"O clima não está para festa", resume um importante assessor palaciano diante da agenda negativa das últimas semanas. Desta forma, o 1º de Maio, que costumava ser uma celebração entre centrais sindicais e autoridades para comemorar as conquistas dos trabalhadores, acontecerá sem a participação da presidente Dilma Rousseff e sem o anúncio de atendimento de algumas das 12 benfeitorias reivindicadas ao Palácio do Planalto ao fim da marcha promovida em Brasília no mês passado.
Dilma voltará a se apresentar em cadeia nacional de rádio e televisão, pela terceira vez este ano, mas não terá grandes novidades para anunciar. Ainda na tarde de segunda-feira ela se reuniu mais uma vez com o ministro Guido Mantega para acertar a pauta do pronunciamento , mas os principais temas se resumem à geração de empregos e aumento da renda dos trabalhadores, as grandes conquistas dos trabalhadores nestes dez anos de governos do PT.
Dilma pode falar também de subsídios para a compra de eletrodomésticos no programa Minha Casa Minha Vida e a possível redução de tarifas do serviço público de transportes com a redução de impostos para o setor, além de falar na regulamentação dos direitos trabalhistas dos empregados domésticos, medida já anunciada semanas atrás.
As notícias levadas por Mantega à presidente em sua rotineira reunião de começo de semana não eram animadoras: no primeiro trimestre deste ano, a poupança do governo caiu 41%, indicando que a desoneração fiscal não foi acompanhada por novos investimentos. Com o fraco crescimento e a queda dos impostos a receita teve uma queda de 0,5% e as despesas subiram 11,5%.
Se não chegam notícias boas da área econômica, da mesma forma acumulam-se as pendências políticas nos embates entre Executivo, Legislativo e Judiciário, sem que o governo federal consiga mostrar protagonismo na articulação política capaz de serenar as relações entre os três poderes e retomar a iniciativa da agenda para este ano pré-eleitoral.
Ao contrário, enquanto a presidente Dilma era vaiada por produtores rurais em evento no Mato Grosso do Sul, em razão da demarcação de terras indígenas pela Funai, que agravaram a crise fundiária, quem assumia o comando das articulações eram os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara Federal, Henrique Alves, que foram à casa do ministro Gilmar Mendes para tratar das pendências entre Supremo e Congresso.
Outro detalhe mostrando que alguma coisa está fora de ordem e de lugar é que os dois representantes do Congresso Nacional foram à casa de Gilmar Mendes, como se o ministro do STF fosse o condestável da República, em lugar de se promover o encontro em gabinetes da Câmara ou do Senado.
Como tudo aconteceu a portas fechadas, só se ficou sabendo que os três terão nova reunião na próxima semana e que Gilmar Mendes mandará logo para o plenário a decisão sobre a criação de novos partidos, um projeto do Congresso que ele suspendeu com liminar na semana passada.
Em resumo, temos apenas três problemas sérios no momento: a articulação política travada, a economia emperrada e o ativismo do judiciário ocupando os espaços vazios. Enquanto isso, os pré-candidatos às eleições de 2014 continuam em campanha, sem que se veja no horizonte qualquer solução à vista para mudar este cenário.
Apesar de tudo, bom feriado a todos. A semana, como dizem meus amigos cariocas, praticamente acabou.blog Balaio do Kotscho
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