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terça-feira, 5 de maio de 2015

SERTÃO CEARENSE;AGRICULTORES AMARGAM PERDAS ENTRE 80% E 90% DA SAFRA DE MILHO E FEIJÃO

Por ipuemfoco   Postado  terça-feira, maio 05, 2015   Sem Comentários


As chuvas abaixo da média no trimestre de fevereiro a abril devastaram o plantio das tradicionais culturas de milho e feijão, no sertão cearense.
O quadro é pior do que o registrado em 2014. Os agricultores estão desolados. Na região Centro-Sul, os produtores estimam perda entre 80% e 90%. Há casos de frustração total da safra. O governo, por enquanto, evita falar sobre índices de queda das culturas e prefere aguardar o fim da quadra chuvosa, neste mês de maio.

A região do distrito de Alencar, zona rural deste município, é um retrato do que vem ocorrendo na maioria das áreas agrícolas do sertão cearense. O plantio de sequeiro (aquele que depende exclusivamente da chuva) ainda permanece verde, mas o milho não desenvolveu a espiga, e o feijão, a vagem. Não há grãos em crescimento. É o típico quadro de seca verde. As chuvas vieram fracas e irregulares. A esperança dos agricultores se foi.

"Neste ano perdi tudo", disse o agricultor Antônio Clóvis da Silva, 74, que faz questão de mostrar as duas roças de milho e feijão, na Vila União, zona rural de Alencar. "Plantei de teimoso". Desde os oito anos de idade, que Clóvis da Silva trabalha na agricultura. Começou cedo, com o pai. "Não sei fazer outra coisa". Aposentado, não fica parado. "Dá impaciência".

A lagarta cortou parte das folhas de milho. "O pendão veio, mas não saiu a boneca", mostra o produtor José Custódio Vicente. "Quando tem espiga, não tem grão". Ele explica porque o plantio está verde e perdido. "A chuva é fina, chove de noite e no dia seguinte a terra já está seca".

O agricultor Antônio Moreira Filho mostra na roça o plantio de milho que está se perdendo. A mulher, Maria de Fátima, acompanha, mas logo desiste. "Não gosto de olhar". Quem plantou em fevereiro ainda consegue colher alguma coisa, mas, quem fez o cultivo mais tarde, perdeu a safra. "Esperei pelo trator da Prefeitura, que demorou a chegar", contou Clóvis da Silva.

Na localidade de Gadelha, o agricultor Pedro Ferreira tomou uma decisão brusca, neste fim de semana. Colocou o gado dentro da roça de milho. "Não deu nada. Só serve para ração. Perdi todo o trabalho".

Na região, a maioria faz o cultivo no sistema de arrendamento, em que parte da lavoura é entregue ao dono da terra. Experiente, Clóvis da Silva, prevê: "Esse tipo de agricultura vai se acabar. Só tem prejuízo. As chuvas são irregulares, os jovens não querem mais trabalhar e sai mais barato comprar milho e feijão do que plantar".

Em Várzea Alegre, no ano passado, choveu cerca de 800 mm na maioria das áreas agrícolas. Neste ano, a pluviometria caiu pela metade. Resultado: o plantio de milho se perdeu. "Quem plantou feijão em terras de várzeas, próprias de arroz, ainda vai colher alguma coisa", disse o secretário de Desenvolvimento Agrário e Econômico, André Fiúza. Em decorrência do quadro de seca, o município decretou situação de emergência.

No Sertão Central, nos municípios de Milhã, Solonópole, Deputado Irapuan Pinheiro, Piquet Carneiro e Senador Pompeu o quadro é de desolação entre os agricultores que fizeram o plantio das culturas tradicionais de sobrevivência. O cultivo foi reduzido. Cerca de 60%. "O plantio foi pouco e está se perdendo", disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Milhã, Mairton Batista. "Vai ser pior do que em 2014, sem produção e sem água". No mês passado, só houve duas chuvas.

A secretária de Política Agrícola do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Novo Oriente, Maria Luíza Gomes, disse que, em algumas regiões ainda há esperança, mas se chover logo. "Pouca gente plantou. Não há estímulo. Em Crateús já há algumas perdas. "A chuva é fina. Não molha a terra", observa o diretor do STR, Enoque Pinto.

Perda total

No município de Independência, sem chuva há mais de 15 dias, o plantio de milho obteve perda total, e o de feijão, 80%. "Quem plantou mais cedo (e foram poucos) ainda pode colher alguma coisa", disse a coordenadora do STR, Antônia Gomes.

O gerente regional da Ematerce em Iguatu, Joaquim Virgulino Neto, explicou que quinzenalmente é feito levantamento pelos escritórios da empresa sobre frustração de safra por cultura e por distrito, em cada município. "A gente sabe que tem muita coisa se perdendo, mas a divulgação só será feita após a quadra chuvosa", explicou. "É preciso aguardar o mês de maio".

O governo se mantém cauteloso, mas já começa orientar as prefeituras sobre o Garantia Safra, promovendo reuniões regionais. O diretor do STR de Iguatu, Evanilson Saraiva, afirmou que "a perda de milho chega a mais de 90%. O plantio em Iguatu, Orós e Quixelô está muito castigado por falta de água".

Cadastro Ambiental Rural foi prorrogado

Fortaleza. O titular da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), Ricardo Araújo, elogiou a decisão de prorrogar por um ano o prazo para os proprietários de imóveis rurais e posseiros para façam o Cadastro Ambiental Rural (CAR). O prazo deveria se encerrar hoje.

Ricardo Araújo disse que a medida, anunciada na tarde de ontem pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, vai melhor atender à demanda no Ceará, formada por cerca de 350 mil proprietários rurais, sendo que 200 mil se inserem na categoria de pequenos produtores rurais.

O CAR é um instrumento fundamental para auxiliar no processo de regularização ambiental de propriedades e posses rurais. Consiste no levantamento de informações georreferenciadas do imóvel, com delimitação das Áreas de Proteção Permanente (APP), Reserva Legal (RL), remanescentes de vegetação nativa, área rural consolidada, áreas de interesse social e de utilidade pública, com o objetivo de traçar um mapa digital a partir do qual são calculados os valores das áreas para diagnóstico ambiental em todo o País.

Ferramenta importante para auxiliar no planejamento do imóvel rural e na recuperação de áreas degradadas, o CAR fomenta a formação de corredores ecológicos e a conservação dos demais recursos naturais, contribuindo para a melhoria da qualidade ambiental, utilizado pelos governos estaduais e federal. A regularização ambiental é executada de acordo com a Lei Nº 12.651 (novo Código Florestal).
DN

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