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domingo, 9 de novembro de 2025

O REPOSICIONAMENTO DO PSDB PARA 2026 COM A CHEGADA DE CIRO GOMES

Por ipuemfoco   Postado  domingo, novembro 09, 2025   Sem Comentários

     
                    

Filiado novamente ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) desde meados de outubro, o ex-ministro e ex-

governador cearense Ciro Gomes é tido como a promessa de reposição da legenda no tabuleiro político — após passar por baixas recentes e acumular uma série de divisões internas que ocasionaram a debandada de quadros importantes desde 2022. 

Embora represente esse fôlego para uma sigla que ajudou a construir no Ceará no fim dos anos 1980 — determinante na superação do ciclo político conhecido pela aliança dos “três coronéis” — e desembarcou no fim da década de 1990, o seu real impacto e a função que vai exercer ainda é uma dúvida. Esse ponto de interrogação é fomentado pelo próprio político, que em declaração recente se deteve a dizer que é um “soldado do partido”.

Se por um lado, aliados ventilam o lançamento de uma candidatura ao Palácio da Abolição, apostando em seu capital político local e o histórico de gestões bem avaliadas nos Executivos municipal e estadual. 

Por outro, a construção de um “projeto nacional de desenvolvimento”, mote de campanhas à Presidência da República quando esteve no Partido Democrático Trabalhista (PDT) e a mobilização que o promoveu como “figura nacional” são fatores bem quistos na nova agremiação.

A acolhida dos tucanos

Apesar de ser encarada como um movimento de fortalecimento, a chegada de Ciro ao PSDB, apoiada estritamente pelo ex-senador e empresário Tasso Jereissati, líder tradicional do tucanato no Ceará, não encontrou eco entre os filiados ao diretório nacional. 

Notas protocolares foram os únicos gestos públicos feitos pelos novos correligionários, colocando em dúvida o acolhimento do membro do Clã Ferreira Gomes nos planos da legenda nacionalmente.

A cerimônia de filiação do ex-governador não contou com nomes do PSDB Nacional, tendo sido capitaneada por Jereissati, em Fortaleza. Nem mesmo o presidente da agremiação ao nível nacional, Marconi Perillo, marcou presença no palanque. 

Em compensação à ausência de outros quadros da social-democracia e membros da cúpula partidária, políticos do Partido Liberal e do União Brasil — incluindo ex-adversários em processos judiciais — ladearam o novo tucano.

Para o cientista político e consultor da Metapolítica Consultoria, Henrique Curi, existem “dois prováveis caminhos” para Ciro Gomes dentro do PSDB. “Senão três”, ponderou o entrevistado.

“O terceiro, talvez seja o menos provável, seria uma disputa ao Senado”, afirmou, pontuando que poderia representar um vetor “menos desgastante” para a legenda e dependeria “de uma análise das possíveis candidaturas no Ceará”. “Mas o que mais está à mesa é a negociação entre uma possível candidatura do Ciro Gomes ao Governo do Estado ou a presidente da República”, frisou.  

Na visão de Curi, a falta de apoios na filiação de Ciro Gomes “não é algo particular” com ele. “Acho que é só mais um dos episódios que o PSDB protagoniza de uma disputa intrapartidária, do que chamo de forma degenerativa entre os membros”, continuou. O fenômeno, ao que alegou o entrevistado, se deve a uma “não-coesão” no seio da agremiação partidária, produto do próprio processo de formação histórica dela.

Potencial eleitoral

Ciro Gomes governou o Ceará entre 1991 e 1994, sucedendo o próprio Tasso Jereissati, chefe do Executivo cearense entre 1987 e 1991. A possibilidade de ser postulante é novamente considerada uma estratégia viável pelos oposicionistas cearenses, pela capacidade de construção de uma frente que concorra contra a aliança liderada pelo Partido dos Trabalhadores no estado. 

