Pages

sábado, 12 de julho de 2025

VÍDEOS: OS DESAFIOS DO PT NO CEARÁ EM 2026

Por ipuemfoco   Postado  sábado, julho 12, 2025   Sem Comentários


Antônio 'Conin' Filho foi reconduzido à presidência do PT Ceará após conquistar mais de 90% dos votos de filiados e

filiadas petistas no Processo de Eleição Direta (PED) do partido, realizado no último domingo (6). 


A votação ocorreu em todo país e renovou as direções municipais, estaduais e nacional do PT. 

Experiente no cargo, Conin esteve no comando da sigla em três disputas eleitorais — 2020, 2022 e 2024. Contudo, a eleição de 2026 deve reservar novos desafios ao dirigente estadual do PT, indo desde fissuras internas do partido até disputa para definição das candidaturas ao Legislativo, principalmente ao Senado, e a necessidade de fortalecimento da aliança para a reeleição do governador Elmano de Freitas (PT). 

O dirigente petista foi indicado como candidato pelo Campo Democrático, após impasse na decisão sobre quem seria o candidato — outros três nomes foram ventilados pelo deputado federal José Guimarães (PT), principal liderança do grupo, mas não houve consenso. 

Assim, Conin deixou o comando da Secretaria Regional I, em Fortaleza, para fazer campanha. O nome dele teve apoio de diferentes grupos dentro do PT, incluindo o Campo Popular – formado por aliados próximos ao ministro da Educação, Camilo Santana (PT) e ao governador Elmano de Freitas e responsável por eleger o novo presidente do PT Fortaleza, Antônio Carlos

"A primeira palavra é de gratidão", disse Conin ao PontoPoder, sobre a vitória na disputa interna. "Foi um reconhecimento muito forte, fico muito grato e com muito senso de responsabilidade também". O novo diretório deve tomar posse em setembro, quando ocorrerá o Congresso Estadual do PT. Nele, também devem ser elaboradas resoluções que "vão orientar a ação dessa nova direção partidária".

"Nós queremos um partido funcionando permanentemente, nos anos ímpares e nos anos pares, ano que tem eleição e ano que não tem eleição", afirma. Conin explica que deve, durante o congresso, ser discutido o funcionamento das instâncias partidárias, mas também a conjuntura política e eleitoral. 

"O PT se organiza para ser porta-voz, instrumento de uma agenda, de um projeto político para a sociedade. Nesse sentido, a nossa centralidade está na reeleição do presidente Lula, na reeleição do governador Elmano no Ceará e temos ainda o objetivo de ter o Guimarães candidato ao Senado. A presença do PT na chapa do Senado, ampliar nossa presença na assembleia e ampliar nossa bancada de deputados federais. Então, é a construção da nossa agenda eleitoral para 2026".
Antônio Filho, o Conin
Presidente do PT Ceará

Reeleição de Elmano 

reeleição do governador Elmano de Freitas, colocada como central na organização do PT para 2026, deve enfrentar um cenário desafiante para o próximo ano. Um dos elementos para isso é a reorganização da oposição, que tenta construir uma aliança para chegar com "palanque único" na disputa pelo Palácio da Abolição. 

Entre os nomes que tentam formar essa unidade estão ex-aliados do PT, como o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e o ex-prefeito Roberto Cláudio (sem partido), e também adversários políticos consolidados, como o deputado federal André Fernandes (PL) e o presidente do União Brasil, Capitão Wagner

"Se a oposição no Ceará se reorganizar e surgir com um nome competitivo, de perfil conservador e forte capilaridade regional, a disputa poderá se acirrar, principalmente porque, em nível federal, o PT tem perdido popularidade", pontua a professora da Universidade de Fortaleza (Unifor) e doutora em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Mariana Dionísio.

queda na aprovação do Governo Lula (PT) pode ter impacto direto na construção eleitoral da candidatura de Elmano. Quanto a isso, Conin enxerga uma tendência de "redenção do desgaste do governo (federal) e recuperação da popularidade".

