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sábado, 8 de novembro de 2025

UNIÃO BRASIL NO CEARÁ VIVE ENTRE OS HOLOTES E A CRISE INTERNA

Por ipuemfoco   Postado  sábado, novembro 08, 2025   Sem Comentários


Na próxima semana, as direções cearense e nacional do União Brasil devem se reunir em Brasília para discutir o futuro do partido no Estado. 


A sigla, que integra a oposição ao Governo Elmano de Freitas (PT), enfrenta pressões crescentes para aderir à base governista — movimento que acompanha o União no Ceará desde antes mesmo de sua criação.

A crise se agrava justamente no momento em que o partido comemorava a chegada de um reforço de peso, o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio. Na última semana, enquanto a filiação era oficializada em Brasília, divergências internas voltavam a ganhar força e expunham a divisão na legenda.

Pelo menos dois nomes da bancada federal, os deputados Moses Rodrigues e Fernanda Pessoa, aderiram ao Palácio da Abolição, o que provoca desconforto entre correligionários oposicionistas, inclusive o presidente do União Brasil no Ceará, Capitão Wagner. 

PontoPoder listou os impasses que o União Brasil carrega desde o início e quais tem a resolver no Ceará até 2026.

Disputa entre base e oposição pela cadeira de comando

O União Brasil nasceu da fusão entre PSL e DEM, aprovada em outubro de 2021 e homologada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em fevereiro de 2022. O novo partido estreou com mais de um milhão de filiados, 81 deputados federais e sete senadores — tornando-se a maior bancada do Congresso à época.

No Ceará, a criação da legenda abriu disputa entre o ex-deputado Capitão Wagner e o então suplente de senador Chiquinho Feitosa (Republicanos), empresário com influência em Brasília e na base governista estadual. Contudo, em articulação com o então presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar, Wagner conseguiu firmar um acordo para chefiar a sigla.

Apesar da vitória, o entorno governista nunca deixou de rondar o União Brasil. Desde então, o partido tem sido alvo constante de tentativas de aproximação do Governo.

Capitão Wagner no comando do União Brasil

Já na gestão da sigla, Wagner passou a liderar não apenas uma legenda de oposição, mas o maior partido do País em número de parlamentares. O União Brasil é também uma das siglas com maior fatia do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário. A ampla bancada no Congresso também garante um significativo tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão para o partido.

O cenário era inédito para Wagner, que foi filiado ao PR (atual PL) entre 2009 e 2018, e ao Pros, entre 2018 e 2022. Na primeira disputa como dirigente, em 2022, teve melhor desempenho como articulador de chapas do que como candidato.

À época, ele foi derrotado ainda no primeiro turno por Elmano de Freitas (PT), ficando com cerca de 31,7% dos votos, mas o União Brasil, teve um resultado de destaque no Ceará, com a eleição de oito deputados, sendo quatro federais e quatro estaduais.

Vitórias estratégicas em 2024 reforçam o União

Com maior estrutura e presença no interior, o União Brasil chegou fortalecido às eleições municipais de 2024. Em Fortaleza, Wagner voltou a disputar a Prefeitura, mas ficou em quarto lugar. No interior, porém, o partido conquistou vitórias importantes.

Em Sobral, o União quebrou a hegemonia dos Ferreira Gomes: o deputado estadual Oscar Rodrigues derrotou a ex-governadora Izolda Cela (PSB), candidata apoiada por Cid Gomes e pelo Governo. Em Maracanaú, Roberto Pessoa foi reeleito com ampla base de apoio, que incluiu até nomes do PT.

A sigla também venceu em Pacatuba, Pacajus e Tururu, somando o comando de cinco prefeituras, o melhor resultado entre os oposicionistas em quantidade de prefeituras.

Vitórias abrem nova frente de pressão governista

Ao mesmo tempo em que fortaleceram a legenda, as vitórias em 2024 abriram espaço para novas investidas do Governo do Estado. O Palácio da Abolição intensificou o diálogo com Oscar Rodrigues e Roberto Pessoa, que já tinha um histórico de diálogo com alas do PT, inclusive com o governador Elmano de Freitas.

Essas relações viraram estratégicas porque tanto Oscar quanto Roberto estão ligados diretamente a outros nomes de peso do União Brasil, ele são pais dos deputados federais Moses Rodrigues e Fernanda Pessoa.

