A ESTRATÉGIA DO PT

O PT vai trabalhar, fortemente, a marca do partido nas eleições da Capital este ano. Adesivos com o slogan “Fortaleza é mais PT” já circulam pela Cidade. Está correto. Afinal de contas, o partido, o maior da América Latina e um dos maiores do mundo, é hoje detentor, no Brasil, do comando político-administrativo central, controla alguns estados, é governo em várias capitais – Fortaleza inclusive, a maior delas – e tem centenas de prefeituras em todo o País. A legenda é, de longe, a que ostenta o maior valor agregado eleitoralmente falando. Então, nada mais razoável do que se pegar esse imenso capital e associá-lo ao candidato Elmano de Freitas, um desconhecido da grande massa (nunca disputou um mandato eletivo) e que corre contra o tempo para virar, pelo menos, a casa dos dois dígitos nas primeiras pesquisas de intenção de voto. Vincular Elmano ao PT pode ser o caminho mais curto para torna-lo competitivo em uma corrida que não tem favorito. Mas há uns “poréns”. Veja no tópico seguinte.

QUE TAL DISCUTIR A CIDADE?

Como em toda estratégia, essa de tentar fazer uma simbiose entre Elmano e o PT carrega alguns efeitos colaterais. Um deles é a gestão que, para o bem ou mal, o candidato da prefeita Luizianne Lins (PT) representará na disputa eleitoral. E aí há um problema. Como já dito em colunas anteriores, o eleitor de Fortaleza vai julgar os últimos oito anos de administração. Muito provavelmente, o desempenho de Elmano nas urnas será, em boa medida, o que o fortalezense pensa da atual gestão. Até pelo fato de o candidato ser neófito na corrida eleitoral. Ou seja, não há um outra grande referência para o eleitor sobre Elmano, a não ser o fato de ele ser o candidato da prefeita. E o que o “Fortaleza é mais PT” tem a ver com isso? Numa tradução livre, pode significar que ao PT não interessa esse julgamento da gestão, pelos riscos que isso pode envolver. 

Com o bordão, o PT pretende fazer uma disputa mais ideologizada. Uma espécie de “O PT e os outros partidos”. O problema é que táticas do tipo costumam pegar mais em eleições nacionais. Nessa corrida eleitoral, o grande mote (espera-se) será a Cidade onde moramos. A ideologia, se é que o temo ainda faz algum sentido na política brasileira, pode ficar para depois.OPOVO