COMO FOI A RELAÇÃO DO GOVERNO LULA COM AS IGREJAS

Faltam apenas 11 dias para o primeiro turno das eleições presidenciais, que ocorrem em 2 de outubro.

 

Com a chegada da reta final da campanha, se intensifica o compartilhamento de fake news, principalmente nas redes sociais. Um dos casos mais recorrentes é aquele desinformando que, caso eleito, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai fechar as igrejas

No momento em que o petista tem feito discursos de aceno ao eleitorado evangélico, que em maioria vota no seu principal adversário na corrida pelo Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro (PL), a estratégia com afirmações falsas sobre o assunto tenta desgastar o candidato do PT com o segmento mais conservador.

Não há registros de que o político tenha indicado que vá fechar templos religiosos ou que em seu governo a Bíblia vai adotar pronome neutro e retirar nome de Jesus. Também é falso que ele tenha afirmado que vai obrigar igrejas a casar gays.

Lula governou o País por dois mandatos, entre 2003 e 2010. Afinal, como foi a relação de petista com os templos religiosos durante sua gestão à frente do Executivo?

Lei para liberdade religiosa

Em 22 de dezembro de 2003, no seu primeiro ano de gestão, o ex-presidente sancionou uma lei que define as organizações religiosas como “pessoas jurídicas de direito privado”. A legislação estabeleceu que as instituições seriam livres para “a criação, a organização, a estruturação interna” para o seu exercício, sendo proibido ao poder público “negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento”.

Marcha para Jesus

O evento religioso ocorre desde a década de 1980 em Londres, capital do Reino Unido. Em 1993, a celebração foi importada para o Brasil, idealizada por lideranças religiosas como o apóstolo Estevam Hernandes e a bispa Sônia Hernandes, da igreja Renascer em Cristo.

Apesar de nunca ter participado da solenidade em oito anos de governo, em 2009, Lula sancionou uma lei, de autoria do então senador Marcelo Crivella (Republicanos), que instituiu o Dia Nacional da Marcha para Jesus. A partir dessa data, a celebração ocorreria no primeiro sábado subsequente aos 60 dias do domingo de pós-Páscoa.

Crescimento de evangélicos

Os evangélicos foram o segmento religioso que mais cresceu no País entre os anos 2000 (dois antes de Lula ser eleito) e 2010, período que encerrou o segundo mandato do petista. Conforme o censo divulgado pelo IBGE, a população que se denominava desse grupo saiu de 15,4% para 22,2% da população brasileira nos dez anos verificados pelo órgão.

Dessa forma, houve um crescimento de cerca de 16 milhões entre os indivíduos que se auto intitulavam evangélicos, saindo de aproximadamente 26,2 milhões para 42,3 milhões.

Encontros com papa Bento XVI

O ex-presidente esteve com o papa Bento XVI em duas oportunidades durante seus mandatos. Em maio de 2007, o petista recebeu o pontífice em São Paulo, quando ele visitou o Brasil para participar da 5ª Conferência Episcopal da América Latina e Caribe. Mais de um ano depois, ambos se encontraram novamente, dessa vez em uma audiência privada no Vaticano. Na ocasião, o principal tema da conversa entre os líderes foi a crise financeira internacional.

Na época, o gestor disse que Bento estava sensível ao problema. “Eu pedi ao papa que nos seus pronunciamentos ele fale da crise econômica, pois se todo o domingo o papa der um 'conselhozinho', quem sabe a gente encontra mais facilidade para resolver o problema", disse o ex-chefe do Executivo.

Vice-presidente de partido ligado à Universal

José Alencar foi vice-presidente do Brasil durante os dois mandatos de Lula e também ocupou o cargo de ministro da Defesa. Em 2002, quando o petista ganhou pela primeira vez, o político era filiado ao Partido Liberal (PL). Anos depois, deixou a legenda e passou a integrar o PMR, hoje Republicanos, partido ligado à Igreja Universal do bispo Edir Macedo.

A sigla nasceu como Partido Municipalista Renovador e, por sugestão Alencar, mudou para Partido Republicano Brasileiro (PRB). Em 7 de maio de 2019, o grupo homologou, em convenção nacional, o nome usado atualmente.O POVO