QUEREMOS DEUS FOI UM GRANDE ENSAIO PARA JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE

A missa rezada pelo arcebispo de Fortaleza, dom José Antônio Tosi, foi o momento mais esperado pelos participantes do Queremos Deus, que teve como lema deste ano "Que ninguém te menospreze por ser jovem" 


A 24ª edição do Queremos Deus mais parecia um grande ensaio para o maior evento católico do País, a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) que acontecerá no Rio de Janeiro em julho. Milhares de cearenses são esperados. Tamanha é a ansiedade que a maioria deles já estampava no rosto uma prévia dessa emoção.

Apesar de todo um apelo pela presença da juventude, houve uma certa redução no público, se comparado com anos anteriores. A organização aguardava mais de 50 mil pessoas, entretanto, conforme a Polícia Militar, esse número mal passou de 31 mil. 

Consequência principal da dificuldade em acesso ao Condomínio Espiritual Uirapuru (CEU) por conta de obras na Avenida Alberto Craveiro e da lotação do Castelão em plena semifinal da Copa do Nordeste. A programação foi apressada, shows acelerados, tudo para que os dois eventos não se chocassem.

Congestionamentos foram registrados em vários pontos da Capital, sufoco na entrada e saída do ato religioso e também nos terminais de ônibus. A saturação se deu principalmente na rotatória do Castelão e proximidades de demais templos na áreas.

Foco

O mundo até podia cair lá fora, mas o estudante Hilton Alan Vasconcelos, 15, nem se dava conta. Com os olhos fechados e mãos unidas em oração, ele só pensava em Deus. Rezava, concentrado. "Gosto muito do Queremos Deus, me sinto em paz. É como se tudo girasse em torno da fé e da fraternidade. Não perco uma só edição", afirma. Na companhia de amigos, ele sentia frio na barriga, sabia que aquele sentimento se repetiria em julho.

"No Rio de Janeiro, durante a Jornada, a energia vai ser bem maior, imensa. Já estou até emocionado. Não vejo a hora de viajar logo. O mundo todo espera conhecer o novo papa lá na JMJ", conta. Será primeira "romaria" de Hilton, dias longe da família, curtindo as belezas do paraíso do Sudeste desse País.

Com o lema "Que ninguém te menospreze por ser jovem", os shows empolgaram não só os jovens. Todos, independentemente da idade, fizeram louvores, soltaram as vozes e se divertiram ao som de Diego Fernandes, Kelly Patrícia, dupla Italo e Reno e outros. Momento auge foi a presença do arcebispo de Fortaleza, dom José Antônio Tosi, que celebrou a missa final no CEU.

Mas, qual é o porquê da ênfase na juventude? Para Paulo Mindello, coordenador do Queremos Deus, essa é "maior aposta da Igreja Católica, principalmente neste ano". Na onda da JMJ, a Campanha da Fraternidade também faz um chamamento aos jovens. Em todos esses espaços, o anseio é de colocá-los como protagonistas da sociedade.

"Há um vazio muito grande no mundo e os jovens, principalmente eles, estão se perdendo na vida. A fé é um alento para todos, um chamamento para um novo modelo de vida", afirma.

O seminarista Diego Felix é jovem, apenas 20 anos. Mas já carrega nos ombros grande missão: servir a Deus. Abdicou da vida mundana e se enclausurou na fé. Alguma tristeza nisso? Pelo contrário, disse não se arrepender da escolha e que, assim, a "vida estava mais plena".

Aqueles meninos e meninas poderiam estar nas praias e shoppings, mas estavam orando, em grupos, sozinhos, organizados em comunidades ou na companhia da família.

Papa

Um assunto, entretanto, não poderia estar ausente, a renúncia do papa Bento XVI que, no próximo dia 28, abandonará a Basílica de São Pedro, no Vaticano. Uma multidão orou pela escolha do novo papa e para que, independentemente de qual seja, ele esteja presente na JMJ. Talvez a primeira viagem internacional desse representante da fé.