Em maio, o ministro da Educação, Camilo Santana, revelou ao PontoPoder que articula um possível alinhamento entre o Governo e o União Brasil no Ceará. Citou Moses, Fernanda e o presidente nacional da sigla, Antônio Rueda, como nomes “sensíveis” à construção.

Desde então, Moses passou a defender publicamente “prudência e calma” nas decisões sobre 2026. O próprio Rueda e o deputado chegaram a se reunir por quatro horas com o chefe da Casa Civil, Chagas Vieira, o que ampliou os rumores de aproximação.

Debate interno acirrado

Wagner minimiza as movimentações e diz que o União Brasil seguirá na oposição ao PT, tanto no Ceará quanto nacionalmente. Para ele, as investidas do Governo são tentativas de demonstrar força e enfraquecer a sigla no Estado. A crise, porém, ganhou novo capítulo no último dia 3 de novembro. Durante entrega de 500 moradias do programa Minha Casa, Minha Vida em Itapipoca, Moses declarou apoio à reeleição de Elmano.

“Tem aí uma divisão, uma ala que quer ficar na oposição, mas tenha a certeza, governador, que eu, a deputada Fernanda Pessoa e o deputado AJ Albuquerque estaremos lhe apoiando na reeleição”
Moses Rodrigues (União)
Deputado federal

Dois dias depois, Moses e Fernanda se reuniram com Rueda. À coluna de Wagner Mendes, Fernanda afirmou que não há possibilidade de punição a ela nem a Moses por apoiarem o governador.

“O presidente Rueda reconheceu que eu e o deputado Moses  somos peças importantes dentro do União Brasil, temos história, temos base, temos responsabilidade e representamos setores reais da sociedade. Por isso, não existe qualquer possibilidade de punição. Pelo contrário: nós seremos escutados no processo de definição dos rumos do partido no estado”, comentou.

Anteriormente, Capitão Wagner havia afirmado que “existe consequência para cada ato político” e que quem optar por apoiar outro candidato “terá de procurar outra legenda”. Ao colunista, Fernanda rebateu. “Aquela fala sobre expulsão ou penalização, feita pelo presidente regional, foi infeliz e isolada. Ele não fala pelo partido nacional, nem pelo sentimento da maioria. Parece, inclusive, que falou sozinho”.

A deputada ainda reforçou que se sentiu “ameaçada” e ficou “surpresa, chateada e constrangida” com a forma Capitão Wagner “falou publicamente sobre a possibilidade de expulsão”.

Ao PontoPoder, Moses também comentou as declarações. Ele reafirmou que “existe uma disputa democrática dentro do partido de qual projeto apoiar em 2026”. 

“Eu tenho esse debate muito aberto e transparente com o Wagner, somos amigos com uma divergência política. Caso a tese dele venha a prevalecer, vou respeitar a decisão da Nacional e vou pedir a Executiva Nacional, da qual sou vice-presidente, a liberação para apoiar a minha posição já manifestada, pois não sairei do partido por essa motivação”, pontuou.

União Progressista e os impactos no Ceará em 2026

Além dos impasses internos, o União Brasil aprovou uma federação com o Progressistas, batizada de União Progressista. A aliança forma a maior agremiação partidária do País para as eleições de 2026 e, consequentemente, a que deve concentrar as maiores fatias de recursos públicos e tempo de propaganda eleitoral.

No Ceará, porém, a fusão reacendeu o embate entre base governista e oposição. O Progressistas é hoje um dos partidos mais alinhados ao Governo Elmano de Freitas, enquanto o União Brasil segue formalmente na oposição. 

Como o PP conta apenas com um deputado federal cearense, AJ Albuquerque, o controle da federação ficaria, em tese, nas mãos do União. No entanto, se dois deputados da legenda — Moses Rodrigues e Fernanda Pessoa — consolidarem a aproximação com o Palácio da Abolição, o equilíbrio interno mudaria de lado.

O novo arranjo nacional, somado às disputas locais, tornou o Ceará um dos principais focos de tensão dentro do União Progressista, especialmente por conta do União Brasil. 

Diante desse tensionamento, a reunião marcada para os próximos dias, em Brasília, promete ser decisiva para a sigla e para a estratégia da oposição em 2026.

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