brasil, a possibilidade de o PT concorrer a mais uma vaga no Senado — além da atualmente ocupada pela senadora Augusta Brito (PT) — tem provocado desconforto na base governista. Algumas lideranças, como o senador Cid Gomes, já se queixaram do que acreditam ser uma concentração de poder na mão de uma só sigla.

A disputa por espaço também acendeu um alerta sobre o risco da base governista implodir. O próprio Cid, na última semana, ao sair em defesa das acusações contra Junior Mano — após a ação da PF —, reclamou da relação estreita entre o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e a política cearense. O magistrado é irmão da esposa de Chiquinho Feitosa. O mesmo ministro, inclusive, autorizou investigações contra Guimarães e Eunício. 

Seja entre os governistas seja entre os oposicionistas, a disputa pelas vagas no Senado no Ceará já extrapola os limites do Estado. Além da representação no Legislativo federal, estão em jogo o controle sobre a pauta da Casa, a possibilidade de aprovar, rejeitar ou depor ministros para o STF e a influência nos rumos do Judiciário. 

Na oposição, a estratégia passa por uma até então conturbada união entre antigos adversários, enquanto os governistas têm o desafio de conciliar os interesses de uma ampla aliança e um de um PT preocupado com uma crise de governabilidade nacional.


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