Aliança política também é feita de gambiarra. É o que se vê agora, por exemplo. Eunício Oliveira (MDB) diz que sim, Ciro Gomes (PDT) diz que não e Cid (PDT) fala que talvez, quem sabe, na frente a gente conversa etc.A cizânia, claro, é eleição. Cabe um emedebista na chapa de Cid e Ciro? O ex-governador tem sugerido que a presença do presidente do Senado é tóxica à candidatura presidencial do irmão, hoje prioridade para o grupo no Estado.
De fato. Cid tem razão. Estrategicamente, é disparatada qualquer hipótese de coligação com um partido que apoiou o que Ciro vem trovejando aos quatro ventos como “golpe”, ou seja, o impeachment de Dilma Rousseff. E Ciro tem sido até desinteligente nesse ponto, reiterando esse discurso num momento em que até o PT já deixou de lado a narrativa golpista e Lula costura dobradinhas em estados do Nordeste com parlamentares da legenda que deram sustentação crucial à derrubada da petista.
Para Ciro, todavia, é interessante manter certo escrúpulo, como a dar a entender que ele, sim, é homem de esquerda, o que o ajuda a vender-se como oposição a Michel Temer (MDB) e a estabelecer conexões com siglas como PSB e PCdoB. É inteligente como tática eleitoral.
E aí vem Eunício melar os planos ciristas. Que fazer, então? O grupo dos Ferreira Gomes acha que encontrou uma saída ideal: que tal se, oficialmente, afirmarmos que não há aliança com o MDB, mas, extraoficialmente, abrirmos espaço para que o governador Camilo Santana (PT) se encarregue de jogar sozinho a água no moinho eunicista?
Também parece uma estratégia inteligente. Apenas parece. Para dar certo, depende de uma combinação de variáveis que incluem o PT, a oposição e, último caso, os eleitores. Num estado majoritariamente lulista como o Ceará, a quem caberá carregar o ônus de pedir votos para Eunício?
A Coluna Política, assinada nesta quarta-feira, no O POVO, pelo jornalista Henrique Araújo.(Foto – Iana Soares)
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