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sábado, 12 de março de 2022

BOLSONARO ESCOLHEU O LADO PODRE DA POLÍTICA BRASILEIRA PARA FAZER ALIANÇAS DA REELEIÇÃO

Por ipuemfoco   Postado  sábado, março 12, 2022   Sem Comentários

 


Desprestigiado pela população e perdido nos próprios erros, o presidente tem apelado por se aproximar do que há de pior na política. 

Em um misto de aliados encrencados com a Justiça e outros que cumpriram penas por corrupção, o mandatário monta seu esquadrão para disputar a reeleição. Nessa empreitada, condenados pelo Mensalão e Petrolão são os preferidos.

O provérbio popular “Diga-me com quem andas, e eu direi quem tu és!” elucida bem as relações que o presidente Jair Bolsonaro tem estabelecido pela reeleição. O último personagem desse grupo de políticos mal vistos e que foram reabilitados pelo ex-capitão é o ex-governador Anthony Garotinho e sua esposa e ex-governadora Rosinha. 

O ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, é outro nome que negocia com Bolsonaro para voltar à política e já atua como conselheiro do mandatário. O presidente do PL Valdemar da Costa Neto; o presidente do PTB Roberto Jefferson; e o ex-policial, Fabrício Queiroz, completam a lista de políticos que amargaram algum tempo na prisão.

Eles compõem o grupo que vai trabalhar pela reeleição do ex-capitão, seguidos pelos líderes no Congresso que estão envolvidos em escândalos de corrupção como o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI); o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL); e o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR). 

Todos estão no núcleo duro que orienta a estratégia da campanha do presidente. O jurista Walter Maierovitch avalia que há uma “presunção da não culpabilidade”, interpretada pelo STF, que garante a atuação dos políticos que não foram condenados em trânsito em julgado. Isso abre espaço para que políticos frequentemente acusados de corrupção continuem dentro do jogo político e que o presidente tire proveito disso, juntando-se a eles.

ALINHADOS Mário Frias, Eduardo Bolsonaro e Valdemar Costa Neto projetam a campanha presidencial de reeleição do ex-capitão (Crédito:Divulgação)

“[Bolsonaro] não precisa de fatos, a mentira já está pronta. [Ele] tem limitações cognitivas e baixa civilidade” Luís Roberto Barroso, ministro do STF

Abrigado no PL, o mandatário terá que explicar porque o presidente da legenda, o ex-deputado Valdemar da Costa Neto, passou um bom tempo na cadeia. Ele foi condenado, em 2012, a mais de sete anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no Mensalão do PT. O ex-deputado foi escalado por Bolsonaro para cuidar da parte operacional da campanha, com a contratação do marqueteiro Duda Lima, que há dez anos assessora o PL. 

As maldades nas mídias digitais continuarão nas mãos do vereador Carlos Bolsonaro. Influente junto ao presidente, Costa Neto emplacou a nomeação do afilhado político, o economista José Gomes da Costa, para presidir o Banco do Nordeste. O posto é fundamental para a liberação de financiamentos na região e pode alavancar na eleição de deputados.

O encantamento por Costa Neto é tamanho que a ala ideológica tem aderido ao PL com facilidade. O ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, se filiou à legenda e vai concorrer à Câmara. O deputado Eduardo Bolsonaro anunciou no Twitter que seguirá o mesmo caminho na janela de mudança de sigla agora em março. 

“Vamos somar para o projeto que põe o Brasil acima de tudo”, escreveu o filho 03. A Capitã Cloroquina, Mayra Pinheiro; o chefe da Abin, Alexandre Ramagem; e os deputados Daniel Silveira, Bia Kicis e Carla Zambelli, entre outros se preparam para uma filiação em bloco ao partido do presidente.

Simpático aos políticos encrencados, Bolsonaro promoveu ataques sistemáticos ao STF e foi repreendido por isso. Chegou a chamar o ministro Alexandre de Moraes de “canalha”, mas buscou arrego junto ao ex-presidente Michel Temer para apaziguar o episódio das agressões do Sete de Setembro. 

