O presidente da Executiva Nacional do PT, Rui Falcão, disse ontem, em Fortaleza, que a tendência do partido no Ceará, em relação às eleições deste ano deve ser a de priorizar a aliança com o governador Cid Gomes, devido à movimentação feita por ele (Cid) e seus aliados em permanecer no palanque de apoio da presidente Dilma Rousseff. Rui Falcão, no fim da tarde esteve com o governador Cid Gomes, no Palácio da Abolição.
Falcão ressaltou, porém, que a decisão sobre alianças no Ceará, caberá à maioria que compõe a sigla no Estado, hoje comandada pelos aliados do deputado federal José Guimarães, um dos mais entusiastas da manutenção da aliança com Cid, contra a posição da ex-prefeita Luizianne Lins, defensora da candidatura própria ao Governo.
“O senador Eunício diz que quer ser candidato. Tem legitimidade para isso, mas o principal elemento definidor, na minha opinião, é a nossa aliança com o governador. Ele fez um gesto importante ao romper com o governador Eduardo Campos por entender que o melhor caminho é a continuidade do projeto que mais tem beneficiado o Ceará”, enfatizou Rui Falcão, referindo-se à saída de Cid Gomes e seu grupo político do PSB, por ser contra a candidatura de Eduardo Campos, o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB.
Diretório
O presidente nacional do PT, no entanto, tentou minimizar sua própria declaração ao destacar que essa era apenas sua opinião. “O diretório nacional tem o direito de manifestar sua opinião, mas não sou eu que vou decidir. Vou respeitar o processo democrático do Ceará”, afirmou, sabendo das divergências existentes no Estado.
Rui Falcão também destacou que antecipar qual será a postura da presidente Dilma Rousseff caso mais de um aliado dispute o cargo de governador no Ceará ainda é muito prematuro.
“Essa questão ainda vai ser discutida com a presidenta. Primeiro porque ela tem que continuar governando o Brasil. Então, as possibilidades de ela estar presente nos estados fazendo campanha só se dará nos fins de semana, feriados ou à noite. Até por limitação da lei. Então, é prematuro”, disse Falcão sobre a possibilidade de a presidente subir a mais de um palanque no Estado.
O presidente do PT lembrou ainda que a realidade de haver um palanque duplo ou até triplo em apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff não deve acontecer somente no Ceará e, segundo ele, a legenda fará de tudo para que essa realidade não estremeça a relação com os aliados a nível nacional.
“Em vários estados, o PT tem candidato, o PMDB tem candidato e um terceiro partido também tem candidato. O que nós queremos é que a aliança nacional abarque todos esses partidos. Se o senador Eunício for candidato (a governador do Ceará), a nossa intenção é que ele apoie a Dilma, até porque o vice-presidente é do mesmo partido dele”, o Michel Temer.
Divergências internas
Para o presidente nacional da legenda, as divergências existentes entre as principais lideranças do PT no Ceará fazem parte da natureza democrática e não enfraquece a sigla. “O PT é um partido com muitas correntes de opinião. É essa multiplicidade de lideranças que propicia a força do PT. A divergência que existe aqui não é pessoal. O que acontece é que Luizianne Lins acha que o melhor caminho para a reeleição da Dilma é ter candidatura própria. Outros entendem o contrário. Até abril ou maio, isso será resolvido”, opinou.
Relação com PMDB
No campo nacional, o estremecimento na relação entre PT e PMDB provocado, principalmente, pela futura reforma ministerial, a ser anunciada nos próximos dias, foi classificada por Rui Falcão como uma movimentação natural de todo período que antecede o processo eleitoral. Para o petista, os recentes embates não trazem riscos para a manutenção da aliança.
“Temos um governo de coalizão no País. É natural que cada partido defenda seu quinhão. Eu mesmo estive com a presidenta e defendi que o PT não podia perder espaço na reforma ministerial. Então, eu vejo com naturalidade que os partidos defendam seus espaços ou queiram ampliá-los. Eu não acredito que esse tipo de disputa vai levar a qualquer tipo de rompimento ou estresse”, acrescentou Rui Falcão.
Reunião
O encontro da Executiva Estadual do PT com a presença de Rui Falcão, ontem, acabou expondo ainda mais as divergências do partido no Ceará. A variedade de opiniões sobre como a legenda deve se comportar no pleito para o Governo do Estado foi um dos pontos debatidos durante o evento realizado na sede da Fetraece (Federação dos Trabalhadores da Agricultura no Estado do Ceará).
O acesso da imprensa ao local do encontro foi permitido somente durante os primeiros 20 minutos quando Rui Falcão chamou a atenção para a importância do PT ampliar o número de parlamentares que compõem o Congresso Nacional, para garantir a governabilidade.dn
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