ATO INSÓLITO.

A política é dinâmica, já dizia meu ex-colega de BNB e hoje ilustre ex-governador cearense Gonzaga Mota. Os maiores de 60 anos assistiram à acirrada disputa eleitoral entre PSD e UDN, viram Olavo Oliveira sair dos braços da UDN para o aconchego pessedista e são testemunhas da União pelo Ceará que acasalou Parsifal e Virgílio, Sarazate e Armando.


Mas a recente união Lula-Maluf vem causando perplexidade. Há quem atribua o fato à doença e subsequentes cirurgias do chefão petista, porém, anteriormente, Lula beijara a mão de Jáder Barbalho. No meu tempo de menino, em Viçosa, não havia peculato nem se falava em corrupção. Mas era tão grande o radicalismo político que se dizia: "se meu partido candidatar uma porca, eu voto nela..." Depois surgiram o adesismo e as célebres "viradas" como a de Valdery Uchoa, chamado pelo jornal "O Estado" de "trânsfuga que cometeu ato de felonia".

Walter Sá Cavalcanti publicou foto de Valdery, de cabeça para baixo. Essa de Lula abraçar Maluf - que o ex-presidente dizia merecer prisão perpétua - ninguém engole. Fato é que, a pouco e pouco, vê-se certa melhoria nos costumes políticos.

A transparência que nos proporciona o quarto poder - a imprensa - e a ação do Ministério Público, da OAB e de outros valorosos órgãos como esse movimento nacional pela moralização política, aqui capitaneado pelo Bispo-emérito D. Edmilson Cruz, poderão ensejar o declínio eleitoral dos corruptos e fichas sujas.

F. Silveira Souza
advogado e escritor