O STF também apura responsabilidades do mandatário por interferência na PF, prevaricação na negociação da vacina Covaxin e vazamento de inquérito sigiloso. O ministro do STF, Luís Roberto Barroso, disse que Bolsonaro não esconde a estratégia para contrapor a segurança das urnas: “Ele não precisa de fatos, a mentira já está pronta”. Barroso não poupa críticas ao mandatário o qualificando de ter “limitações cognitivas e baixa civilidade”.

O clima de confronto entre Judiciário e Executivo é incentivado por militares. O general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, orientou os atos que pediam fechamento do STF, enquanto o general Braga Netto, ministro da Defesa, estava com Bolsonaro na articulação dos atos antidemocráticos do Sete de Setembro. 

O governo, no entanto, acredita que os novos ministros do STF, Kassio Nunes Marques e André Mendonça, sejam um contraponto no Tribunal. “Eu não mando nos dois votos dentro do Supremo, mas temos dois ministros que representam, em tese, 20% daquilo que a gente gostaria que fosse decidido e votado lá”, disse o presidente. 

Em recente decisão, o ministro André Mendonça rejeitou o pedido de suspeição feito pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e continua como relator em notícia-crime contra o presidente da República por privilegiar o empresário Luciano Hang, dono da Havan, e demitir funcionários do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

A ala ideológica tem gerado os maiores conflitos entre o presidente e o STF. O blogueiro Allan dos Santos é procurado pela Justiça e está foragido nos EUA. Ele teve sua conta no Telegram bloqueada em fevereiro. É a primeira vez que o aplicativo acata o pedido da Justiça brasileira. O deputado Daniel Silveira (União-RJ) e o ex-deputado Roberto Jefferson estiveram presos por incitar violência contra a Corte. Em todos os casos, os mandados de prisão foram expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes.

Símbolo do escândalo do Mensalão do PT, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) se incriminou ao confessar ter recebido R$ 4 milhões ilegalmente. Ele foi condenado a mais de sete anos de cadeia e estaria no ostracismo se não estivesse sendo reabilitado pelo bolsonarismo mais radical. Jefferson mantém seu partido, PTB, com mãos de ferro e mesmo sem poder presidir a legenda tem controle total. Ao deixar a cadeia destituiu a presidente da sigla, Graciela Nienov, e nomeou o seu ex-genro Marcus Vinícius Neskau para o comando partidário. 

A promessa é manter o apoio ao presidente na campanha pela reeleição. Bolsonaro ensaiou uma reação contra a prisão de Jefferson, mas foi convencido a se afastar para não acabar se envolvendo na encrenca. No entanto, nos bastidores todas as ações do PTB visam priorizar os esquemas do mandatário. Como reconhecimento, ficou para Jefferson o comando da campanha presidencial no Rio de Janeiro.

A popularidade alta do clã Garotinho no Rio de Janeiro aliás, atraiu o clã Bolsonaro e as duas famílias têm tudo para seguirem juntas nas eleições. O ex-governador Anthony Garotinho não disputará a eleição porque está inelegível até 2029, embora tenha pago (18/2) uma multa de R$ 419 mil para reaver seus direitos ainda esse ano. 

Ele foi preso acusado de superfaturar contratos com a construtora Odebrecht, comprar votos no pleito de 2016 para prefeitura de Campos de Goytacazes (RJ) e arrecadar ilegalmente dinheiro para a campanha eleitoral. A mulher e ex-governadora, Rosinha, também já foi presa. A família ainda tem o prefeito de Campos dos Goytacazes, Wladimir, e a deputada Clarissa, filhos do casal, o que amplia a influência política do clã Garotinho no estado. 

