O DESTINO DO PT NO CEARÁ

Entre as consequências de derrotas e vitórias no último processo eleitoral, entre processos internos para a escolha de novas direções, entre o papel secundário em uma aliança ou o risco de um voo solo. É por essas e outras questões que passa o futuro do PT do Ceará e é por isso que 2013 será um ano tão decisivo para o partido, principalmente nas questões internas. As decisões que forem tomadas serão determinantes para a política cearense nos próximos anos.

 A sigla perdeu as duas maiores cidades que tinha sob seu controle no Estado – Fortaleza e Juazeiro do Norte – mas ao mesmo tempo quase dobrou o número de prefeituras, saindo de 15 para 28. Em algumas delas, porém, o prefeito é talvez mais próximo ao governador Cid Gomes (PSB) do que às próprias lideranças petistas.

Do tenso processo eleitoral em Fortaleza ficaram algumas cicatrizes com os ex-aliados na Capital, PSB e PMDB. A derrota ainda deixou bem mais difícil a tarefa do PT ter candidatura própria ao Governo do Estado em 2014, ideia defendida por algumas lideranças do partido e que teria ganhado força em caso de êxito na eleição.

É nesse cenário que o partido precisará decidir se mantém ou se rompe a aliança com PSB e PMDB também no nível estadual. Atualmente, o único grupo interno que defende abertamente o rompimento é aquele comandado pela ex-prefeita Luizianne Lins (PT), a Democracia Socialista, que, no Estado, não possui a mesma força que tem em Fortaleza.

As outras correntes, no momento, orbitam em torno do deputado federal José Guimarães (PT), que comanda o grupo majoritário do partido no Ceará e é peça-chave no jogo político cearense para os próximos anos. Essas correntes pregam a manutenção da aliança com Cid, mas também uma reavaliação do acordo.

Em novembro, o partido elege sua nova direção estadual. Até lá continua sob o comando de Luizianne Lins, mas a tendência é que a direção passe para o grupo de Guimarães. Como escreveu Shakespeare em Otelo, “há muitos eventos na barriga prenhe das horas, e eles têm de ser paridos”.O POVO