Pela matemática estrita, é mais fácil Haddad passar Bolsonaro do que o candidato do PSL vencer no primeiro turno.
Não só por isso. Neste século – que já conta 18 anos e já vai para a quinta eleição presidencial – sabe quantos presidentes foram eleitos no primeiro turno? Zero.

A última vez em que isso ocorreu foi na eleição de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Tinha sustentação de parlamentares, governadores e prefeitos que Bolsonaro não tem. Nem Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou Dilma Rousseff (PT) tiveram naquela dimensão. Quase não havia governadores de oposição àquela altura. Prefeitos eram raros.

Mesmo Lula nunca venceu no primeiro turno. É situação difícil, improvável. Quem conseguiu foi só FHC, duas vezes, com a máquina do governo e oposição fraca. Um candidato de oposição conseguir tal feito seria realmente impressionante. Não parece provável.

Porém, isso leva em conta uma realidade política que existiu até 2015, 2016. Esse quadro mudou e ainda não se sabe ao certo quanto. Transitamos em bases novas, incertas e perigosas. Os parâmetros mudaram e estamos ainda entendendo-os.
A chance de Bolsonaro

Pelo que as pesquisas indicavam até domingo, a hipótese de vitória no primeiro turno não parecia concreta. Porém, o crescimento que Bolsonaro apresentou tanto no Ibope quanto no Datafolha sinaliza que pode se formar uma onda na última semana. Pode, mas seria uma surpresa.

Mas, é possível se houver fenômeno de voto útil. Se eleitores de Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), João Amoêdo (Novo) e Henrique Meirelles (MDB) migram todos para Bolsonaro, ele vence no primeiro turno. É provável? Nem um pouco. É possível? É.

É improvável porque muitos eleitores desses candidatos não engolem Bolsonaro. Muitos eleitores de Marina, em particular.

Porém, há espectro maior de votos para Bolsonaro atrair. De brancos e nulos, 8% no Datafolha. De indecisos, 5% no mesmo instituto.

Nada disso é provável. Mas, não é impossível e já foi mais difícil.

Tudo isso a considerar que as pesquisas estejam até aqui captando o real sentimento do eleitor. Porque nunca se deve descartar que haja fenômenos que elas não são capazes de perceber. Ainda mais em cenário tão incerto.