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sábado, 4 de janeiro de 2020

VÍDEO; AS CONSEQUÊNCIAS DOS ATAQUES DOS ESTADOS UNIDOS AO IRÂ

Por ipuemfoco   Postado  sábado, janeiro 04, 2020   Sem Comentários


Mais do que um impacto político, será possível perceber um impacto na economia, principalmente pelo preço do petróleo, que já subiu de 60 dólares para 69. 

O POVO conversou com João Bosco Monte, professor de Relações Internacionais.Por Lucas de Paula

A tensão entre Estados Unidos e Irã aumentou nos últimos dias e culminou no assassinato de Qassem Soleimani, após ataque aéreo nessa quinta-feira, 2. 

A morte do chefe de unidade da Guarda Revolucionária do Irã foi confirmado pelo Pentágono e teria sido motivado pela atribuição da responsabilidade da mortes de americanos no Oriente Médio a ele. Após o caso, o aiatolá Ali Khamenei, guia supremo do País, afirmou que vingaria a morte do militar. 

Com toda a repercussão do caso muito se falou em uma Terceira Guerra Mundial, e o assunto se tornou um dos mais comentados do Twitter. 

O POVO conversou com João Bosco Monte, professor de Relações Internacionais e Presidente do Instituto Brasil África, sobre os rumos que o ataque pode tomar e se de fato esse pode ser o estopim para uma Terceira Guerra Mundial.

Para o professor, o assassinato pode - e irá -culminar em retaliação. 

“O sentimento do aiatolá é de que o homem que morreu representa o estado Irã, de que isso não pode ficar em vão, de que a morte tem que ser de alguma maneira compensada. E aí as ações do Irã irão contra os Estados Unidos”, afirma.

A participação do Brasil em um confronto militar direto é visto como improvável. O que pode chegar a acontecer é uma guerra entre blocos, embora também avaliada como difícil. 

“O Brasil tem uma balança comercial muito importante com o Irã, com aquela região menos favorecida. Olhando para os Estados Unidos como centro do lucro, acho que o Brasil não deve tomar partido”, avalia.

Mais do que um impacto político, será possível perceber um impacto na economia, principalmente pelo preço do petróleo, que já subiu de 60 dólares para 69. 

A Petrobras, que tem os preços mais baratos dentro do contexto internacional, pode ter a capacidade de produção a afetada.

Confira a entrevista completa:

OP: Que rumos podem tomar essa tensão entre Estados Unidos e Irã?

João Bosco Manuel: A gente não imaginava que isso pudesse acontecer. As consequências disso ainda não sei. Há uma tendência de retaliação, há uma tendência de que o Irã não deixe barato o que aconteceu. A morte do segundo homem na hierarquia [Qasem Soleimani] que aconteceu certamente o Irã não vai deixar passar despercebido. O Soleimani era desconhecido de muita gente, de muitos que não conheciam essa nação, mas o sentimento do aiatolá é de que o homem que morreu representa o estado Irã, de que isso não pode ficar em vão, de que a morte tem que ser de alguma maneira compensada. E aí as ações do Irã irão contra os Estados Unidos

OP: Como poderão acontecer os ataques em resposta aos Estados Unidos?

JBM: A Geografia favorece os Estados Unidos. Não dá para ter uma ação militar belicosa. Mas tem Israel, que é o irmão americano mais próximo; tem a Arábia saudita e tem o Iraque. As forças americanas de um modo geral estão em uma região pouco amistosa. O Irã pode se voltar contra esse alvos potenciais, mas certamente alguma retaliação vai acontecer.

OP: Quais países apoiariam Estados Unidos e quais poderiam apoiar Irã no caso de uma guerra?

JBM: Ainda é cedo pra se pensar uma guerra envolvendo diversas coalizões. Quando você olha para as guerras anteriores você tinha um lado que confrontava com o outro lado. Agora você tem um ambiente muito mais regional e unilateral. Tem os Estados Unidos que tem uma questão mal resolvida com o Irã desde a Revolução, desde a saída e chegada da Pahlavi ao governo, a ligação de amor entre os Estados Unidos e Irã na época. Isso depois passou a ser relação de ódio. E isso não foi resolvido ainda.

OP: Pode de fato ocorrer uma Terceira Guerra Mundial?

