Pages

domingo, 2 de junho de 2019

DEP PAULO PIMENTA; LAVA JATO É UM PROJETO DE PODER

Por ipuemfoco   Postado  domingo, junho 02, 2019   Sem Comentários


O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) falou questionou o que há por trás dos interesses dos integrantes da
Operação Lava Jato e opinou que o grupo tem um projeto de poder no Brasil. 

As declarações foram feitas durante o 3º Encontro de Assinantes do 247 em Porto Alegre, no dia 25 de maio, onde ele abordou também a origem e o caminho do golpe contra Dilma Rousseff, a importância da comunicação no cenário político brasileiro e as guerras híbridas realizadas ao redor do mundo.

O deputado federal iniciou sua fala ressaltando a hegemonia dos conglomerados brasileiros e mundiais que detêm grande parte do capital mundial. "Precisamos fazer um esforço entre nós para tentarmos fazermos uma leitura mais ou menos semelhante, temos que nivelar uma opinião entre nós sobre aquilo que nós achamos que está acontecendo no mundo. Nós estamos vivendo uma nova fase de reorganização do capitalismo a nível mundial, vivemos um processo intenso de superacumulação do capital, nós vivemos um período histórico no qual as taxas de remuneração do capital são extremamente baixas, então nós temos uma super concentração do capital com uma baixa remuneração. Vocês volta e meia veem aquela informação de que seis famílias têm 50% da riqueza do país, vocês lembram quando foram presos os caras da JBS, que começou a parecer todas as marcas que eles tinham, eles deviam ter 30, 40, 50 marcas que ninguém sabia que eram da JBS. Se nós pegarmos por exemplo a Ambev, a JBS, o Bradesco, o Itaú, a Globo, possivelmente eles devem ser sócios de 90% das marcas que nós conhecemos. Se nós levarmos isso para uma escala mundial, nós vamos observar que talvez 20 ou 30 conglomerados transnacionais dominam 90% da economia mundial".

Ele também fez uma retrospectiva das antigas formas de busca pela lucratividade pelo capitalismo. "Há um processo de reorientação de busca, de novas e melhores taxas de lucratividade para o capital. A indústria tradicional tem tido taxas baixas, historicamente o capitalismo quando enfrentava crises estruturais buscava soluções que foram traumáticas para a humanidade, temos uma primeira crise do capitalismo quando ocorre o processo da Revolução Industrial, surge a máquina a vapor, a mão de obra é substituída pela máquina. Isso desestabilizou totalmente a Europa, boa parte dos imigrantes que vieram parar aqui vieram por conta disso. Depois viemos para a revolução tecnológica. Hoje as guerras ficaram muito perigosas diante da tecnologia nuclear. Um país pequeno como a Coreia do Norte pode apertar um botão e explodir o Japão, então a guerra não é mais uma solução tradicional, são necessárias novas formas mais sofisticadas de dominação".

Pimenta chamou a atenção para a relevância da necessidade de matéria-prima para a sobrevivência da humanidade e destacou o Brasil como grande detentor de riquezas desta ordem. Ele também salientou que o interesse norte-americano em 2008 nas riquezas sul-americanas eram impedidos pelos governos eleitos na época.

"Existe uma coisa que não muda: a necessidade de matéria-prima para que a sociedade possa sobreviver. Água, comida, energia, ar, a Europa não tem mais para onde crescer sua capacidade de produção de alimento, os Estados Unidos produzem para eles mesmos, a China em larga medida, a África tem pouca coisa para crescer em termos de produção de alimento. Onde é que está o futuro de boa parte de sobrevivência da humanidade? Nós temos 26% da água doce do planeta no Brasil, nós temos a Amazônia, o pré-sal é a maior descoberta de petróleo do século, e junto com a Venezuela, que tem a maior reserva de petróleo do planeta, nós temos 500 bilhões de barris de petróleo, alteramos a geopolítica do controle do petróleo para os próximos 30, 40, e talvez 50 anos no mundo. Em meio a esse processo de reorganização de processo do capital que levou à crise de 2008 da bolha imobiliária dos Estados Unidos, olham para a América do Sul e para a América Latina e enxergam Cristina Kirchner na Argentina, Lula e Dilma no Brasil, Lugo no Paraguai, Evo Morales na Bolívia, Rafael Correa no Equador, Chávez na Venezuela, vários países na América Central com governos de esquerda e centro-esquerda, não cabe, não cabe esse novo projeto de reorganização do capitalismo que prevê o controle da matéria-prima e a abertura de novos capitais para uma onda de privatizações que passa por Saúde, Educação e Previdência em governos democráticos, eleitos de esquerda e centro-esquerda", afirmou.

