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segunda-feira, 24 de novembro de 2014

OS NOVOS MINISTROS E A HESITAÇÃO DA PRESIDENTE

Por ipuemfoco   Postado  segunda-feira, novembro 24, 2014   Sem Comentários

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Uma grande frustração tomou conta do mercado financeiro e dos círculos empresariais na sexta-feira 21. Até as 16h30, era dado como certo o anúncio dos principais integrantes da equipe que vai conduzir a economia brasileira no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. 

Durante a semana, o governo vazou nomes que seriam os titulares desses cargos e, até o meio da tarde da sexta-feira, tudo parecia pronto para a apresentação dos escolhidos. Segundo especulações sopradas de dentro do próprio Palácio do Planalto, o ministro da Fazenda seria o presidente do Bradesco Asset Management, Joaquim Levy. 

Para o Ministério da Fazenda teria sido indicado o ex-secretário-executivo da pasta Nelson Barbosa. O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, manteria-se no cargo e o senador Armando Monteiro assumiria o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

O cerimonial da Presidência até já havia preparado o parlatório do setor Leste do Planalto para a confirmação oficial dos nomes. No meio da tarde, no entanto, o Palácio do Planalto avisou que o anúncio seria adiado para o início da semana. 

Para se ter uma ideia do impacto do vaivém da presidente, a expectativa de nomeação do quarteto havia provocado grande movimentação no mercado financeiro, com queda acentuada do dólar em relação ao real e uma alta expressiva da Bovespa.

A desistência de divulgação dos nomes da equipe econômica reforçou uma característica negativa cada vez mais evidente na presidente da República: a hesitação. A escolha dos titulares da área era esperada para logo depois da reeleição da presidente, há três semanas, o que permitiria a Dilma participar da reunião dos países do G-20 na Austrália, nos dias 15 e 16 de novembro, já com o titular da Fazenda definido. Mas isso não aconteceu. 

Depois de regressar a Brasília na segunda-feira 17, a presidente fracassou na primeira tentativa de preencher o cargo. Uma reunião de Dilma com o presidente do Conselho de Administração do Bradesco, Lázaro Brandão, parecia ter acertado a escolha do presidente do banco, Luiz Carlos Trabuco, mas surpreendentemente ele não aceitou. 

A negativa de Trabuco expôs publicamente a presidente da República e mostrou mais uma vez a fragilidade da articulação política do governo. O nome de Joaquim Levy surgiu, então, como a opção mais palatável a Dilma e ao mercado financeiro, apesar da resistência da esquerda do PT, que sempre o considerou ortodoxo demais, desde os tempos em que ocupou o cargo de secretário do Tesouro Nacional de Lula.
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A maneira claudicante de Dilma operar se revelou também em relação à definição dos demais nomes do primeiro escalão federal. Depois de rechaçar a redução do número de ministério, hoje formado por cerca de 40 pastas – um evidente exagero –, a presidente não desfez o nó da composição política de sua equipe. 

Presa ao loteamento de cargos exigidos pelos partidos aliados, ela não consegue fazer deslanchar a reforma ministerial. Enquanto os novos titulares não são escolhidos, as especulações apontam alternativas que certamente não vão resolver os graves problemas do País. Um exemplo é a possibilidade do governador da Bahia, Jaques Wagner, para a presidência da Petrobras, no lugar da desgastada Graça Foster. 

A grave crise vivida pela estatal em função das denúncias de corrupção investigadas pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, certamente não terá solução sob o comando de um político. O rateio das diretorias entre os partidos nos 12 anos de governo petista está na raiz dos desvios bilionários da Petrobras.

Se confirmado nesta semana, como tudo indica que acontecerá, segundo fontes do governo, o engenheiro naval Joaquim Levy, 53 anos, chega ao comando do Ministério da Fazenda com a chancela do mercado financeiro para promover os ajustes necessários na economia para que o País, enfim, retome o crescimento. 

Levy ganhou notoriedade em Brasília no primeiro governo Lula, quando, subordinado ao então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, ocupou o cargo de secretário do Tesouro Nacional. Por ser remanescente da equipe do antecessor, o tucano Fernando Henrique Cardoso, Levy se tornou alvo de setores do PT insatisfeitos com a condução da economia na gestão ortodoxa de Palocci no Ministério da Fazenda. 

A economista e histórica petista Maria da Conceição Tavares costuma se referir a Levy como “o papalvo de Palocci” e “filho do FMI”. Nos tempos de FHC, ele foi secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda e economista-chefe do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Depois que saiu do ministério, em 2006, ele passou pelo Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID) e ocupou o cargo de secretário de Fazenda do Estado do Rio de Janeiro no governo de Sérgio Cabral. Desde 2013, é presidente da Bradesco Asset Management.
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Já Nelson Barbosa, cotado para o Planejamento, apesar de ter deixado a secretaria executiva do Ministério da Fazenda em 2013 em meio a um suposto atrito com Guido Mantega, é um dos colaboradores mais atuantes do programa econômico de Dilma Rousseff. 

Os petistas lhe rendem elogios por ele ter tido papel importante no governo Lula durante a preparação das políticas que ajudaram o Brasil a atravessar os primeiros anos da crise mundial de 2008 e 2009. Na época, ele era secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Depois, ajudou na formatação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do programa Minha Casa, Minha Vida, quando ganhou a confiança da presidente. 

“São dois grandes nomes. Joaquim Levy já deu provas de que é competente para promover o ajuste das contas públicas. E Nelson Barbosa reúne sensibilidade social, com o intuito de inserir uma parcela da população num outro patamar de vida, com indução do crescimento econômico”, afirma Alexandre Sampaio, presidente da Federação Nacional de Hospedagem e Alimentação.

Dilma também tem na mais alta conta o provável terceiro nome que, ao lado de Levy e Barbosa, irá comandar a economia no segundo mandato. Trata-se do atual presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Sua permanência no posto, porém, é vista como “mais do mesmo” pelo mercado por representar um BC dócil ao Planalto. Funcionário de carreira do banco, o gaúcho Tombini tem graduação em Economia pela Universidade de Brasília (UnB) e é Ph.D. pela Universidade de Illinois, nos Estados Unidos. Entre 2001 e 2005, Tombini foi assessor do Fundo Monetário Internacional (FMI). 

No final de 2010, a então presidente eleita Dilma Rousseff o escolheu para suceder Henrique Meirelles na presidência do BC. Antes de chegar ao topo, ele ocupou vários cargos de direção na instituição. A principal característica dele nestes quatro anos foi a aquiescência com as diretrizes de Dilma para a economia.

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