PETROLÃO X MENSALÃO X LAVA JATO; O QUE SERÁ DO PT

O PT é um pedaço importante e precioso da história política brasileira e sua possível derrocada será uma pena. Mas, cabe ao próprio partido garantir sua sobrevivência.
 

A legenda tem errado sucessivamente ao lidar com as próprias crises e é uma incógnita saber se ainda tem chances de se sustentar como força política relevante e em que condições. Há pouco mais de um mês, Luis Fernando Verissimo escreveu: 

“Se é verdade que o PT morreu, uma tarefa para investigadores do futuro será descobrir se foi suicídio ou assassinato”. E arrematou: “De qualquer maneira, será uma história triste”.

A terceira prisão de José Dirceu – a primeira foi na ditadura, em situação bem diferente – impõe ao partido uma encruzilhada. No mensalão, o partido ensaiou um mea culpa, expulsou Delúbio Soares e anunciou que “cortaria na própria carne”. 

Quando a poeira baixou, disse que as acusações eram uma farsa, aceitou Delúbio de volta e passou a tratar Dirceu como herói perseguido e injustiçado. Mesmo a condenação no Supremo Tribunal Federal (STF) foi tratada como julgamento político. A alegação de inocência atropelou as instituições do Estado brasileiro. Para um partido há tanto tempo no poder, foi um caminho inusitado.

O partido bancou o enfrentamento e, com essa estratégia em relação ao mensalão, conseguiu eleger Dilma Rousseff (PT). Ontem, o acusado de ser o mentor do mensalão voltou à cadeia. O partido terá de decidir se insiste na tese da injustiça e se abraça ao ex-ministro, correndo o risco de ser tragado para o abismo com ele, ou se faz autocrítica retroativa e tardia, com risco de não ser levado a sério. Em qualquer hipótese, sai mais fraco e mais desgastado.

Do ponto de vista eleitoral, o PT é – ou foi – o mais bem-sucedido partido da história democrática no País. Até ele, nenhuma legenda havia conseguido eleger o presidente da República em três mandatos consecutivos. Os petistas emplacaram quatro. Porém, atravessa aquela que provavelmente é a mais grave crise enfrentada por uma sigla na democracia. 

Claro que aí não estão contabilizadas as perseguições que fecharam agremiações e lançaram outras na ilegalidade, mesmo em períodos supostamente democráticos. A crise do PT é de outra natureza. O partido que governa o Brasil há 12 anos e meio virou caso de Polícia.Érico Firmo