Pimenta complementou dizendo que o processo de disputa de modelos de sociedade não é exclusivo do Brasil. "Ou a gente pensa isso e tenta enxergar o golpe em um contexto mais amplo ou, do meu ponto de vista, nós teremos dificuldade para entender os movimentos. Se nós olharmos o período que antecedeu os golpes na América Latina na década de 60 não foi um movimento que aconteceu em um ou outro país, a ditadura aconteceu no Brasil, na Argentina, no Uruguai, no Paraguai, no Chile. Quando nós vivemos o processo de redemocratização, de reabertura do capital diante de uma necessidade econômica do capitalismo não foi em um país. Esse processo que nós estamos vivendo hoje não é um processo do Brasil, nós estamos vivendo um processo de disputa de um modelo de sociedade e de reorganização do Estado para dar conta dessa sociedade que eles querem para reproduzirem seus interesses econômicos".

Desta forma Paulo Pimenta explicou como se deu a conjuntura do golpe contra a presidenta deposta Dilma Rousseff e sobre o projeto de poder encarnado na operação Lava Jato. "Essa forma mais sofisticada de disputa política também tem dificuldade de conviver com o liberalismo tradicional, com o liberalismo econômico porque a democracia representativa, esse negócio de eleição a cada quatro anos começa a ficar complicado. Então você vai tirando cada vez mais o papel da política e você vai repassando o papel de controle para outras instituições: poder Judiciário, Ministério Público, poder da mídia, agências reguladoras, a democracia vai sendo cada vez mais relegada, você tem que enfraquecer a política, os partidos, a democracia, para que surjam outros atores que deem estabilidade para o capital. O que nós enxergamos no Brasil? A vitória da Dilma foi a quarta vitória e já não aguentavam mais, já tinha descoberto o pré-sal, estavam loucos pela nossa Previdência que é um manancial de dinheiro que os bancos querem, o SUS não parava de crescer, nós ampliamos universidades, escolas técnicas, Institutos Federais, então é preciso tirar a Dilma, quebrar essa lógica, se não tira a Dilma vinha o Lula e ganhava mais duas eleições, consolidava um projeto. Por que estou dizendo isso? 

Porque tem gente que acha ainda que na Lava Jato tem coisa para ser aplaudida, não entende a Lava Jato como um projeto de poder. A Lava Jato é um projeto de poder, o Moro, Dallagnol, essa turma toda representam no Brasil o interesse do capital internacional, especialmente norte-americano, e que aceleraram a necessidade do golpe pela descoberta do pré-sal, pelo controle do petróleo. É por isso que eu me apavoro quando nós tivemos uma votação importante no Congresso essa semana e parte da esquerda vacila quando tem que enfrentar o lavajatismo. A Lava Jato é um projeto de poder e, sem ela, o Bolsonaro não seria presidente e o Moro não teria virado ministro da Justiça".

O deputado federal também comentou sobre o papel da comunicação na atualidade em um contexto de disputas políticas e de narrativas. 

"Companheiros e companheiras, como é que entra a questão da comunicação nisso tudo? Se é verdade que a comunicação assumiu um papel preponderante, decisivo na disputa política, na disputa das narrativas, não tem nada mais importante que a gente possa fazer nesse momento do que pensar uma estratégia independente para construir a nossa narrativa, para construir a nossa visão a respeito das coisas que estão acontecendo, isso não é uma tarefa simples, isso é uma tarefa bastante complexa".

O parlamentar complementou contando uma explanação do biógrafo do ex-presidente cubano Fidel Castro, Ignacio Ramonet, na qual ele cita como disputa central da atualidade a disputa pelo ciberespaço. 

"Na semana anterior ao presidente Lula ser preso ele fez uma reunião do Conselho Político, foi lá em São Bernardo do Campo na Confederação Nacional dos Metalúrgicos, eu estava na reunião e o Fernando Moraes levou naquela reunião o biógrafo do Fidel Castro, o francês Ignacio Ramonet, ele fez uma fala que, na época, fiquei com aquela coisa na cabeça. Ele disse que a humanidade, desde os tempos imemoriais sempre conviveu com a necessidade de conseguir controlar as forças da natureza,a terra, o fogo, o ar, por exemplo, os exércitos surgiram para controlar territórios, quando surgiram as grandes navegações as marinhas começaram, a aeronáutica como arma de guerra surgiu na Segunda Guerra Mundial quando os aviões começaram a serem utilizados como arma de guerra, os bombeiros, historicamente, são uma tentativa de controlar a força do fogo. Mas o grande investimento hoje no mundo não é no exército, não é na marinha, não é na aeronáutica, não é nos bombeiros, é no ciberespaço, são os satélites, o controle da comunicação, é por meio dele que nós somos levados a uma situação como essa que nós estamos vivendo hoje no Brasil".247

Sobre o autor

Adicione aqui uma descrição do dono do blog ou do postador do blog ok

0 comentários:

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
.
Voltar ao topo ↑
RECEBA NOSSAS ATUALIZAÇÕES

© 2013 IpuemFoco - Rádialista Rogério Palhano - Desenvolvido Por - LuizHeenriquee