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sábado, 26 de outubro de 2019

O FLERTE TOTALITÁRIO,COM ALERTA DE GOLPE

Por ipuemfoco   Postado  sábado, outubro 26, 2019   Sem Comentários


Foi uma balbúrdia quase ficcional. O partido trincou. Sobraram pancadas para todos os lados. Acusações, chantagens, gravações ilegais, xingamentos, ameaças. 

O pandemônio dos podres poderes deixou vísceras expostas a céu aberto. Para o brasileiro comum, pagador de impostos e esperançoso de um governo que dê rumo e fôlego ao País, não há como não se escandalizar com o esquema de pressão de votos em cima de aliados (o próprio presidente foi pilhado articulando a unção do filho à direção, na base do “assina, senão é meu inimigo”), deposições de líderes e rearranjos nada republicanos que ocorreram ao longo das últimas semanas sob o guarda-chuva do PSL, a sigla que elegeu Jair Bolsonaro.

Não foi apenas uma algazarra descompromissada, sem maiores consequências. Tinha método e objetivo. 

A marca da traição oficial, já vista e repetida em inúmeras ocasiões, escondia até aqui ambições inconfessáveis, dentre as quais a de instrumentalizar e manipular uma agremiação para se apropriar de seu fundo partidário — como passo preliminar — e, mais tarde, usá-lo como trampolim para um projeto de controle totalitário do Estado. 

A cada eleição, tanto na do ano que vem quanto na de 2022, a ampliação da rede de comando bolsonarista desponta como objetivo maior. Não existem mais dúvidas: está no radar do mandatário a articulação de um golpe engenhoso e cuidadosamente traçado para se perpetuar no Planalto.

O bote vem sendo armado e as movimentações em curso dão conta do êxito da empreitada. O filho Eduardo, que desistiu temporariamente da embaixada em Washington (por falta de apoio parlamentar, registre-se, muito mais do que por sua evidente incapacidade ao posto pretendido), assumiu a legenda em São Paulo. 

O primeiro filho, Flávio, aquele do laranjal, controla os desígnios políticos da tropa no Rio de Janeiro. E em Minas, o comando segue com o ministro Marcelo Álvaro Antônio, quadro de confiança do capitão, que não é demitido de maneira alguma, nem mesmo quando denunciado pela Polícia Federal por formação de quadrilha. Está tudo dominado. A tentação totalitária paira no ar.

O Messias abocanhou o partido, vem seduzindo as Forças Armadas com a distribuição de mais de 2.500 cargos em 30 autarquias e instituições federais, aproximou-se do STF para acertos com os magistrados Dias Toffoli e Gilmar Mendes contra investigações de corrupção pela Coaf, Receita e PF, enquanto sustenta-se no apoio de alguns setores empresariais para lhe dar suporte financeiro no traçado de novos voos. 

De quebra, promove ações populistas como a da concessão do 13º salário no Bolsa Família, inebriando as massas. Esse filme já foi visto aqui e alhures. No Brasil dos idos de 60, no período pré-militar, o ambiente e as ações se desenhavam com script e figurino semelhantes.

Insatisfação popular, busca da ordem e consequente imposição da força até o controle absoluto do Estado. Na Venezuela de Hugo Chaves, que assumiu com pendores sociais, as instituições foram cooptadas e os passos na direção da ruptura democrática se deram de maneira acelerada até o país acabar como todo mundo sabe e vê. 

O modelo de controle dos setores produtivos, de perseguição a adversários, da censura a liberdade de expressão e de exclusão dos direitos básicos do cidadão verificado ali se transformou em um anacronismo, mas parece servir de referência a certos aventureiros de plantão no cerrado brasiliense. Muitos se apressarão a dizer que no Brasil é diferente.

Um País de dimensões continentais, desenvolvido, sem espaço para déspotas de outras paragens bananeiras. Iludem-se ou se esquecem de como começam os regimes de exceção. Ao menos na cabeça do “Mito”, pode anotar, o sonho está desenhado. 

Tão certo como um dia atrás do outro, é possível prever que o senhor Jair Bolsonaro não irá aceitar qualquer resultado na próxima eleição presidencial que não o da sagração de seu nome para um novo mandato. Do contrário irá reclamar que foi fraude (já fez isso nas eleições passadas, mesmo ganhando). 

Exigirá medidas extraordinárias. Ensejará esforços para o famigerado golpe ou maquinações que mudem o resultado das urnas.

Pode apostar. Bolsonaro é capaz de repetir o indígena Evo Morales no que ele pratica agora na Bolívia. O Brasil parece fadado ao encontro com o extremismo mais uma vez. As peças se movem. Eduardo, o pseudo diplomata, assumiu a ferro e fogo na base da chantagem de bastidores. 

Os quadros políticos tiveram de apoiar seu nome ou iriam sentir o peso da vingança presidencial. Veio o racha. Os dois grupos ideológicos da agremiação não se entenderam, até porque Dudu não encarna propriamente a figura do conciliador. 

O capitão com delírios esquizofrênicos de se imaginar perseguido por todo mundo que não é de sua família ofereceu ferramentas e guarida aos filhos para pintarem o sete, como acharem melhor.

A ordem unida do capitão qualquer um ouviu: “se eu puder dar filé mignon pro meu filho, eu dou”. É possível esperar tudo daí. Tretas intramuros do Palácio e desvios de conduta vêm sendo verificados (como mostra a reportagem de capa exclusiva nesta edição de ISTOÉ). 

No entorno presidencial, todo mundo que se aproxima e oferece influência é queimado pelos rebentos. A briguinha infantil armada por eles aqui e ali provoca vergonha alheia. Os próprios não sentem a menor vergonha. Agem como verdadeiros procuradores do pai. Mandam. 

Quase governam em seu nome. Carlos, o aguerrido condutor da milícia digital, nas palavras dos próprios correligionários, vai às redes sociais do patriarca para escrever o que bem quer e contra quem quiser, sem nem consultar.

Completando a trinca, Flavio e Eduardo polarizam as atenções e deliberações nos tenros dez primeiros meses de quatro anos de mandato pela frente. Bolsonaro, o pai que foi eleito pelos brasileiros, parece um peão nas mãos dos rebentos. E ninguém dá jeito. A verdade inconveniente é que o núcleo duro do governo se concentra ali. 

Se alguém desponta no horizonte, ganha prestígio e confiança do chefe da Nação, logo é abatido. Foi assim sistematicamente. Na longa lista, os ex-ministros Gustavo Bebianno e general Santos Cruz, o vice Mourão, a líder Joice Hasselmann e mesmo os czares Sergio Moro e Paulo Guedes sentiram de alguma forma o cheiro da fritura. 

Quem sobe leva pancada. Para o projeto de poder bolsonarista só importam os filhos, o guru da Virgínia, Olavo de Carvalho, e a camarilha de adeptos incondicionais. Não deixa de ser um sinal da velha política do caudilho que, um dia, se pretendeu nova.CARLOS JOS[E MARQUES

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