Questionar o desempenho daqueles que nos representam deve ser um costume cultivado em qualquer sociedade democrática.
O fortalecimento dos Tribunais de Contas, a consolidação das Ouvidorias ou mesmo a pressão das ruas são elementos da vida republicana cujo objetivo é reafirmar o controle da esfera da cidadania sobre as instituições do Estado.
Em outras palavras, todos aqueles que desempenham funções de interesse público devem ter seu trabalho fiscalizado.
Nesse sentido, verifica-se que as críticas ao Jornalismo – atividade que também reivindica representar os cidadãos – têm se tornado mais agudas e frequentes nos últimos anos.
A cada nova denúncia ou agitação no mundo político, há argumentos prontos a detratar o papel da imprensa como mediadora autorizada das informações.
Por um lado, quando a notícia desagrada, as reclamações começam pelas ressalvas ao profissional que escreveu a matéria, chegam ao jornal, à revista ou à emissora e, por fim, alcançam os governos que anunciam nos órgãos de comunicação.
Por outro lado, se a denúncia não é feita, acusa-se a imprensa de ser conivente com o poder. Enfim, mais do que versões de um mesmo acontecimento, o Jornalismo revela um mundo de insatisfeitos – aliás, insatisfeitos de ocasião, pois, quando o escândalo se refere ao meu adversário, sou todo aplausos.
Na verdade, é preciso compreender que suspeitar do trabalho dos profissionais da imprensa deve ser visto como algo natural e até positivo. Por exemplo, é legítimo perguntar: se um jornalista – que não foi eleito pelos cidadãos – tem o poder de pressionar um governador ou um deputado, por qual motivo não poderia ser contestado quanto aos seus métodos de trabalho sem apelar para a ideia de “censura”?
Se falta maturidade às análises mais engajadas e apocalípticas, que se apressam em acusar de maléfica a atuação da imprensa quando esta não elogia determinadas preferências, faltam aos que praticam um Jornalismo sério mais humildade para reconhecer os próprios erros e coragem para promover um debate sobre os limites de sua própria atuação.PROFESSOR JAMIL MARQUES
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