Se por oito anos a prefeita Luizianne Lins (PT) teve temperamento intempestivo e polêmicos rasgos verborrágicos como grande marca, Roberto Cláudio (PSB) chega ao poder para imprimir outra identidade à gestão municipal.
Tecnocrata, cauteloso e pragmático - como ele próprio se define - o prefeito eleito que assumirá o Palácio do Bispo, no Paço Municipal, a partir de terça-feira, conjectura levar marca oposta à da atual administração do Município. Da era da emoção à era da razão. No olhar dos que confabulam e profetizam os caminhos políticos da quinta capital do País, a cara da próxima gestão de Fortaleza será prioritariamente de diplomacia.
De perfis antagônicos, Luizianne e Roberto Cláudio se encontrariam na tarde do dia 1º para firmar a passagem de poder em Fortaleza. O encontro se daria, não fosse o fato de a prefeita já ter adiantado que não pretende participar da solenidade de transferência de cargo, “mera formalidade”, diria ela.
E se por pelo menos seis anos Luizianne agarrou-se à popularidade do então presidente Lula como grande trunfo, Roberto Cláudio também terá suas cartas na manga. Chega ao poder com as bênçãos e parceria do grupo político que tornou-se hegemônico no Estado. Mais do que aliado, o clã Ferreira Gomes (PSB) poderá mostrar-se como orientador, uma espécie de guru do prefeito eleito. De quebra, Roberto Cláudio terá livre acesso à presidente Dilma Rousseff (PT).
Com imenso leque de aliados, RC terá o apoio do Governo do Estado e retribuirá apoio com mais apoio. A política de uma mão lava a outra poderá ganhar a Capital pelos próximos anos. Embora diga-se independente, o futuro prefeito não se atreverá a travar batalhas com Cid Gomes. Terá no chefe do executivo estadual prioritariamente um braço amigo.
Ainda que Luizianne e Cid fossem aliados políticos, o temperamento da quase ex-prefeita entrou em choque com o de Cid por diversas vezes, até levar a desgaste que provocou o rompimento entre os dois. Enquanto de um lado Luizianne fez questão de dizer que “não se dobrou”, Cid já repetiu que a prefeita muitas vezes quis “impor”. A diplomacia de Roberto Cláudio e Cid Gomes e o respeito à liturgia do cargo comum a ambos deverá apontar para uma relação sobretudo de serenidade.
“Sou diplomático mesmo. Sou um homem que evita conflitos até a última instância. Estar brigando dissipa a energia e o foco do que interessa. Acho que um prefeito que passa o tempo dissipando energia com conflitos, criando factoides, apenas vai gastar energia quando poderia estar pensando no desenvolvimento da cidade”, disse RC.
Saudável ou não, só o tempo dirá a que levou a relação amistosa entre governador e prefeito.
O POVO tenta projetar qual será a marca que ficará do governo Roberto Cláudio daqui a quatro anos. Nas palavras do próprio, em dezembro de 2016, no fim de seu mandato, será lembrado como a gestão “de resultados”.
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