Alinhados, os patriarcas se encontraram em programa na Rádio Tupi e aproveitaram para discutir quem era o mais perseguido pelos meios de comunicação, em especial pela Rede Globo. Os dois costumam culpar a imprensa por publicar notícias de investigação da PF e do STF. No passado, Bolsonaro criticou o ex-governador de “estimular a vagabundagem”. 

Garotinho foi aliado político do PT e, em, 1998 foi eleito governador na chapa com a vice Benedita da Silva (PT). Sua filha Clarissa foi eleita com uma doação de R$ 700 mil do PT, em 2018. Hoje, a proximidade com a questão religiosa, ambos evangélicos, mudou a rota de coalizões.

O escândalo do Petrolão revelou as articulações do ex-deputado Eduardo Cunha quando estava na Presidência da Câmara. Ele foi condenado a 15 anos de cadeia por corrupção nas investigações da Operação Lava Jato. Solto, Cunha mantém seus contatos e se aproximou de Bolsonaro. 

Nos bastidores, há a informação de que ele é conselheiro do presidente e atua na aproximação com parlamentares amigos. Assim como sua filha, Danielle, o ex-deputado deve se filiar ao União Brasil e ambos concorrerão à Câmara, por Rio de Janeiro e São Paulo, respectivamente. 

Garotinho, Jefferson e Cunha têm algo incomum: além de terem amargado a cadeia, os três conhecem bem o Rio de Janeiro e são importantes pontos de apoio ao presidente. O deputado Marcelo Freixo (PSB) afirma que Bolsonaro está aliado a “máfia do poder no Rio há décadas” e que o presidente levou para o resto do Brasil um modelo que “mistura corrupção com crime organizado”.

No Parlamento, o ex-capitão se associou a um grupo que é investigado por suspeitas de corrupção. O ex-senador Ciro Nogueira foi alçado a ministro da Casa Civil e trouxe na bagagem uma denúncia de receber R$ 7,3 milhões da Odebrecht para ajudar em interesses da construtora; obstrução de Justiça na apuração de uma organização criminosa no PP; e recebimento de propina para apoiar Dilma na reeleição, em 2014. 

Nogueira é o maior articulador político do presidente e, por isso, teve permissão para passar por cima da autoridade do ministro da Economia, Paulo Guedes, e negociar com o Congresso medidas populistas em um pacote fiscal, que pode causar um prejuízo aos cofres maior do que R$ 230 bilhões. O economista Vladimir Maciel disse que no nosso “regime político de presidencialismo de coalizão” o gasto oscila de acordo com o ano eleitoral e a Casa Civil vai “passar a boiada dos gastos ou medidas populistas”. 

Dono do orçamento secreto, estimado em R$ 16 bilhões, o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, acumula poder com o controle da verba entre os parlamentares. Em Brasília se afirma que ele tem o poder de membro do poder executivo por conta de tanto recurso financeiro. Lira foi eleito sob as denúncias de agressões da ex-mulher Jullyene Lins. Também foi investigado pela rachadinhas na Assembleia Legislativa de Alagoas, movimentando R$ 9,5 milhões, entre 2001 e 2007. Por sua vez, o líder do governo na Câmara, deputado Ricarco Barros, sofre várias acusações de corrupção. A última foi na CPI da Covid, quando o deputado Luis Miranda (DEM-DF) apontou o parlamentar como responsável de organizar o esquema de superfaturamento de preços na compra da vacina indiana Covaxin. 

As investigações contra o deputado ainda envolvem um acordo de R$ 7,5 milhões entre agências de publicidade na cidade de Maringá, onde o prefeito era Silvio Barros seu irmão. Em outra investigação no MP-PR, o líder do governo é investigado por lavagem de dinheiro e receber propina na compra de duas empresas de energia eólica pela Companhia Paranaense de Energia (Copel). 

O esquema teria rendido ao deputado R$ 5 milhões, em dois anos. No ambiente partidário o MP-PR averigua falsidade ideológica do parlamentar, nas eleições de 2014. Ele teria recebido, via partido, propina de empresários por meio de doações eleitorais para aumentar a sua influência no PP.

