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sábado, 22 de fevereiro de 2020

O CARNAVAL DAS IMORALIDADES DE BOLSONARO

Por ipuemfoco   Postado  sábado, fevereiro 22, 2020   Sem Comentários


Com ofensas morais e sexuais, o presidente Jair Bolsonaro atacou e assediou a jornalista Patrícia Campos Mello.
Ele reincidiu em atos contra a legislação 1.079, que em seu artigo nono protege a probidade da administração.

O nome dessa lei é uma sentença definitiva para Bolsonaro: “Lei do Impeachment”. Está nas mãos do Congresso Nacional, portanto, mostrar que o Brasil não é uma republiqueta de bananas – nem de banana fruta, conforme querem aqueles que desprezam o nosso País, nem de banana obscena dada com os braços como o presidente vem fazendo e ofendendo os repórteres em entrevistas coletivas. 

Está, sim, nas mãos do Congresso Nacional a obrigação de abrir imediatamente um processo de impeachment contra o mandatário, o que na verdade passou a ser dever dos parlamentares, investidos de mandato popular para tutelarem a constitucionalidade e o decoro daqueles que representam os poderes republicanos – só é preciso que uma denúncia seja regimentalmente recebida pela Câmara dos Deputados para o processo começar a andar.


GENÉTICA Eduardo Bolsonaro, que endossou as ofensas contra Patrícia, dá banana às mulheres que criticam o seu pai: a deseducação está no sangue (Crédito:Divulgação)

Bolsonaro repete dia após dia, semana após semana, mês após mês, atitudes e palavras desprovidas de ética e que se coadunam com “crime de responsabilidade” — crime que teve início com o episódio do golden shower, no Carnaval passado, atravessou todo o primeiro ano de gestão e chegou ao Carnaval de agora. 

A única diferença é que o nível foi caindo cada vez mais. Que faça ele o seu vexatório e particular show dançando com o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, como se viu recentemente. Mas nos poupe de suas baixarias. Basta!

O presidente, indiscutivelmente, já ultrapassou todos os limites da civilidade e da urbanidade em diversas de suas relações com a mídia, e tanto é assim que pesquisa da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) aponta que ele responde por 58% dos ataques verbais feitos contra a imprensa em 2019. 

Quando se julga, no entanto, que alguém já chegou ao mais baixo patamar da abjeção e torpeza, descobre-se que ainda há o porão. Na semana passada, Bolsonaro fez mais que enxovalhar a reputação de uma mulher, de uma repórter e de um ser humano. Ele difamou Patrícia, do jornal “Folha de S. Paulo”, e se colocou literalmente na linha do impeachment. 

Ultrajou, como jamais se viu na história do Brasil, a liturgia do cargo de presidente da República. Senhores congressistas, façam a parte que lhes compete por dever de ofício: o presidente tem de ser mandado para casa.


PÉSSIMO SHOW Marcelo Crivella e Bolsonaro dançam em evento evangélico: eles que façam o Carnaval que quiserem, mas nos deixem em paz (Crédito:Divulgação)

O cérebro e a língua

Bolsonaro referindo-se à ofensa verbal ocorrida dias antes contra a jornalista, da qual acabou sendo partícipe o filho Eduardo, e aprimorou-se na degradação. Lembremos, em primeiro lugar e rapidamente, o fato original. Ao depor na CPMI das Fake News, a testemunha Hans River do Rio Nascimento, ex-funcionário da empresa Yacows, especializada no disparo de mensagens em massa pelo Whatsapp, mentiu ao dizer que Patrícia queria fazer sexo com ele em troca de informações durante a campanha de 2018. 

Eduardo Bolsonaro endossou a fala, e colocou no Twitter que não duvidava que ela tivesse se insinuado. Pois bem, na terça-feira 18, diante do Palácio da Alvorada, o presidente voltou ao tema e desceu ao subsolo já por nós citado: “Ela [Patrícia Campos Mello] queria um furo. Ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim”. 

Claro que por boa educação pouparemos o leitor e a leitora da interpretação da frase. Deixemos a malícia e o duplo sentido com o seu dono, a nós só é necessário explicar que “furo” é jargão jornalístico para notícia exclusiva. Como podem ver, a brincadeirinha presidencial foi chula demais. Vamos, isso sim e de imediato, às falas de três cidadãos de moral e hábitos ilibados.

“É o mau-caratismo institucionalizado. Um absurdo tão grande que estou perplexo. Ele autoriza a política do bullying que os seus seguidores buscam estabelecer nas redes sociais”, diz o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz. 

“O comentário chulo, que ofende profundamente a dignidade humana, se enquadra como crime de responsabilidade”, diz o jurista Miguel Reale Júnior, um dos autores do pedido de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff. Dê-se voz, também, ao conceituado doutor e mestre em direito Luiz Fernando Prudente do Amaral, um dos mais respeitados especialistas do Brasil na área do direito público: 

“O exercício da Presidência da República é incompatível com o uso frequente de gestos, palavras e expressões ofensivas, inclusive à imprensa, e contrárias à dignidade do cargo. Essa conduta, especialmente quando reiterada, pode dar início ao processo de impeachment”.

Bolsonaro pensa com a língua e não com a cabeça, ou seja, não pensa: só dispara os seus preconceitos. Não é sem motivo, então, que a sua ofensa tenha sido tão pesada e, consequentemente, tenha gerado tanta reação no Congresso e na sociedade. 

