Os diretores dos institutos de pesquisa são unânimes em dizer que esta eleição é completamente atípica e pode ensejar os prognósticos mais extravagantes. Parte deste cenário diz respeito aos votos nulos e brancos.
Segundo Mauro Paulino, diretor do Datafolha, o elevado índice de eleitores sem candidato é propício para reviravoltas. Some-se este quadro à situação do líder absoluto (que está preso, mas que não parou de crescer) e aos segundo e terceiro lugares, respetivamente, com poucos segundos de tempo de TV.
Segundo diretores de institutos de pesquisa, as chances de uma reviravolta no cenário político são grandes, a exemplo do que ocorreu em eleições recentes. Fatores como candidaturas não confirmadas e o desconhecimento da população sobre as propostas dos políticos ajudam a explicar os votos brancos e nulos, as abstenções e os eleitores indecisos, cuja soma supera os 30%.
“O objetivo de uma pesquisa eleitoral não é antecipar resultados ou adivinhar quem vai se eleger, mas sim mostrar o cenário naquele momento e organizar a história da eleição”, afirma o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino. Ele acredita que o quadro atual registrado pela instituição será diferente do resultado do primeiro turno, em outubro.
Mudanças de preferência dos eleitores são comuns. Em maio, a senadora Kátia Abreu (PDT) chegou a liderar pesquisas de intenção de voto quando a campanha das eleições para mandato-tampão no Tocantins estava no início. Tendência mais próxima ao verificado nas urnas foi registrada apenas no fim de junho, quando os institutos de pesquisa apontaram Kátia na quarta colocação, posição que de fato alcançou, com 15,6% dos votos.
Em Tocantins, um terço dos eleitores se absteve e 26% votaram branco ou nulo no segundo turno. A ausência nas urnas disparou alerta para as eleições de outubro, mas pode ser explicada também pela votação fora de época e prazo mais curto de campanha.FOLHA