Ele cita a derrubada do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) pelo Congresso Nacional, que desagradou parcela da população, e o anúncio feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que irá impor tarifa de 50% aos produtos brasileiros como exemplos de enfraquecimento da direita e extrema-direita. 

"Mas acho também que o governador Elmano, com esse período no Governo do Estado, tem identidade política, legado político e autoridade administrativa pelo que está fazendo, pelas entregas que está realizando, para ele próprio liderar a sua reeleição", destaca. 

Mariana Dionísio avalia que essa imagem de gestor — elogiada por Conin — precisará ser percebida pela população. "Ele  precisará consolidar sua imagem como um gestor autônomo e eficiente, e não apenas como 'candidato do Lula', como foi em 2022", diz. 

"Como governador de primeiro mandato, Elmano será cobrado por resultados nas áreas sensíveis, como saúde, segurança pública, infraestrutura e combate à pobreza, que são essenciais para sustentar o discurso da reeleição".
Mariana Dionísio
Cientista política e professora da Unifor

Elmano também reforçou, mais de uma vez, que a intenção é discutir a eleição, inclusive para o Governo do Ceará, apenas em 2026 e que o foco agora é "trabalhar". "A gente tem que ter essa humildade, tranquilidade e saber de que nós temos que agora trabalhar muito, trabalhar muito e pensar menos em eleição, porque quem trabalha muito tende a colher melhor o reconhecimento popular", pontuou o governador em entrevista à live PontoPoder na quarta-feira (9).

E, nesse cenário, o papel do presidente do PT Ceará deve ser estratégico para fortalecer a candidatura de Elmano em 2026, tendo como "missão prioritária" o diálogo e alinhamento dos partidos que integram a base aliada — até para evitar potenciais rupturas, aponta Dionísio. 

"O presidente do PT Ceará precisará agir como ponte entre os diversos grupos internos do partido, conter disputas internas, definir estratégias claras e negociar com as demais forças políticas do campo progressista para ampliar a frente eleitoral de Elmano, especialmente com PSD, MDB e setores independentes do PDT", elenca.

Disputa para candidatura ao Senado

As duas candidaturas para o Senado na chapa governista têm sido o maior alvo de disputa dentro da base aliada do Governo Elmano de Freitas. São, pelo menos, sete nomes citados como pré-candidatos, com dois deles sendo do PT. 

Líder do Governo Lula na Câmara dos Deputados, José Guimarães tem feito declarações e movimentos contundentes para viabilizar a pré-candidatura ao cargo. "O PT tendo uma vaga para o Senado no Ceará, esqueça, o nome é José Nobre Guimarães. Pode cobrar isso de mim", destacou em entrevista à live PontoPoder em abril. 

A postulação encontra apoio na estrutura partidária. "Não tenho dúvida que o PT terá, sem muita dificuldade, essa unidade em torno do nome do Guimarães", disse Conin. Questionado sobre a outra pré-candidatura do PT ao Senado, da deputada federal e ex-prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), ele disse que "ela não chegou a colocar a pré-candidatura"

A pré-candidatura de Luizianne ao Senado foi lançada no início de abril, durante ato do Campo da Esquerda. Na época, a deputada disse que "ninguém pode fugir às tarefas que coletivamente estão colocadas" e que a pré-candidatura "é um processo da gente fazer essa discussão dentro e fora do partido". 

Conin, no entanto, afirma que ela "nunca chegou para o partido colocando essa decisão de disputar a vaga do Senado, não". "A Luizianne nunca manifestou para o PT nem oficializou essa decisão de disputar a vaga para o Senado", garantiu. O PontoPoder entrou em contato com a assessoria da deputada para saber se houve ou não oficialização, mas não houve retorno.

Sobre os partidos aliados, que possuem os próprios pré-candidatos ao Senado, ele considera que a demanda petista por uma vaga "não gerará nenhuma dificuldade". Conin cita que existem outras vagas a serem ocupadas, como a segunda vaga de candidato a senador, as suplências do Senado e a vice-governadoria. "Dá pra gente fazer uma boa construção com todos os partidos da base e ter a base unida", considera.

