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domingo, 22 de julho de 2012

UM GOLPE CERTEIRO CONTRA AIDS

Por .   Postado  domingo, julho 22, 2012   Sem Comentários



Na semana passada, o governo dos Estados Unidos deu um passo inédito na escolha de novas armas para conter o HIV, vírus que causa a Aids. Na terça-feira 17, a agência americana que regula medicamentos, o FDA, autorizou, pela primeira vez, a venda de um medicamento para ser tomado de forma regular e continuada por pessoas saudáveis para protegê-las da infecção pelo vírus. O remédio, que se chama Truvada, acondiciona na mesma cápsula azul duas substâncias já usadas contra o HIV, o tenofovir e a emtricitabina. 

De acordo com o FDA, a droga pode ser receitada a indivíduos altamente vulneráveis ao risco de contrair o HIV por meio de atividade sexual. Pela ampla definição do órgão americano, portanto, estão incluídos trabalhadores do sexo, heterossexuais e homossexuais que têm múltiplos parceiros e companheiro não contaminado em casais nos quais um deles é soropositivo (chamados de casais discordantes). Nos casos em que a seguradora de saúde não assumir o pagamento do remédio, o interessado em tomá-lo precisará desembolsar cerca de US$ 12 mil por ano.
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PREVENÇÃO
O publicitário Danilo participou dos testes com o Truvada no Brasil
Fabricado pelo laboratório Gilead Sciences, na Califórnia, o Truvada já é usado em 93 países como um dos componentes do coquetel de medicamentos dado aos pacientes. A decisão de disponibilizá-lo a pessoas não infectadas foi tomada com base nas conclusões de quatro testes internacionais. O primeiro desses estudos, cujos resultados foram publicados em 2010 pelo “The New England Journal of Medicine” – prestigiada publicação científica –, avaliou o desempenho da medicação entre 2.499 homens que fazem sexo com homens, distribuídos em seis países. O estudo teve a participação de 11 instituições de pesquisa. Entre elas a Unidade de Pesquisa Clínica de São Paulo, ligada à Universidade de São Paulo. O publicitário paulistano Danilo Poveza, 31 anos, foi um dos recrutados. “Achei importante participar”, conta. Homossexual e soronegativo, Danilo tomou a medicação todos os dias por um ano.
Nesse trabalho, ficou demonstrado que o nível de proteção oferecido pela droga variou de 43% a 73%. Outros dois estudos mostraram níveis de proteção similares. O quarto, realizado com mulheres no continente africano, foi interrompido por causa dos resultados ruins e da baixíssima adesão ao tratamento. Os trabalhos foram feitos de forma independente do fabricante do remédio. Receberam patrocínio de entidades como a Fundação Bill e Melinda Gates e do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos.
A decisão americana causou impacto. As autoridades da saúde da França, por exemplo, pretendem aguardar novos estudos antes de adotar a estratégia. No Brasil, onde o remédio está aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, mas nem sequer integra o coquetel distribuído na rede pública, a posição do governo foi de cautela. “Mesmo que três estudos tenham mostrado bons resultados em populações expostas a alto risco de infecção pelo HIV, ainda há muitas incertezas quanto à sua utilização na vida real”, disse o infectologista Dirceu Greco, diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde. Isso quer dizer, portanto, que por aqui ainda não se sabe se o Truvada será oferecido, seja como tratamento, seja como preventivo.

Até agora, o que existia para conter o vírus era aplicado depois que a pessoa já havia tido contato com ele. Nesses casos, o indivíduo tem até 72 horas após ter se exposto ao risco para começar a receber o coquetel com medicações contra o vírus – o mesmo usado pelos pacientes. Os remédios devem ser tomados por quatro semanas. Por isso, entre os médicos e outros profissionais que atuam no combate à doença, é consenso que, do ponto de vista científico, a aprovação do Truvada como recurso de prevenção deve ser comemorada. “Ele amplia os recursos para prevenir a disseminação do HIV”, afirmou o infectologista Esper Kallás, da Universidade de São Paulo. O médico participou do primeiro estudo com o remédio e agora está concluindo novas análises sobre sua ação. “Estamos observando que os voluntários do estudo que apresentavam quantidade do remédio detectável no sangue, o que significa que tomavam a medicação corretamente, chegaram a ter até 93% de proteção.”

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