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domingo, 2 de outubro de 2022

O RESPEITO À URNA NA RETA FINAL

Por ipuemfoco   Postado  domingo, outubro 02, 2022   Sem Comentários


Parece condição tão elementar de um país civilizado, fundamento basilar de uma democracia tal respeito aos

resultados das urnas, mas, no Brasil de hoje, lamentavelmente, mais do que nunca, o apelo precisa voltar a ser reiteradamente feito. 


E não é para menos. Diante de um mandatário, o chefe da Nação em pessoa, que diz de viva voz que vai pensar se aceita o veredicto do voto da maioria, o risco de ele melar as eleições por nada – por mera ambição pessoal desmedida – não é pequeno. Bolsonaro repetiu nos últimos dias que pode questionar o desfecho da corrida presidencial. Reclamou, sem provas, como vem fazendo ao longo do tempo, que o TSE é “parcial”. 


A despeito das sinalizações das pesquisas apontarem a derrota para o adversário, na quase totalidade dos levantamentos, ele vai propagando a versão de que ganhará no primeiro turno e que qualquer situação em contrário ao seu prognóstico deixará evidente que ocorreram fraudes. É de um desrespeito e de uma desfaçatez sem tamanho a postura de incitação à arruaça. 


Logo ele que, pela natureza do cargo, jurou cumprir e defender a Constituição. Decerto não podemos ser ingênuos. No caso do Jair Messias, como é do conhecimento geral, juras e promessas nunca valeram de nada mesmo. Ele não cumpre o combinado, não obedece regras nem parâmetros republicanos de civilidade. É um ogro no trato com pendores golpistas inarredáveis. 


No mundo inteiro soou o alarme diante da possibilidade desse projeto de caudilho apelar para a violência se contrariado – como, tudo indica, acontecerá – pela porção majoritária dos eleitores. Parlamentares da Comissão Europeia pediram aos líderes do bloco que cogitem sanções comerciais ao Brasil caso Bolsonaro promova alguma tomada de poder à força. 


As instituições nacionais precisam estar fortes e responder de imediato nessa eventual circunstância, vislumbrada sim no horizonte, ou ao menos nos planos mais recônditos do capitão e da trupe de seguidores fanáticos que vivem na bolha de sua narrativa. A Casa Branca também teve de vir a público para reiterar que espera votação “livre e justa” no País e que acompanhará de perto o processo. 


Faz muito tempo que um escrutínio por aqui não despertava tanto receio, e o presidente da República é o direto e – único – responsável pelo retrocesso da dúvida. Há mais de três décadas as escolhas de nossos representantes ocorrem na mais perfeita normalidade e sem maiores acidentes de percurso. Bastou um líder totalitário aparecer no Planalto para colocar tudo a perder.


Alguém que, diga-se de passagem, foi seguidamente eleito parlamentar pelo mesmo sistema que hoje condena. Não faz sentido, embora o que almeje, como mais do que sabido, seja a perpetuação de sua figura no poder a qualquer custo. Bolsonaro, que vinha exigindo a fiscalização sistemática por meio de seus representantes, pedindo a interferência e controle das Forças Armadas sobre as urnas – algo que não tem paralelo antes, nem mesmo na ditadura – resolveu ironizar, discordar e resistir a participação de missões externas de observadores, que chegaram ao Brasil para acompanhar a votação. 


Ele, que diz querer a transparência, reclamou da delegação da OEA – a missão da Organização dos Estados Americanos – especialmente convidada pelo TSE. “Vieram observar o quê?”, trombeteou. Numa resposta direta ao dublê de mandatário-candidato: estão aí para vigiar se o senhor não faz nenhuma besteira, como quer e tenta. Bolsonaro pede contagem paralela de votos e acesso ao conteúdo inviolável das urnas. É mais do que fiscalizar. É controlar o evento. 


Algo absolutamente distópico da realidade democrática brasileira. Mesmo seus partidários estiveram por esses dias em visita a chamada “sala secreta” do TSE – que de secreta não tem nada – e atestaram a absoluta lisura ali. A tensão na reta final só cresce e não precisava ser assim. O desfecho da eleição figura como um divisor de águas entre a democracia e o autoritarismo. 


No paralelo, mensagens produzidas por gabinetes do ódio incitam invasões ao Congresso e STF. Grandes empresários, donos de clubes de tiro e setores da elite bancam o capitão em sua campanha armamentista, como se quisessem transformar o Brasil em um gigantesco campo de tiro, terra sem lei para a delinquência. 


Boa parte dos cidadãos de bem já viraram a página Bolsonaro e sua trajetória de desmando pode, finalmente, se acabar nos próximos dias ou semanas. Não há como ser neutro frente à escalada de insanidades que foram perpetradas pela atual gestão. O dever do voto, mais do que nunca, virou uma luta pela sobrevivência do direito individual de cada um de nós.CARLOS JOSÉ MARQUES

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