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segunda-feira, 4 de novembro de 2019

AS ESTRATÉGICAS DOS PARTIDOS PARA 2020

Por ipuemfoco   Postado  segunda-feira, novembro 04, 2019   Sem Comentários


O jogo político-eleitoral que, em tese, se inicia no próximo ano, já vai sendo esquematizado, ou mesmo jogado, pelos partidos no Ceará. 

A modalidade da próxima eleição em 2020, municipal, assume lógica particular. Apresenta novidades, como o fim das coligações proporcionais - que incentiva candidaturas majoritárias -, e demanda cuidados e estratégias das agremiações. Dos 184 municípios, alguns colégios eleitorais se destacam e entram no rol de prioridades.

O POVO fez um recorte das localidades com os 20 maiores eleitorados do Ceará para tentar entender como as articulações acabam justificando alguns movimentos de dirigentes que, de início, parecem confusos. 

Uma aliança aqui pode ser fundamental para viabilizar uma candidatura ali, e vice-versa, formando-se um movimento cruzado que vai desenhando o cenário das disputas para o próximo ano.

No Ceará, Camilo Santana (PT) se reelegeu fortalecido. Foi reconduzido ao Abolição com quase 80% dos votos, sustentado por ampla base. E é dentro desta amplitude de apoiadores, por sinal, que os interesses se mostram mais inconciliáveis. O PSD de Domingos Filho, por exemplo, adota estratégia ofensiva. Move suas peças, sobretudo pelo Interior, ainda que sobre territórios de aliados.

"É legítimo qualquer partido querer crescer, o que nós não podemos aceitar é que esse crescimento se dê em cima de bases não republicanas, como oferta de recursos orçamentários da União", critica o presidente do PDT Ceará, deputado federal André Figueiredo, sem citar ninguém, mas, numa aparente referênca ao PSD e ao relator-geral do Orçamento, Domingos Neto (PSD). O PDT perdeu o prefeito de Iguatu para o PSD, mas o pedetista atribui isso a divergências internas, apenas.

Mesmo assim, ainda segundo Figueiredo, é com atenção que a legenda observa convites externos. Os deputados estaduais (14) e federais (6), ele diz, "têm dado todo apoio" aos prefeitos. A estratégia para 2020 se centra na força política dos irmãos Cid e Ciro Gomes, este com projeto nacional, além do capital político de Roberto Cláudio, "a melhor gestão de Fortaleza". O objetivo eleitoral, adianta, é saltar de 54 prefeituras no Estado para, no mínimo, 70.

Afora a Capital, das cinco maiores cidades do Estado, o pedetista menciona duas, Sobral e Juazeiro do Norte, com candidatos pré-definidos. No berço político dos Ferreira Gomes, a intenção é a recondução de Ivo. Em Juazeiro, contra Arnon Bezerra (PTB), existe a pré-candidatura do construtor Gilmar Bender.

Figueiredo entende que o debate será nacionalizado, já que "temos candidatos que são a imagem e semelhança do presidente Jair Bolsonaro, fazem a defesa do governo dele." A preço de hoje, o Capitão Wagner (Pros), deputado federal, seria o opositor com mais viabilidade.

O militar da reserva discorda de Figueiredo sobre nacionalização da discussão. Aponta que as pessoas que escuta não querem saber de partido nem de direcionamento, mas dos problemas práticos do cotidiano, que envolvem geração de emprego, saúde, "avanços na mobilidade urbana". Indagado se pretende colar ou se distanciar de Bolsonaro e do bolsonarismo como tática, Wagner respondeu que todo apoio é bem vindo. O que envolve partidos de centro e de direita, nas palavras dele.


Capitão Wagner está à frente das articulações do Pros no Ceará, Ele entende que seu nome fortalecerá o Pros em outros municípios, considerados os maiores colégios e preferencialmente a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Em Caucaia, por exemplo, ele quer unir a oposição em torno de Vitor Valim. Uma das alavancas para as candidaturas, ele afirma, serão as redes sociais, mas não ignora o tempo de televisão que quer ter via alianças.

Ali, segundo maior centro do Ceará, Domingos Filho trabalhará pela segunda vitória do prefeito Naumi Amorim, uma das aquisições recentes pessedistas. Quando questionado sobre a pactuação com o PDT, o ex-vice-governador afirma haver uma correlação de contrapartidas, isto é, as legendas se apoiando mutuamente em Fortaleza.

Figueiredo, por sua vez, ressalta que este apoio pode até acontecer, mas ainda não há entendimento sobre o tema. Na Capital, ele prossegue, é legítimo o PSD querer a vice. "Mas a vice é do DEM, do Moroni, então temos que respeitar esse espaço."

A tendência, contudo, é de o DEM deixar o guarda-chuva de RC. Capitão Wagner confirmou a O POVO que o partido, na figura do presidente ACM Neto, o procurou para conversas que acabaram não prosperando. O prefeito de Salvador quer o partido em guinada à direita, como modo de demarcar posição ante o cenário em que se criou selo negativo "centrão".

