Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump se reuniram neste domingo (26), na Malásia, a fim de abrir
um canal de reaproximação diplomática.A conversa durou 45 minutos e tratou do fim de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros nos EUA e das sanções a autoridades brasileiras com base na Lei Magnitsky.
Esta é a primeira vez que os dois líderes discutem cara a cara oficialmente o fim das sanções.
Eles já haviam tido uma breve conversa na Assembleia Geral da ONU, em setembro, que marcou o início de uma reaproximação diplomática entre Brasil e Estados Unidos.
Segundo o Palácio do Planalto, a conversa foi considerada “franca e construtiva” e teve como foco central as relações comerciais e econômicas entre os dois países.
Bastidores da reunião
Durante os 45 minutos de conversa, Lula e Trump abordaram uma variedade de temas, incluindo política interna, economia e relações regionais.
Segundo apuração da colunista Natuza Nery, do g1, Trump demonstrou interesse pessoal pela prisão de Lula em 2018, expressando empatia ao brasileiro. O petista contou que passou mais de 580 dias preso, o que, segundo interlocutores, impressionou o republicano.
De acordo com assessores, não houve tensões no encontro. Integrantes da delegação brasileira disseram que Trump “veio desarmado”, disposto a ouvir, enquanto Lula se mostrou “muito à vontade, sem estar acuado”.
Ainda que a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tenha sido levantada por Trump à época dos anúncios das sanções, o assunto foi tratado lateralmente durante as tratativas.
Antes da reunião, Trump mencionou Bolsonaro em conversa com jornalistas. “Eu sempre gostei dele. Eu me sinto muito mal sobre o que aconteceu com ele. Sempre achei que ele era um cara honesto, mas ele passou por muita coisa”, afirmou o republicano.
Mas durante o encontro, segundo o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Elias Rosa, Lula usou o caso como exemplo ao criticar a aplicação da Lei Magnitsky a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
“O presidente Lula afirmou que a lei foi aplicada de maneira injusta, já que houve respeito ao devido processo legal e não há perseguição política ou jurídica”, disse Rosa.
América Latina em pauta
Além das questões comerciais, segundo Mauro Vieira, Lula se colocou à disposição para atuar como interlocutor entre Estados Unidos e Venezuela, buscando reduzir as tensões entre os dois países.
“O presidente Lula disse que a América do Sul é uma região de paz e se prontificou a ser interlocutor, como foi no passado, para buscar soluções mutuamente aceitáveis”, afirmou o chanceler.
Nos últimos meses, o governo Trump intensificou sua presença militar próxima à costa venezuelana, alegando combater o tráfico de drogas. O governo de Nicolás Maduro, por sua vez, acusa os EUA de tentativa de intervenção.
Lula teria sugerido que o Brasil ajude a mediar um canal de comunicação. “(O presidente disse que) o Brasil estará sempre disposto a atuar como elemento de paz e entendimento, o que sempre foi a tradição do país”, completou Vieira.
Saldo positivo
As conversas técnicas devem começar nesta segunda-feira (27), com reuniões entre representantes brasileiros e autoridades norte-americanas, incluindo o representante comercial Howard Lutnick, o secretário do Tesouro Scott Bessent e o secretário de Estado Marco Rubio.
“Trump declarou que dará instruções à sua equipe para começar um processo de negociação bilateral ainda hoje. [...] Esperamos em pouco tempo concluir uma negociação que trate de cada um dos setores da atual tributação americana ao Brasil”, afirmou ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira.
O encontro também abriu caminho para visitas recíprocas. “O presidente Trump quer ir ao Brasil e o presidente Lula aceitou o convite, dizendo que irá com prazer aos Estados Unidos no futuro”, confirmou o chanceler.
A avaliação do Itamaraty é que a reunião consolidou uma nova etapa nas negociações, encerrando o “processo de descontaminação” do fator Bolsonaro nas relações bilaterais.
“Discutimos de forma franca e construtiva a agenda comercial e econômica bilateral. Acertamos que nossas equipes vão se reunir imediatamente para avançar na busca de soluções para as tarifas e as sanções contra as autoridades brasileiras”, afirmou Lula após o encontro.
Lula reiterou que “não há nenhuma razão para que haja qualquer desavença entre Brasil e Estados Unidos”, destacando que pretende fortalecer o diálogo bilateral.
“Nossa relação tem base em valores democráticos e no comércio justo. Queremos resolver essas questões de forma técnica e civilizada”, afirmou o presidente.
Entre os pontos discutidos, Lula defendeu que a imposição das tarifas aos produtos brasileiros “não tem base técnica”, argumentando que os Estados Unidos mantêm superávit na balança comercial com o Brasil.
O petista propôs um cronograma de negociações que permita revisar a medida e restabelecer a competitividade do setor exportador brasileiro.
Trump, por sua vez, declarou que foi “uma grande honra estar com o presidente do Brasil” e disse acreditar que ambos conseguirão “fechar bons negócios”. DN
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