Alvo de críticas por representar prejuízo ao erário, o inchaço da administração pública ainda é uma realidade no País, inclusive com a criação de secretarias para ampliar cargos e empregos. Alguns prefeitos empossados neste mês têm anunciado reformas administrativas sob a justificativa de otimizar o mandato.
Embora os critérios para viabilizar uma estrutura adequada devam levar em conta particularidades das cidades e semelhanças entre as áreas, é fácil constatar excesso de órgãos e cargos nas prefeituras cearenses.
O prefeito de Juazeiro do Norte, Raimundo Macêdo, está realizando um estudo para definir mudanças na estrutura das secretarias e órgãos
O Diário do Nordeste consultou o Portal da Transparência do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) para averiguar como estava organizada, no mandato encerrado no ano passado, a administração das cinco maiores e das cinco menores cidades do Ceará em população. Conforme as informações, repassadas ao órgão pelas próprias prefeituras, o número de secretarias entre os maiores e menores municípios cearenses varia entre 9 e 26. O cálculo leva em conta o gabinete do prefeito e a procuradoria geral, mas exclui entidades, assessorias, fundações e autarquias ligadas às secretarias.
Os prefeitos empossados de Fortaleza, Caucaia, Juazeiro e Sobral integram o grupo de gestores que tem preparado mudanças na estrutura do secretariado. Na Capital, o prefeito Roberto Cláudio conseguiu aprovação da Câmara para desmembrar e fundir alguns órgãos.
A justificativa é de que o novo modelo é semelhante à estrutura do Governo do Estado. Até o ano passado, a cidade de Fortaleza, com 2,4 milhões de habitantes e orçamento em torno de R$ 4 bilhões, tinha a média de 26 secretarias.
Reforma
Em Caucaia, o prefeito Washington Góis também preparou uma reforma. O município, com 324,7 mil habitantes e orçamento de R$ 387,7 milhões no ano passado, dispunha de 20 secretarias. Nelas, o expediente só funciona até as 14h.
O Diário do Nordeste tentou entrar em contato com o gestor para saber informações sobre o que deve mudar e o motivo da reforma, mas a assessoria informou que o prefeito só falaria sobre o tema após a aprovação da lei pela Câmara.
Juazeiro do Norte têm, no organograma municipal, pelo menos 18 secretarias para administrar um orçamento de R$ 284,1 milhão e a oferta de serviços para 249,9 mil habitantes. O prefeito Raimundão, porém, pretende mudar essa estrutura.
Para isso, está realizando um estudo. Conforme o chefe de gabinete José Carneiro, as mudanças têm o objetivo de conter custos, reduzir quadros e adequar a gestão municipal ao projeto de governo do novo prefeito. "Tenho um julgamento de que tem mais (secretaria) do que precisa", avalia.
Maracanaú é o único dos quatro maiores municípios cearenses, além da Capital, a ter uma subprefeitura na sua estrutura administrativa: a Secretaria Regional da Grande Pajuçara. A cidade dispõe de um organograma com 15 secretarias para administrar R$ 392,4 milhões e garantir serviços para 209,7 mil habitantes.
O Diário do Nordeste tentou entrar em contato com a prefeitura para saber detalhes da estrutura. Uma servidora indicou contato com a assessoria de comunicação, porém as ligações não foram atendidas.
Sobral, quinto município com maior população do Ceará, está desmembrando e criando novas secretarias. O portal do TCM aponta que a cidade dispõe de 16 secretarias, porém o chefe de gabinete, Luciano Arruda, afirma que algumas já haviam sido extintas, de maneira que são apenas 12 pastas. Com a reforma que o prefeito Veveu pretende fazer, esse número deve subir.
Isso porque a Secretaria de Infraestrutura vai ser dividida em uma de obras e outra de urbanismo. Também deve ser criada a pasta de conservação de serviços públicos. A Fundação de Ação Social será Secretaria de Trabalho, Assistência Social e Combate a Extrema Pobreza.
"Para erradicar 35 mil pessoas que temos abaixo da linha da pobreza", justifica. Outros órgãos devem sofrer mudanças. Questionado se as novas mudanças não podem onerar a prefeitura, Luciano disse considerar a nova estrutura adequada. "Ela foi concebida pelo prefeito, conversando com as pessoas.