A filiação do político, na avaliação do professor e analista político Gabriel Petter, faz parte da ideia de “moderação” que o PSDB reivindica. “Possivelmente, o desejo de que Ciro seja o nome competitivo ao centro que diversos partidos há muito tempo procuram, mas que, até o momento, ainda não encontraram. A direita e a extrema-direita sonham com o espólio de Jair Bolsonaro, enquanto a esquerda ainda é muito dependente da figura de Lula para se manter no poder”, falou.

Henrique Curi adicionou ser perceptível um retorno do PSDB “saudosista da máquina pública” e uma reprodução da fórmula que fez a legenda crescer. A movimentação, segundo ele, se assemelha a “uma última cartada que seria a salvação para o partido”. Mas, para manter-se vivo, acrescentou o analista, é importante que o PSDB tenha, em 2026, um bom desempenho eleitoral.

O Ciro que retornou ao PSDB em 2025 é também presidente estadual da legenda no Ceará. Ele substituiu o prefeito de Massapê, Ozires Pontes, e exerce essa atribuição após ter deixado a vice-presidência do PDT Nacional.

Apesar da sua “missão” na nova legenda ser uma incógnita e de ter se aliado ao bolsonarismo no Ceará, Gabriel Petter destacou o seu “potencial de atrair um amplo espectro de eleitores, sem alimentar dissensões internas”. “Além disso, ele conta com o apoio de Tasso Jereissati, um nome ainda relevante na cena política cearense”, finalizou.  

Ida ao centro

Essa proposta de estabelecer uma posição mais ao centro do espectro político foi defendida publicamente por Tasso Jereissati ao abonar a ficha de Ciro Gomes. Nas palavras dele, o PSDB deve ser “um partido de centro que consiga dialogar com todos, que não exclua ninguém, que esteja aberto e tenha a tolerância, compreensão e espírito democrático”.

Na leitura feita por Henrique Curi, o PSDB historicamente ocupou, de 1994 a 2014, um lugar “ideologicamente de centro-direita”. “Agora, levantar essa bandeira do centro, de ter uma posição mais razoável entre extremos… Veja, não é nem que é ruim ou bom para o partido. É, de certa forma, o que restou. É menos sobre uma opção do partido e mais sobre uma imposição da realidade”, opinou. 

Petter, por sua vez, sinalizou que “a essa altura, com poucos deputados e senadores e nenhum governador, o PSDB não tem muito a perder com essa estratégia”. “Os ganhos, porém, são imponderáveis, em face da força ainda eminente de Lula e da influência — ainda que menor — de Jair Bolsonaro”, argumentou. 

“Ainda que esteja de certa forma cansado da polarização, isso não significa que o eleitorado brasileiro necessariamente votará em alguém que se diz de centro. Nesse sentido, uma figura como Ciro Gomes ajuda a cativar parte do eleitorado cansado da polarização”, sustentou em seguida.

Presença de 'figurões'

Em 2025, os governadores Eduardo Leite (Rio Grande do Sul), Raquel Lyra (Pernambuco) e Eduardo Riedel (Mato Grosso do Sul) migraram para outros partidos do centro — a pernambucana e o gaúcho foram para o Partido Social Democrático, enquanto Riedel foi para o Progressistas —, deixando o PSDB sem uma única gestão estadual. O êxodo, atribuiu Curi, ocorreu porque essas lideranças não “encontraram espaço no partido para a ascensão”.

Nos bastidores, se cogita a atração de outros “figurões” com o mesmo potencial de fortalecimento que Ciro Gomes. O ex-presidente da República Michel Temer, hoje no Movimento Democrático Brasileiro, teria sido convidado por Marconi Perillo para se filiar ao tucanato. Outro cotado é o vereador e ex-prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, atualmente no Partido Social Democrático.

Ao que afirmou Curi, o PSDB vem de “desgastes ao longo dos anos” e está, mais uma vez, “desesperado por protagonismo”. De acordo com ele, episódios anteriores, como a contestação do resultado das eleições presidenciais, em 2014, e a predominância de uma ala capitaneada pelo ex-governador de São Paulo, João Dória, que encampou um discurso “não-político” pelos idos de 2018, sustentam sua assertiva. PONTO DO PODER

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