O executivo Julio Camargo, que fez um acordo de delação premiada com procuradores que investigam desvios na Petrobras, doou R$ 6,7 milhões a 13 partidos entre
2006 e 2014. O partido que mais recebeu foi o PT, com R$ 2,56 milhões, o equivalente a 38% do total repassado.
As doações foram feitas pelo proprio Camargo, executivo da Toyo-Setal, ou por empresas das quais ele era socio.
Foram beneficiados os senadores Marta Suplicy (SP), Lindbergh Farias (RJ) e Delcdio do Amaral (MS) e o deputado Adriano Diogo (SP).
O segundo partido no ranking de doações, o PR, recebeu R$ 2,49 milhões (36,9%), com uma concentração de R$ 2 milhões na campanha de Jose Roberto Arruda, que foi candidato ao governo do Distrito Federal neste ano, mas desistiu em setembro ultimo, quando foi considerado ficha-suja pela Justiça.
Os R$ 2 milhões foram doados pela Toyo-Setal.
O restante das doações só pulverizadas e em valores menores. O PMDB, por exemplo, foi agraciado com R$ 475 mil –7% do total.
A maioria das doações foi feita a siglas da base aliada do governo, mas há tambem três partidos da oposição beneficiados –PSDB, PV e PPS. Os repasses foram feitos para a campanha de candidatos desses partidos.
MULTA DE R$ 40 MI
Camargo diretor da Toyo-Setal, empresa que tem contratos de cerca de R$ 4 bilheõs com a Petrobras, e o primeiro executivo das grandes empresas a fazer um acordo de delação para obter uma pena menor. Além de prometer contar o que sabe sobre o esquema de desvios, ele pagar multa de R$ 40 milhões.
Camargo investigado sob suspeita de pagar propina para conseguir obras da Petrobras. Três empresas controladas por Camargo (Auguri, Piemonte e Treviso) fizeram depsitos de R$ 13,4 milhes GFD Investimentos, firma de fachada do doleiro Alberto Youssef. Procuradores consideram que todos os depositos feitos GFD eram repasse de propina, ja que a empresa não tinha atividade.
Tanto o doleiro quanto Costa tambem fizeram acordos de delação. Youssef disse num desses depoimentos que doações legais a partidos eram uma forma que os fornecedores da Petrobras recorriam para obter contratos da estatal sem violar a lei.
Nos interrogatorios da delação, Camargo contou que Renato Duque, que ocupou a diretoria de serviços da Petrobras entre 2003 e 2012, recebeu propina fora do país. Duque foi indicado ao cargo pelo ex-ministro José Dirceu.
O nome de Duque já havia sido mencionado pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa em interrogatorio na Justiça. O ex-diretor afirmou que o PT ficava com 3% do valor liquido dos contratos da diretoria de Duque.
O ex-diretor nega que tenha cometidos crimes e informa que processou Costa.
A assessoria do PT diz que todas as doações ao partido são legais e declaradas àJustiça. O PR não quis se pronunciar. A advogada de Camargo, Beatriz Catta Preta, também não quis se manifestar.FOLHA
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