Na opinião de dois em cada três brasileiros, os direitos humanos defendem mais os criminosos que suas vítimas. Os dados são de uma pesquisa inédita do instituto Ipsos, obtida pela BBC Brasil.
Embora 63% se digam genericamente "a favor" dos direitos humanos, 21% se manifestam contrariamente à mera existência deles. As conclusões estão na edição 157 da pesquisa Pulso Brasil . O Ipsos entrevistou presencialmente 1,2 mil pessoas em 72 municípios nas cinco regiões brasileiras - as entrevistas foram feitas entre os dias 1º e 15 de abril.
A pesquisa também revela um desconhecimento sobre a real aplicação dos direitos humanos no país. Enquanto 94% dos que responderam afirmaram já terem ouvido falar sobre eles, 50% admitem que gostariam de conhecer melhor a questão.
Numa pergunta para resposta espontânea (quando o entrevistador não dá alternativas pré-estabelecidas), 21% dos entrevistados disseram que os direitos humanos significam "igualdade de direitos" ou de tratamento para ricos e pobres, brancos e negros, etc. Logo atrás, para 20%, o conceito se refere a direitos de criminosos ou bandidos.
Em outra pergunta, desta vez com alternativas pré-definidas, a maioria (56%) disse que "os bandidos" são os maiores beneficiados pelos direitos humanos. Outros 9% responderam "os mais ricos" e só 9% citaram "toda a sociedade brasileira".
Para Maristela Basso, professora de Direito Internacional na Universidade de São Paulo (USP), a percepção brasileira de que as garantias mínimas servem para "defender bandidos" provavelmente tem origem nos primeiros grupos a trabalhar a favor da questão: as comissões de direitos humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) nos Estados, especialmente nos anos finais da ditadura militar (1964-1985).
"Eram grupos que se apresentavam como defensores da dignidade e do devido processo legal para todos, inclusive para os presidiários, e aí ficou essa ideia de que são pessoas que defendem bandidos", diz ela.
Basso defende que o tema seja tratado nas escolas e nas famílias, para garantir que crianças e adolescentes saibam do que se trata. "Negar direitos humanos aos presos ou a qualquer outra pessoa não te torna mais protegido, pelo contrário. Quem nega os direitos humanos está desprotegendo a si próprio. Um dia, você ou uma pessoa próxima pode ter os próprios direitos ameaçados."
Estado não garante os direitos da populaçãoO levantamento do Ipsos mostra, ainda, que os brasileiros percebem a fragilidade do Estado na hora de fazer valer os direitos dos cidadãos: para 66%, o governo brasileiro não garante integralmente os direitos humanos da população.
Outros 54% concordam com a afirmação de que "os direitos humanos não defendem pessoas como eu" - o que a rigor é falso, já que os direitos humanos, ao menos em tese, se aplicam a todas as pessoas.PORTALTERRA
Para Maristela Basso, professora de Direito Internacional na Universidade de São Paulo (USP), a percepção brasileira de que as garantias mínimas servem para "defender bandidos" provavelmente tem origem nos primeiros grupos a trabalhar a favor da questão: as comissões de direitos humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) nos Estados, especialmente nos anos finais da ditadura militar (1964-1985).
"Eram grupos que se apresentavam como defensores da dignidade e do devido processo legal para todos, inclusive para os presidiários, e aí ficou essa ideia de que são pessoas que defendem bandidos", diz ela.
Basso defende que o tema seja tratado nas escolas e nas famílias, para garantir que crianças e adolescentes saibam do que se trata. "Negar direitos humanos aos presos ou a qualquer outra pessoa não te torna mais protegido, pelo contrário. Quem nega os direitos humanos está desprotegendo a si próprio. Um dia, você ou uma pessoa próxima pode ter os próprios direitos ameaçados."
Estado não garante os direitos da populaçãoO levantamento do Ipsos mostra, ainda, que os brasileiros percebem a fragilidade do Estado na hora de fazer valer os direitos dos cidadãos: para 66%, o governo brasileiro não garante integralmente os direitos humanos da população.
Outros 54% concordam com a afirmação de que "os direitos humanos não defendem pessoas como eu" - o que a rigor é falso, já que os direitos humanos, ao menos em tese, se aplicam a todas as pessoas.PORTALTERRA
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