Uma declaração recente do senador Tasso Jereissati, grande líder do PSDB e da oposição cearense, soou meio esquisita como tentativa de injetar entusiasmo na candidatura do General Teophilo ao governo do Ceará.
Foi durante o evento de lançamento do empresário Luis Eduardo Girão, filiado ao Pros, como nome da aliança oposicionista para disputa de uma das vagas ao Senado Federal em 2018, que Tasso saiu-se com a seguinte frase: "“Não vamos deixar acontecer WO aqui".
Tudo bem, há necessidade de ir ao conjunto da declaração, que também fala da "vergonha" que representaria para o Ceará a ausência de uma disputa eleitoral pelo governo, hoje comandado por Camilo Santana, do PT, provável candidato à reeleição.
Tasso ainda ressaltou a presença, naquele ambiente onde se dava o lançamento da candidatura de Luis Eduardo Girão, de "homens sérios e valentes", destacando o evento como demonstração de que o Estado não é feito apenas por "políticos acomodados e aproveitadores do poder".
Menção implícita, com algum nível de explicitude para alguns olhares, aos que se juntam no extravagante (pelo tamanho) bolo partidário que deve engordar a aliança governista para a campanha. Uma boa tacada na turma do outro lado, é verdade, mas com brecha para gerar algumas dúvidas também do lado de cá - na perspectiva de onde está Tasso -, pelo aspecto dúbio que termina potencializando.
Isolada, como acabou explorada em várias manchetes, a declaração dá a entender a candidatura do general tucano ao governo como mera estratégia para cumprir tabela dentro de um jogo com vencedor conhecido por antecipação.
É uma dúvida de que não precisaria a essa altura o General Teophilo, pela primeira vez enfrentando o mundo fantástico de uma campanha eleitoral. Tem sido grande seu esforço de, em meio a dificuldades objetivas reconhecidas, apresentar entusiasmo e injetar o mesmo ânimo nos que o acompanham no cumprimento de uma agenda frenética de pré-candidatura, Interior adentro, serra acima, do sertão ao litoral. A paixão que demonstra parece cristalina, da mesma forma que a expectativa de que a vitória parece possível, adversidades à parte.
Seria exagero caracterizar a referência de Tasso ao WO como "fogo-amigo", mas, é certo, ela impõe uma dificuldade desnecessária àquele esforço de mostrar viável um projeto eleitoral que, nesse momento, mostra-se ousado ao pretender tirar do poder um grupo político que reúne em torno dele um conjunto de 24 partidos.
Qualquer passo em falso torna a luta ainda mais inglória, o que exige das vozes referenciais, com especialidade, discursos que não deixem qualquer rastro de dúvida pelo caminho.
É preciso dizer que a boa fé da análise feita pelo senador tucano não está em discussão, valendo o debate por se tratar de um político já experiente e que conhece bem a força das palavras dentro de um ambiente em que elas são exploradas de acordo com a conveniência de cada um.
GUÁLTER GEORGE/OPOVO
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