Ao PontoPoder, Elmano de Freitas listou alguns nomes para o Senado, incluindo Guimarães e Luizianne, mas disse que a decisão deve ficar para maio ou junho de 2026, justificando que "precisamos agora nos concentrar em fazer o debate com a sociedade daquilo que o nosso governo está realizando". 

"É legítimo que os partidos apresentem seus nomes, dialoguem, animem sua militância e, ao mesmo tempo, debater com a sociedade o que o nosso projeto está realizando de mudança na vida do povo cearense. E ter tranquilidade que efetivamente em algum momento, que será em 2026, a decisão será tomada", disse. 

Uma decisão que deve recair nas principais lideranças não apenas do PT como da aliança governista no Ceará: o próprio Elmano de Freitas e o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), e até mesmo o presidente Lula, aponta Dionísio.

Ela reforça ainda as razões para a disputa ser tão acirrada: "é uma das vagas mais cobiçadas porque representa visibilidade nacional, poder político e influência direta no Congresso, sem falar na própria longevidade do cargo".

A formação das chapas de deputados

A montagem das chapas que irão concorrer à Assembleia Legislativa do Ceará e a Câmara Federal também podem representar desafios para o PT. Enquanto o fortalecimento das candidaturas federais é necessária dentro da estratégia nacional — já que os recursos partidários são calculados com base no número de deputados federais —, a nível estadual o PT viu a bancada aumentar mesmo fora da janela partidária, o que pode dificultar a construção da chapa. 

Hoje, a Federação formada por PT, PCdoB e Rede Sustentabilidade possui 11 deputados estaduais — em 2022, foram 9 eleitos. A isso se soma o grande número de novos filiados que chegaram ao PT, com o Ceará tendo superado 39 mil novas filiações. Em alguns casos, isso significa grupos políticos inteiros chegando ao partido nos municípios.

Integrante do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia, a socióloga Paula Vieira afirma que o primeiro desafio para a montagem das chapas será "organizar os desejos internos". "Começa que nós temos três grupos principais que disputaram agora o PED do PT, o processo interno. Então, como acomodar esses grupos é um primeiro desafio porque a gente está falando das decisões internas do partido, tanto em termos estaduais como em termos federal", argumenta. 

"O PT não tem uma tradição de barrar candidaturas, mas a estrutura partidária vai investir naquelas que entende como mais competitivas. Então essa distribuição de recursos, a visibilidade nos palanques do Elmano e do candidato à presidência, (...) que aumentam a possibilidade de competitividade por estarem visíveis, por serem pauta, por termos o Executivo puxando votos para o legislativo".
Paula Vieira
Socióloga e integrante do Lepem/UFC

Para a pesquisadora, esse é o primeiro desafio do presidente eleito do PT Ceará, Conin. O segundo é pensar "em quem são os principais opositores ao projeto e quem são os candidatos que vão competir diretamente com a força oposta". Nesse caso, a bancada conservadora, que tem ganhado força tanto a nível estadual como federal. 

Ela cita, por exemplo, a necessidade de apoio nos municípios para tornar as candidaturas competitivas, inclusive a formação da frente ampla de oposição no estado. "E esse desafio de levar uma bancada do Partido dos Trabalhadores e aliados para o Congresso Nacional, se torna essencial para esse contrapeso do sistema entre Executivo e Legislativo diante dos desafios que a gente tem visto nos últimos tempos", completa.

Divisão interna no PT

Conin enfrentou apenas uma candidatura, da vereadora Adriana Almeida (PT), pelo Campo de Esquerda, liderado pela deputada federal e ex-prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins. O grupo liderado pela ex-prefeita tem sido o mais crítico a posicionamentos de alas majoritárias do PT, inclusive com questionamentos quanto ao recorde de filiações ao partido durante a Campanha Nacional de Filiações, de dezembro de 2024 a fevereiro de 2025. 