O EX-DEPUTADO Eduardo Cunha tem atuado como um conselheiro oculto do presidente e quer voltar à política no grupo de Bolsonaro (Crédito:Gabriel Cabral)

Investigações sobre o clã Bolsonaro

A própria família do presidente é embaraçada com a Justiça. As apurações sobre as rachadinhas assombram o senador Flávio, filho 01. Suspeita-se que o esquema foi criado ainda nos mandatos do ex-capitão. A ex-mulher de Bolsonaro, Ana Cristina Valle, seria responsável pela operação com a colaboração do ex-policial, Fabrício Queiroz, que é amigo da família e será candidato a deputado estadual pelo Rio de Janeiro. 

O senador Flávio disse em entrevista para o jornal O GLOBO que apoia a candidatura de Queiroz: “É ficha limpa”. Antes de ser preso, o ex-policial foi encontrado escondido na casa do advogado Frederick Wassef que atende a família Bolsonaro. Cristina e seu filho Jair Renan levam um padrão de vida bem confortável. Eles moram em uma mansão estimada em R$ 3 milhões. 

Os holofotes ficaram sob o filho 04 do presidente depois que a Polícia Federal começou a investigar acusações de tráfico de influência. O deputado Eduardo, filho 03, é o mais integrado da ala ideológica e mantém uma relação próxima com Steve Bannon, estrategista de Trump, além de ser um entusiasta das armas. Contra ele há uma denúncia por compra de imóveis pagos com dinheiro em espécie. O vereador Carlos, filho 02, é visto como o cérebro por trás das fake news do Planalto e, por isso, investigado no STF por espalhar notícias falsas.

A predileção do mandatário por figuras que estão à margem da honestidade é estarrecedora. Internacionalmente, ele anda de mãos dadas à ideologia da direita mais sangrenta: do príncipe saudita, Mohammed bin Salman, acusado de assassinato; passando pelo primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, conhecido por uma política xenófoba e contra os direitos humanos; pelo presidente russo, Vladimir Putin, que assusta o mundo com uma guerra insana contra a Ucrânia; e pelo ex-presidente americano Donald Trump, que tentou contestar a eleição americana. 

Nacionalmente, além dos políticos aliados, o presidente é entusiasta dos desmatadores da Amazônia que cresceu 56,6% no atual governo; apoia os negacionistas que são contra as vacinas; também defende torturadores como o ex-coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que chefiou o DOI-CODI (1970-1974). Pela vasta e deletéria companhia dos que andam com ele dá para entender bem quem o presidente é.

PRESTIGIADO Condenado a sete anos de cadeia por corrupção no Mensalão, Roberto Jefferson (PTB) vai comandar a campanha de Bolsonaro no Rio de Janeiro (Crédito:Divulgação)

Quem te viu, quem te vê

O presidente já condenou o Centrão que hoje é o seu maior aliado

Houve uma mudança surpreendente de julgamento dos bolsonaristas que atacavam as legendas do Centrão. O deputado Eduardo Bolsonaro tem um vídeo em que faz um discurso eloquente contra os partidos fisiológicos e diz:

“Vocês vão se deixar seduzir por discurso do Centrão ou vão se manter firmes e fortes com Bolsonaro”,
Eduardo Bolsonaro, deputado

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, usou todo o seu potencial musical para criar uma paródia em evento da formalização de Bolsonaro à Presidência pelo PSL, em 2018:

“Se gritar pega Centrão, não fica um meu irmão”, Augusto Heleno, ministro

O ex-capitão se escorou no Centrão como única possibilidade de salvar o mandato. No entanto, foi Bolsonaro quem melhor resumiu o que o grupo pensava sobre o fisiologismo dos partidos atrelados ao poder e definiu:

“[O Centrão] é o que há de pior no Brasil”. Jair Bolsonaro, presidente

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