JBM: Alguns países que podem ser aliados de um lado e do outro poderiam dar vazão e condição para que houvesse uma guerra entre blocos, e aí poderia se chamar [de Terceira Guerra Mundial]. Acho pouco provável. A China e a Rússia que podem ser opositores dos Estados Unidos não irão se aliar ao Irã e deflagrar um confronto direto nesse ato contra os Estados Unidos ou aliados americanos. Os europeus estão em estado de contato e estão também com a bandeira amarela dizendo “não vamos brigar”, porque tem uma represália muito grande. O que eu acho que vai existir são focos de incêndio em diversos ambientes, ocasionados pelos humores. Alguns atentados terroristas acontecendo aqui, acolá. Em solo americano talvez não em proporções como 11 de setembro ou outro atentado maior, mas na Europa isso pode acontecer. A França e o Reino Unido mesmo como aliados de longa data dos americanos não vão comprar briga, porque os europeus podem ser alvos da tensão e de ataques de alguma tensão de grupos terroristas.

OP: O que representa essa tensão para o Brasil e de que forma podemos ser afetados?

JBM: O Brasil sempre foi um País que tinha sua diplomacia de centro ou de diálogo. No último ano o governo brasileiro apontou seu radar para um alinhamento que eu diria perigoso, para não dizer subserviente aos Estados Unidos. O Itamaraty, se não errar, não vai descambar para o lado americano, não vai tai tomar partido dos americanos, até porque tem uma conta muito grande com o outro lado. O Brasil tem uma balança comercial muito importante com o Irã, com aquela região menos favorecida. Olhando para os Estados Unidos como centro do lucro, acho que o Brasil não deve tomar partido. O governo tá certo em não ter se posicionando de forma mediata e tempestiva de um lado para o outro. O Itamaraty parece que nas suas últimas horas está na posição que apresentou há muito tempo, não disse para qual lado a sua bússola apontaria.

OP: Como a economia brasileira pode ser afetada?

JBM: Por outro lado a economia brasileira vai ser afetada até a décima frequência. O petróleo de 60 dólares no final de hoje chegou a 69 dólares o barril. Isso certamente vai afetar nossa economia, porque a Petrobrás tem os preços mais baratos dentro do contexto internacional. Se o petróleo afetar a capacidade de produção, se for reduzido por causa desse embate vai ter uma consequência no nosso bolso aqui no Brasil.

Na vista política acho que ainda é cedo e espero que o governo não tome partido e não tome o pior partido fazendo alusão a algum movimento positivo de apoio ao governo.

OP: De que forma um possível impeachment de Donald Trump poderia afetar nos rumos da tensão entre os países?

JBM: Acho que isso não vai acontecer, mas é possível que os próximos passos, as próximas consequências do Irã e de seus possíveis aliados e simpatizantes possa afetar a estabilidade do presidente Donald Trump. Hoje ele tá surfando numa economia estável com o PIB em crescimento, desemprego em declínio e uma balança comercial favorável. Ele tem uma plataforma de governo sólida que não traz constrangimento para reeleição este ano, mas as consequências podem ser negativas para ele e o cenário mais a frente por adversos. Mas ainda é cedo, precisamos esperar qual o movimento de reação. A ação de morte de Soleimani não vai ficar como está. Haverá uma reação direta do Irã. Isso precisa ser considerado nos próximos dias.

Os governos dos países que em tese são aliados dos Estados Unidos estão com o olhar bastante atento para os movimentos que Irã vai tomar. Isso vai de uma maneira muito direto sinalizar qual vai ser o comportamento de pessoas em aeroportos, pessoas que viajam, as empresas, as corporações, as operações…

OP: O acordo nuclear do Irã pode retornar no meio nessa briga?

JBM: O acordo nuclear do Irã que estava adormecido agora pode ser uma miragem. O Irã tem um poder de transformação do Urânio, isso ficou na agenda mundial. Eu me lembro que o Brasil, com o embaixador Celso Amorim, tentou uma negociação com o Irã e acabou não prosperando. Isso vai voltar à tona, e também pode trazer outras consequências com outras nações que têm as armas nucleares como agenda de estado e de governo atual. Os próximos dias serão cruciais para vermos resultados e precisamos estar atentos para isso.

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