Poucos gestores públicos do Brasil foram tão corajosos como tem sido Dilma Rousseff à frente da Presidência da República. Ao contrário da tradição política em voga, na qual o gestor faz inúmeras concessões de cargos e poder para manter os aliados próximos, Dilma cobra eficiência e postura ética, ejá puniu quem se envolveu com suspeitas de desvio de dinheiro público.
O caso do BNB é o mais emblemático até aqui. Alvo de inúmeras denúncias de irregularidades na concessão de empréstimos, o banco passa por uma reestruturação radical com a entrada do catarinense Ary Joel Lanzarin na Presidência. Funcionário de carreira do Banco do Brasil, Lanzarin não tem qualquer vínculo com o Nordeste nem com políticos da Região. Pelo contrário, é um ilustre desconhecido que chega com a missão de resgatar a credibilidade da instituição. Decisão que Dilma toma mesmo que isso signifique que seus aliados Cid Gomes (PSB) e José Guimarães (PT) percam a prerrogativa de indicar alguém para o cargo, privilégio garantido a políticos do Nordeste (e cearenses, em especial) desde que o banco foi criado, na década de 1950.
A escolha de Dilma deixou a política em segundo plano, o que não significa que ela vá perder apoios e ter sua base reduzida. O capital político que a presidente conseguiu acumular até aqui, com uma aprovação popular altíssima pelos seus atos moralizadores, permite que ela se arrisque e tome as decisões certas, sem medo de cara feia.
Contudo, esse tipo de atitude também só é possível diante de uma certa falta de prestígio dos personagens políticos em jogo – no caso, Cid Gomes. O governador não conseguiu manter seu poder frente ao banco e não tem conseguido boas notícias em relação a demandas novas e antigas. A refinaria da Petrobras foi adiada, o Estado não entrou no pacotão de infraestrutura rodoviária e ferroviária anunciado pela presidente, grandes obras que garantiriam um enorme salto econômico, como a transposição do rio São Francisco e a ferrovia Transnordestina, estão paradas, sem qualquer pressão aparente do Governo Federal para que sejam retomadas. O maior problema é que o Ceará inteiro perde com isso – tomara que a escolha do novo presidente do BNB também não signifique perdas para o Estado. O POVO.
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