O ministro Joaquim Barbosa disse uma série de verdades sobre a vida política brasileira: que o Congresso é ineficiente, incapaz de deliberar, dominado pelo Executivo; que os partidos políticos "são de mentirinha", sem identificação com os eleitores, sem consistência ideológica e programática. Tudo certo - menos um ministro do Supremo, que deveria falar nos autos, proclamar sua opinião sobre tudo numa palestra para estudantes do Instituto Superior de Direito, em Brasília. E sua desculpa, de que não falou como ministro, mas como "acadêmico e universitário", é difícil de engolir: o cargo no Supremo não se despe junto com a toga.
Mas o pior não é o que Joaquim Barbosa falou (e que, vamos repetir, é verdade); o pior é o que ele preferiu calar. Não quis falar sobre a reportagem de O Estado de S.Paulo sobre gastos do Supremo com viagens de primeira classe para parentes de ministros. Nem sobre convites para que jornalistas acompanhem ministros ao Exterior e publiquem matérias sobre suas atividades. Nem sobre pagamento de viagens em períodos de recesso, ou para ministros em licença médica - como o próprio Barbosa, licenciado para tratamento de saúde, que viajou 19 vezes para Fortaleza, Rio, Salvador e São Paulo.
São gastos legais - passagens de primeira classe para parentes são pagas pelo Supremo quando sua presença na viagem for indispensável para o evento. Mas quando é indispensável essa presença, e por conta do contribuinte?
Boa pergunta. Mas Joaquim Barbosa disse, e com dureza, que não queria falar sobre o assunto.CARLOS BRICKMANN
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