O mandato do Veveu prolonga projeto iniciado por Cid quando prefeito de Sobral e, conceitualmente, se aproxima da política de governo do Estado. Fortaleza também experimenta isso", diz.
A reportagem também procurou os cinco menores municípios cearenses para discutir a estrutura administrativa, mas não conseguiu completar a ligação para nenhuma das prefeituras. A faixa populacional de Potiretama, Baixio, Pacujá, Granjeiro e Guaramiranga varia entre 6 mil e 4 mil habitantes.
Já o número de secretarias está entre 10 e 9. Além da estrutura básica para administração, finanças, obras, educação e saúde, algumas cidades, embora pequenas, têm pastas exclusivas para áreas como desporto, trânsito e turismo.
A cientista política Carla Michelle, professora da Faculdade Integrada do Ceará, afirma que o número aparentemente excessivo de secretarias ocorre porque a maioria das prefeituras funciona como cabide de emprego.
"Nos municípios menores, como não existe outra fonte de renda, há mais funcionários do que deveria. O gestor tem que ter muita responsabilidade para otimizar isso. O município precisa de servidores, mas a maioria dos casos é por questões mais politicas do que técnicas", diz.
Cabide
Conforme explica Carla Michelle, muitas vezes os acordos que os gestores fazem durante o pleito com apoiadores e cabos eleitorais acaba fazendo com que sejam assumidos compromissos que podem comprometer a administração. "Acaba virando cabide de emprego. Muitas vezes, há uma quantidade excessiva de secretarias e de servidores para cumprir acordos políticos".
A professora acrescenta que o gestor deve, para otimizar a gestão, observar quais pastas realmente são necessárias. "E aí colocar pessoas qualificadas na secretarias. Sabendo a real necessidade, as secretarias podem ser realmente eficientes.
Infelizmente, hoje não é assim que funciona. A gente vê isso em Fortaleza, agora. Ao mesmo tempo que prefeito considera excessivo o número de servidores, cria órgãos com atribuições que, em tese, sequer seria competência do Município", declara, se referindo às mudanças na Guarda Municipal.
Embora os critérios para viabilizar uma estrutura adequada devam levar em conta particularidades das cidades e semelhanças entre as áreas, é fácil constatar excesso de órgãos e cargos nas prefeituras cearenses.
O prefeito de Juazeiro do Norte, Raimundo Macêdo, está realizando um estudo para definir mudanças na estrutura das secretarias e órgãos
O Diário do Nordeste consultou o Portal da Transparência do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) para averiguar como estava organizada, no mandato encerrado no ano passado, a administração das cinco maiores e das cinco menores cidades do Ceará em população. Conforme as informações, repassadas ao órgão pelas próprias prefeituras, o número de secretarias entre os maiores e menores municípios cearenses varia entre 9 e 26. O cálculo leva em conta o gabinete do prefeito e a procuradoria geral, mas exclui entidades, assessorias, fundações e autarquias ligadas às secretarias.
Os prefeitos empossados de Fortaleza, Caucaia, Juazeiro e Sobral integram o grupo de gestores que tem preparado mudanças na estrutura do secretariado. Na Capital, o prefeito Roberto Cláudio conseguiu aprovação da Câmara para desmembrar e fundir alguns órgãos.
A justificativa é de que o novo modelo é semelhante à estrutura do Governo do Estado. Até o ano passado, a cidade de Fortaleza, com 2,4 milhões de habitantes e orçamento em torno de R$ 4 bilhões, tinha a média de 26 secretarias.
Reforma
Em Caucaia, o prefeito Washington Góis também preparou uma reforma. O município, com 324,7 mil habitantes e orçamento de R$ 387,7 milhões no ano passado, dispunha de 20 secretarias. Nelas, o expediente só funciona até as 14h.
O Diário do Nordeste tentou entrar em contato com o gestor para saber informações sobre o que deve mudar e o motivo da reforma, mas a assessoria informou que o prefeito só falaria sobre o tema após a aprovação da lei pela Câmara.
