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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

ONDE ESTÁ O PROFESSOR?

Por .   Postado  segunda-feira, fevereiro 11, 2013   Sem Comentários


Alunos da Escola Municipal Mariano Alves de Carvalho, em Teresina (PI), terão atribuídas notas para a conclusão do ano escolar
Foto: DIVULGAÇÃO


No ano passado, todos os 117 alunos do 8º e 9º ano do ensino fundamental da Escola Municipal Mariano Alves de Carvalho, em Teresina, foram aprovados em Português. 





Em situações normais, a notícia seria digna de comemoração pelo sucesso escolar.

 Mas não foi o caso. A aprovação em massa se deu porque, por seis meses, eles ficaram sem o professor titular da disciplina. Em seu lugar, foram colocados estagiários, que começaram a faltar rotineiramente por causa de atraso nos seus salários. 

Ao todo, foram 65 aulas perdidas. Para não prejudicar os estudantes, que dependiam do diploma para se matricular em escolas de ensino médio, a solução foi aprová-los.

— Não podemos fazer provas porque não sabemos o conteúdo que não estudamos. Os prejuízos da falta dessas aulas, vamos perceber depois — afirmou Larissa Márcia, de 16 anos, aluna do 9º ano.
Casos como o da Escola Municipal Mariano Alves de Carvalho não são tão raros no Brasil. Um em cada três diretores de escola pública do ensino fundamental no país disse que sua escola enfrentava problemas com alto índice de professores que faltam ao serviço. 

Além disso, quase metade (48%) deles reclamou que faltaram profissionais para completar o quadro de professores em algumas disciplinas ao longo do ano. Os dados constam do questionário respondido em 2011 pelos dirigentes na Prova Brasil, exame do Ministério da Educação que avalia a qualidade da Educação, e foram compilados no site Qedu.org.br pela Fundação Lemann. São dados sobre dois tipos de casos: escolas em que há falta de professor; e professores que faltam ao trabalho.

— É uma taxa alta, de 33% (a média brasileira no caso de professores que faltam ao trabalho), principalmente se considerarmos que, em muitos casos, falta o professor substituto — avaliou Ernesto Martins Faria, coordenador de projetos da Fundação Lemann.

O estado onde os diretores mais reclamaram de alto índice de professores que faltam ao serviço foi São Paulo. 

Segundo Faria, um dos fatores que podem ajudar a explicar isso é que lá, tanto na capital quanto na rede estadual, mesmo com professores assíduos sendo contemplados com bônus salariais, as leis locais permitem que professores tenham faltas abonadas.

 No governo do estado, o funcionalismo pode ter seis faltas médicas, além de outros seis abonos de faltas injustificadas. Na capital, são dez abonos, uma prática que é comum também em outras redes pelo país.

Relação entre faltas e desempenho do aluno

A ausência de um professor pode não ter efeitos imediatos trágicos, como a falta de um médico a um plantão. Mas afeta o futuro de milhões de alunos. Estudo liderado pela pesquisadora Priscilla Albuquerque Tavares (FGV e Mackenzie) revela a correlação entre taxa de professores faltosos e desempenho dos alunos. 

O levantamento, feito com alunos do 5º ano e iniciado em 2009, mostra que, na Região Metropolitana de São Paulo, de cada dez dias a mais que um professor falta, a média da nota de Matemática dos alunos sofre uma queda de 5%.

Em casos extremos, como o da escola em Teresina, as faltas afetam toda a escola.

— Não aprendi nada. Foram seis meses em que saímos da sala de aula, ficamos sentados nos bancos, debaixo das árvores, e até perturbando os colegas das outras salas — contou Francisca Leila, de 17 anos, aluna do 9º ano.

A gerente de Ensino Fundamental da Secretaria de Educação de Teresina, Irene Lustosa, reconhece que o problema é grave. Ela afirma que o órgão criou um sistema de monitoramento da presença, e tem descoberto que a maioria dos professores alega problemas emocionais.

 Os faltosos respondem a processo administrativo. Segundo Irene, a tripla jornada de profissionais que dão aulas em várias escolas é outra causa.

— Os prejuízos são muito grandes. Alunos ociosos vão atrapalhar o clima organizacional porque, enquanto há turmas em aulas, há 30, 40 alunos ociosos nos corredores — reconhece Irene.

Em algumas cidades, as faltas chegam a comprometer quase metade do quadro docente. Em Taubaté, no interior de São Paulo, a situação é tão grave que a prefeitura abriu sindicância para apurar por que 800 dos 1,8 mil professores da rede pública estão em licença médica.

Diretores de escolas dizem que as faltas são mais comuns em escolas de periferia, que muitas vezes não são a primeira opção de docentes que acabaram de entrar no serviço público. Com dificuldade de conciliar horários, professores acabam escolhendo faltar na que está mais longe.

A Secretaria estadual de Educação de São Paulo informou que, ano passado, os professores tiveram 13% de faltas médicas, 9% de faltas justificadas, 2% de faltas injustificadas e 31% de faltas abonadas. O órgão disse também que, neste ano, foram contratados mais 10.360 professores. (Colaboraram Juraci Perboni e Gustavo Uribe). O GLOBO



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