Foi neste contexto que Dra. Mayra, atualmente no Ministério da Saúde, na Secretaria da Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES), também foi procurada pelo prefeito baiano. Numa reviravolta, Chiquinho Feitosa e companhia retomaram o partido. Com 882.019 votos na disputa ao Senado em 2018, o capital político da médica foi elogiado por Wagner.

Outra estratégia do capitão, como ele próprio diz, é de ocupar em sua vice alguém ligado à saúde ou com perfil ligado ao mundo da produção e geração de emprego. Mayra diz que ainda não conversou com o deputado. "Quanto ao DEM, não está descartada a possibilidade.

Avanços de Domingos e a calma de Eunício

O presidente estadual do PSD, Domingos Filho, não quer dar ouvidos aos incomodados da base governista com o avanço do partido no Interior. Dado a frases de efeito, ele apregoa: 

"Na política, quando os nossos concorrentes estão falando bem da gente, é porque nossos aliados e amigos estão com raiva. A recíproca é verdadeira. Quando nossos concorrentes estão falando mal da gente, é porque nossos amigos estão satisfeitos."

As investidas do PSD pelo Estado são motivo de queixa dos aliados - o partido já soma 27 prefeituras. Embora aliados de outros partidos externem insatisfação, alguns alegando deslealdade, é no MDB que reside maior foco de críticas. Leonardo Araújo e Danniel Oliveira, deputados estaduais, já apontaram desrespeito aos espaços.

Também o próprio Eunício Oliveira, ex-senador e presidente regional, resolveu mudar o tom. Muito disso se explica pelo perfil similar dos partidos, pouco ideológicos, com capacidade de abertura para diálogo com diferentes setores.

"É do jogo democrático. As pessoas se apavoram com esse arremedo de confusão e estou tranquilo em relação a isso. Vereador de Tauá veio a Fortaleza e nos pediu pra sair e dei autorização. É livre", simplifica Eunício, desde Washington, nos EUA, onde se encontrava na sexta.

Ele diz que a legenda se movimenta nos bastidores e não tem interesse de publicizar os próprios passos, como considera acontecer em outras agremiações, sem citar nomes. Em termos de estratégias, apesar de a Capital e outros grandes centros serem importantes, ele indica que a característica do MDB é de pulverização, com o tamanho da cidade em segundo plano.

Na Capital,Oliveira não descarta a presença do partido no pleito pelo Paço Municipal, como também diz considerar a possibilidade de compor com o PT, por exemplo. Certo é que as conversas ocorrem, sobretudo com Camilo, conforme ele diz.

"É do jogo democrático. As pessoas se apavoram com esse arremedo de confusão e estou tranquilo em relação a isso. Vereador de Tauá veio a Fortaleza e nos pediu pra sair e dei autorização. É livre"

Questionado se a estrutura de poder que monta visa o Abolição em 2022, Domingos Filho afirma ser aliado do grupo que comanda o Estado. "Se isso acontecer (a candidatura, vai ser dentro da parceria que temos. Claro que não descarto. Se convidado por eles, vou dizer que não?" (CH)

Campanha será difícil com ou sem nome experiente, projeta estudioso

Docente em ciência política na Universidade Federal do Ceará (UFc), Cleyton Monte verifica que a vida eleitoral da família Ferreira Gomes em Fortaleza será difícil com ou sem um nome experiente no páreo. 

O ex-ministro Ciro Gomes já afirmou que pretende lançar na Capital um nome novo, seguindo tradição que diz ter sido aplicada com Roberto Cláudio e Camilo Santana, ambos com passagem pela Assembleia Legislativa.

O professor considera que, no momento, calcula-se a real força do Capitão Wagner (Pros). Caso concluam ser forte, considera o professor, as consequências visíveis seriam, por exemplo, Camilo Santana se posicionar já no primeiro turno da eleição. É o momento que decidiria, entre PT e PDT, qual o nome com mais possibilidades de lograr êxito.

"Vai demandar grande articulação, porque ele (Wagner) está montando grande estrutura de campanha. Se você comparar com a última campanha dele (2016), que foi muito bem com estrutura reduzida, agora é uma pessoa com muitos contatos e identificado com discurso da segurança", afirma o estudioso.

Capitão Wagner planeja oito ou nove partidos em sua aliança. Por mais que seja bem avaliado, Roberto Cláudio e o grupo político, se lançassem agora um nome, correriam riscos de assisti-lo desgastar. Não é que o PDT não tenha quem apresentar, diz Monte, "o PDT não lança (candidato) por questões táticas."

Também cientista política, Paula Vieira avança no raciocínio, dizendo que com o andar dos meses, a evolução será gradual. Segundo ela, o PDT iniciará sondagem velada à opinião pública. "Vão começar a dizer que é possível que seja fulano, beltrano, mas pesquisas internas eles já devem estar fazendo." (Carlos Holanda/OPOVO)

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