"Uma coisa é você brigar com petista. Outra é lidar com seres estranhos ao partido, que fizeram filiações estranhas, prestando conta com pessoas estranhas ao partido para poder fazer maioria", disse em entrevista. "Ninguém sabe o que vai sobrar desse processo todo... que PT vai sair das urnas do PED", ressaltou. 

A ex-prefeita foi respondida por Camilo, Elmano e pelo prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão (PT), que reforçaram que o partido que sai do PED é "o da maioria". "É o PT que a grande maioria vai escolher, dos filiados", disse Evandro. Camilo seguiu linha similar: "Estamos numa democracia, é o PT da vontade da maioria dos filiados do PT, que têm o direito de escolher seus representantes", afirmou. 

"Sai o PT eleito pelas suas bases. Sai o PT eleito pelos seus filiados. Sai o PT, penso eu, muito unido para os enfrentamentos que precisamos fazer na sociedade", reforçou Elmano. As declarações foram feitas no último sábado (5), véspera do PED. 

O governador reforçou as falas em entrevista à live PontoPoder, na última quarta-feira (9), já depois dos resultados. "O PT que saiu, ao meu ver, é um PT com uma participação muito intensa de filiados. Mas o mais importante que considero é sair um PT com um grau de unidade muito grande, por uma maturidade alcançada", ressaltou.

"O PT é uma sigla que tem falado diferentes línguas", discorda Mariana Dionísio. 

"Uma parte defende a militância, outra considera o pragmatismo como tábua de salvação eleitoral. Quando Luizianne Lins faz críticas aos grupos majoritários do partido, acaba por expor uma fratura interna entre a ala mais orgânica, ligada aos movimentos sociais e à base histórica de construção ideológica, e o novo perfil do PT, voltado à ampliação da governabilidade".
Mariana Dionísio
Professora da Unifor e doutora em Ciência Política

O aprofundamento desses conflitos internos, que começam ainda na disputa interna pela candidatura do PT para a Prefeitura de Fortaleza e seguem no PED, pode gerar problemas eleitorais para o partido, considera Dionísio.

Ela cita a possibilidade de lançamento de candidaturas paralelas — em um cenário em que há mais de um pré-candidato ao Senado dentro do partido, além daqueles de siglas aliadas — ou "resistência a apoiar nomes indicados pela cúpula estadual", o que geraria "desgaste" não apenas para o partido como instituição como para as candidaturas petistas. "Prejudicando a unidade da campanha, reduzindo o engajamento e desgastando a imagem de coesão do partido para o eleitorado", resume.

A visão de Conin, no entanto, é diferente. "O que tem no PT é pluralidade de ideias. Isso não é divisão, isso é debate, são pontos de vista diferentes", defende o dirigente partidário. Sobre as críticas ao número de filiações, ele responde que não considera que "houve excesso", mas que "não custa nada a gente checar, observar o que o deputada está colocando".

Ele pontua ainda que a conjuntura unifica os petistas. "Não tem nenhum petista que seja exceção a isso é o enfrentamento à extrema direita, derrotar a extrema direita no Brasil, evitar os ataques à democracia, proteger a soberania nacional, defender a reeleição do presidente Lula. Isso nos unifica a todos". PONTO DO PODER


ACOMPANHE NOSSAS REDES SOCIAIS-

Instagram: @radiopalhano_web

Youtube- @radiopalhanoweb

RP: O SEU ENCONTRO COM O JORNALISMO SÉRIO E INDEPENDENTE É NA RÁDIO PALHANO WEB,COM O RADIALISTA ROGÉRIO, A PARTIR DAS 12;00 HORAS, DE SEGUNDA  A SEXTA-FEIRA.

Sobre o autor

Adicione aqui uma descrição do dono do blog ou do postador do blog ok

0 comentários:

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
.
Voltar ao topo ↑
RECEBA NOSSAS ATUALIZAÇÕES

© 2013 IpuemFoco - Rádialista Rogério Palhano - Desenvolvido Por - LuizHeenriquee