Juazeiro do Norte têm, no organograma municipal, pelo menos 18 secretarias para administrar um orçamento de R$ 284,1 milhão e a oferta de serviços para 249,9 mil habitantes. O prefeito Raimundão, porém, pretende mudar essa estrutura.
Para isso, está realizando um estudo. Conforme o chefe de gabinete José Carneiro, as mudanças têm o objetivo de conter custos, reduzir quadros e adequar a gestão municipal ao projeto de governo do novo prefeito. "Tenho um julgamento de que tem mais (secretaria) do que precisa", avalia.
Maracanaú é o único dos quatro maiores municípios cearenses, além da Capital, a ter uma subprefeitura na sua estrutura administrativa: a Secretaria Regional da Grande Pajuçara. A cidade dispõe de um organograma com 15 secretarias para administrar R$ 392,4 milhões e garantir serviços para 209,7 mil habitantes.
O Diário do Nordeste tentou entrar em contato com a prefeitura para saber detalhes da estrutura. Uma servidora indicou contato com a assessoria de comunicação, porém as ligações não foram atendidas.
Sobral, quinto município com maior população do Ceará, está desmembrando e criando novas secretarias. O portal do TCM aponta que a cidade dispõe de 16 secretarias, porém o chefe de gabinete, Luciano Arruda, afirma que algumas já haviam sido extintas, de maneira que são apenas 12 pastas. Com a reforma que o prefeito Veveu pretende fazer, esse número deve subir.
Isso porque a Secretaria de Infraestrutura vai ser dividida em uma de obras e outra de urbanismo. Também deve ser criada a pasta de conservação de serviços públicos. A Fundação de Ação Social será Secretaria de Trabalho, Assistência Social e Combate a Extrema Pobreza.
"Para erradicar 35 mil pessoas que temos abaixo da linha da pobreza", justifica. Outros órgãos devem sofrer mudanças. Questionado se as novas mudanças não podem onerar a prefeitura, Luciano disse considerar a nova estrutura adequada. "Ela foi concebida pelo prefeito, conversando com as pessoas.
O mandato do Veveu prolonga projeto iniciado por Cid quando prefeito de Sobral e, conceitualmente, se aproxima da política de governo do Estado. Fortaleza também experimenta isso", diz.
A reportagem também procurou os cinco menores municípios cearenses para discutir a estrutura administrativa, mas não conseguiu completar a ligação para nenhuma das prefeituras. A faixa populacional de Potiretama, Baixio, Pacujá, Granjeiro e Guaramiranga varia entre 6 mil e 4 mil habitantes.
Já o número de secretarias está entre 10 e 9. Além da estrutura básica para administração, finanças, obras, educação e saúde, algumas cidades, embora pequenas, têm pastas exclusivas para áreas como desporto, trânsito e turismo.
A cientista política Carla Michelle, professora da Faculdade Integrada do Ceará, afirma que o número aparentemente excessivo de secretarias ocorre porque a maioria das prefeituras funciona como cabide de emprego.
"Nos municípios menores, como não existe outra fonte de renda, há mais funcionários do que deveria. O gestor tem que ter muita responsabilidade para otimizar isso. O município precisa de servidores, mas a maioria dos casos é por questões mais politicas do que técnicas", diz.
Cabide
Conforme explica Carla Michelle, muitas vezes os acordos que os gestores fazem durante o pleito com apoiadores e cabos eleitorais acaba fazendo com que sejam assumidos compromissos que podem comprometer a administração. "Acaba virando cabide de emprego. Muitas vezes, há uma quantidade excessiva de secretarias e de servidores para cumprir acordos políticos".
A professora acrescenta que o gestor deve, para otimizar a gestão, observar quais pastas realmente são necessárias. "E aí colocar pessoas qualificadas na secretarias. Sabendo a real necessidade, as secretarias podem ser realmente eficientes.
Infelizmente, hoje não é assim que funciona. A gente vê isso em Fortaleza, agora. Ao mesmo tempo que prefeito considera excessivo o número de servidores, cria órgãos com atribuições que, em tese, sequer seria competência do Município", declara, se referindo às mudanças na Guarda Municipal.
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