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quinta-feira, 18 de junho de 2015

PAES DE ANDRADE,O CEARENSE QUE TRANSFORMOU MOMBAÇA EM ''BRASILIA POR UM DIA''

Por ipuemfoco   Postado  quinta-feira, junho 18, 2015   Sem Comentários


Numa das 11 vezes em que assumiu a presidência da República, em 1989, o cearense transferiu a gestão para Mombaça, sua cidade-natal.


Em 25 de fevereiro de 1989, pousava na cidade de Mombaça, a 305 quilômetros de Fortaleza, uma comitiva da Presidência da República. Na tripulação, políticos, ministros e o cearense Antônio Paes de Andrade, que morreu nesta quarta-feira (17), por falência múltipla de órgãos, aos 88 anos. 

Então presidente da Câmara Federal, essa era uma das 11 vezes em que ele assumiu a presidência do país interinamente após viagens de José Sarney. Naquele dia, porém, o cearense aproveitou para realizar os trabalhos de gestão em sua cidade-natal, num episódio que ficou conhecido como “República de Mombaça”.

“Numa época onde o preconceito contra o nordestino era ainda muito forte, Paes de Andrade quis mostrar a força que tinha a sua terra. Isso incomodou muita gente, a nível nacional, sobretudo pela ousadia de transferir a capital federal para uma cidade do interior do Nordeste, mesmo que por um dia”, explica Francisco Moreira Ribeiro, professor de Ciências Políticas da Universidade de Fortaleza.

“Paes de Andrade quis mostrar a força que tinha a sua terra. Isso incomodou muita gente, sobretudo pela ousadia de transferir a capital federal para uma cidade do interior do Nordeste”. (Francisco Moreira Ribeiro, cientista político)

Naquele dia, houve uma preparação especial da cidade para receber o “filho que retornava”. O cargo de presidente da Câmara permite que, na ausência do presidente da República, o político em questão exerça a presidência, já que é o segundo na linha de substituição, logo depois do vice-presidente da República. Na época, Sarney assumiu o poder diante da morte de Tancredo Neves, recém-eleito.

Na véspera de chegada da comitiva a Mombaça, uma forte ventania derrubou uma das torres da extinta Teleceará, o que impediu a comunicação via telefone para a cidade por alguns dias. Isso fez com que os jornalistas de fora, que tentavam buscar informações, fossem a cidades próximas para repassar as notícias da visita, gerando distorções sobre o real propósito da ida da comitiva presidencial ao Ceará.

A visita ao Ceará foi para a assinatura de projetos hídricos, como a construção do açude Serafim Dias, que atende além de Mombaça cidades vizinhas. Francisco Moreira destaca que as críticas nacionais giravam em torno dos gastos da viagem, que foram considerados “desnecessários” pela oposição. O ex-presidente da Câmara foi responsável ainda pela sanção do açude Castanhão, o maior açude público para múltiplos usos do Brasil, localizado em Alto Santo.

De acordo com o historiador Airton de Farias, um dos principais marcos do político foi sua luta contra a ditadura. “Paes Andrade foi um dos defensores do movimento de luta política contra o regime militar, assim como auxiliou na elaboração da constituição vigente. Além de lançar vários políticos que auxiliaram no desenvolvimento do Estado”.

Políticos lamentam perda

Em nota, o deputado estadual Zezinho Albuquerque, presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, lamentou o falecimento do político. “Nome de reconhecido espírito público, prestou grandes serviços ao Ceará e ao País desde a década de 1950. Sua luta pela retomada da democracia no Brasil e a trajetória que se confunde com a do próprio Poder Legislativo são dignas de reconhecimento. Que Deus dê conforto aos familiares e aos amigos neste momento difícil”.

O senador Eunício Oliveira (PMDB), genro de Paes Andrade, enfatizou a questão da honra atribuída ao sogro. “O legado de Paes Andrade, para mim, está sintetizado em uma frase que um dia ouvi falar: ‘O que eu vou deixar para meus netos e meus filhos são as minhas mãos limpas e a minha honra'”.

“O que eu vou deixar para meus netos e meus filhos são as minhas mãos limpas e a minha honra”. (Paes de Andrade)

Vida na política

Nascido em Mombaça, filho de José Alves de Castro e Raimunda Paes de Andrade, era casado com Zilda Maria Martins Rodrigues de Andrade, com quem teve quatro filhos. Foi eleito deputado estadual no Ceará pelo PSD em 1950, e mais três vezes, em 1954, 1958 e 1962. Foi deputado federal em 1963, sendo reeleito em 1966.

Foi eleito presidente da Câmara dos Deputados de fevereiro de 1989 a 1991. Em 1989, assumiu a Presidência da República por 11 vezes. Foi membro da Assembleia Nacional Constituinte, responsável pela Constituição Federal de 1988. Fundou o MDB, que mais tarde se tornaria PMDB. Foi embaixador do Brasil em Portugal de 2003 a 2007.

O sepultamento do ex-presidente da Câmara será em Brasília, nesta quinta-feira (18), às 9h, após homenagem na Câmara dos Deputados. O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), decretou luto oficial por três dias no Ceará.
Por Marianna Gomes/TRIBUNADOCEARÁ

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