Poucas horas após o ato, um grupo de vinte e três deputadas redigiu uma nota para ser lida pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia. “Todo repúdio a essa atitude repugnante”, afirmou a parlamentar Natália Bonavides. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, declarou desconhecer que alguém “tenha feito uma agressão tão grande a uma mulher como o fez Bolsonaro”. 

A deputada Tábata Amaral julgou a fala do presidente “inconcebível” e lamentou que o direito das mulheres de não serem “sexualizadas e assediadas” tenha de ser diuturnamente lembrado. E ela tem razão, tal direito é esquecido mesmo, e gravíssimo é tomarmos conhecimento de que o presidente da Nação é o primeiro a esquecê-lo


PRECISÃO O apresentador Luciano Huck foi um dos primeiros a protestar: “Bolsonaro rompeu as fronteiras da decência” (Crédito:Divulgação)

O senador Randolfe Rodrigues foi de uma lucidez incrível naquilo que escreveu nas redes sociais: “Em que democracia sã um presidente da República se sente à vontade agredindo e assediando mulheres?” Com certeza, em nenhum país, só aqui – pelo menos enquanto reinar o autocrata Jair Messias Bolsonaro. 

Os presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente, Rodrigo Maia e David Alcolumbre, criticaram Bolsonaro e enalteceram a importância da liberdade de imprensa para a democracia. E o próprio PSL, ex-partido do capitão, o fustigou duramente. Fora do campo político, o apresentador Luciano Huck classificou o fato como o rompimento das “fronteiras da decência”.

Houve, e sempre haverá, aqueles que fecham fileiras com a baixaria — e esses defenderam o capitão. Fiquemos com o filho Eduardo, ele mesmo, o Eduardo que há quinze dias apoiou as primeiras ofensas contra Patrícia feitas pelo depoente Hans River. De fato, a coisa está piorando e é necessário colocar um fim em tudo isso antes que a nossa democracia seja engolida pelo clã Bolsonaro. 

Querem saber o que fez Eduardo dessa vez? Subiu ao púlpito acompanhado de um grupo de mulheres parlamentares, e aí mandou aquelas que estão criticano o seu pai “raspar o sovaco, senão dá mau cheiro”. E aí gritou. E aí gesticulou. 

E aí, para arrematar, desenvolveu o estilo bananeiro de seu genitor e deu uma banana com os braços: “Uma banana em nome de todas as mulheres”. Se Eduardo seguir com mandato parlamentar, justo ele que até já defendeu a volta do AI-5, cabe questionar que espécie de Parlamento nós temos. Juntamente com Jair, Eduardo tem de ser politicamente cassado. 

Voltem para casa! E, falando em casa, já há brasileiras e brasileiros que gostariam de saber qual a opinião, qual o sentimento, qual o posicionamento da primeira-dama Michelle frente à desqualificação da mulher promovida constantemente por seu marido. Sexismo, machismo e misoginia correm no sangue de Bolsonaro, mas esse sangue é aguado porque se descolore no preconceito. Michelle podia ao menos lembrar o patriarca que 54% dos eleitores do País são mulheres.

Há duas éticas para um governante, a “ética da convicção” e a “ética da responsabilidade”, nos ensinou o pensador alemão Max Weber, principal fundador da ciência da sociologia. A “ética da convicção” é particular: Bolsonaro, por exemplo, pode, em sua casa, falar o que bem quiser, se Michelle não se ofender, é claro. Quanto à “ética da responsabilidade”, essa exige que Bolsonaro se comporte publicamente com dignidade. 

Tal ética, porém, dele passa longe, e tanto é assim que não são apenas as mulheres o alvo do presidente. Ele não gosta de indígenas e chegou ao ponto de dizer que eles estão “evoluindo” e que são cada vez “mais humanos como nós”. Parou aí? 

Que nada! Comparou-os a “animais de zoológicos”, referindo-se às suas terras demarcadas. LGBTs também incomodam o presidente e, deploravelmente, ele usa isso como forma de ofensa, chamando de homossexuais os repórteres que fazem indagações que o incomodam.


AMPLA VISÃO Tábata Amaral foi além do fato: “É preciso lembrar todos os dias que a mulher não deve ser assediada” (Crédito:Pablo Valadares)

Nas entrevistas, quem igualmente sempre sai insultada é a mãe de algum jornalista: se o autoritário Bolsonaro não gosta da pergunta, ele ataca a mãe de quem formulou a questão. E vale destacar, ainda, a insistência do presidente em falar do órgão sexual masculino. Houve o caso já referido do golden shower, que ele explorou demais. 

Em um pronunciamento, certa vez, disparou a falar da importância de “manter o pênis limpo”. E ao cruzar com um japonês no aeroporto de Manaus, fez uma brincadeira de péssimo gosto: “Tudo pequenininho por aí?”. As ofensas estão se agravando, a ponto de entidades como a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) encaminhar à Procuradoria-Geral da República notícia-crime contra a testemunha que mentiu à CPI. 

A situação está feia para o mentiroso e horrorosa para Bolsonaro. Mudar de comportamento ele não vai, porque essa é a sua personalidade antidemocrática. Mas, pensando bem, sejamos pragmáticos: é até melhor que ele siga na deseducação e continue a dar bananas. Superstição às vezes funciona, e o último presidente que gostava desse gesto foi Fernando Collor. Escorregou na casca e caiu no impeachment.ISTOÉ

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