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quarta-feira, 8 de março de 2017

MENSALÃO DA CÂMARA MUNICIPAL DE FORTALEZA COLOCA EM XEQUE CREDIBILIDADE DE JORNALISTAS NO CEARÁ

Por ipuemfoco   Postado  quarta-feira, março 08, 2017   Sem Comentários


A engenharia é bem simples: para que o dinheiro não saia diretamente do Poder para jornalistas e empresas, ele passa por uma agência de publicidade.

Semana passada o sítio EmOffCE (não confundir com o Ceará Em Off) publicou a primeira parte da lista de profissionais e empresas de comunicação que recebem dinheiro da Câmara Municipal de Fortaleza (CMFOR), através da triangulação com uma agência de publicidade.

A engenharia é bem simples: para que o dinheiro não saia diretamente do Poder para jornalistas e empresas, ele passa por uma agência de publicidade. 

Dessa forma é dada a versão oficial de que se trata de publicidade e propaganda, compra de espaço, etc. 

Essa estratégia pode servir tanto para essa “remuneração” quanto para a “lavagem de dinheiro”, como também publicou o sítio na atualização passada, através da prestação de serviços que não são de fato prestados, com o dinheiro, após recolhido os impostos, ser rateado entre empresas participantes, parlamentares e Presidência da Casa. 

Esquema igual ao que desvendaram as investigações das ações que tramitam no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) quanto ao processo que envolve crime eleitoral da chapa Dilma/Temer em 2014, com a confirmação de que as gráficas contratadas e apontadas como integrantes das falcatruas não têm a estrutura mínima para prestarem o serviço descrito nas prestações de conta. 

Na CMFOR para não ficar tão aparente essa “subvenção” oficial à imprensa, é intermediada pela agência – no caso exposto a EBM Quinto, antes era a Síntese e atualmente a SG Propag – para camuflar. Trata-se do arrego para a imprensa, o famoso “jabá”.

Como já foi dito aqui, esse tipo de “subvenção” coloca em xeque a credibilidade de profissionais e empresas de comunicação quanto às matérias divulgadas a quem lhe remunera. Ainda que a ladainha seja de “separação entre a linha editorial e o setor de publicidade”, na prática o que ocorre é justamente o inverso. 


No meio, todos sabem disso. Existem as famosas pautas “rec-rec”, que significam as “recomendadas”, ou seja, são de interesse da empresa ou de quem ocupa o “aquário” (direção de jornalismo, editor geral ou qualquer outra posição de mando). É também senha de que a pauta não pode ser “derrubada”. 

Então, quando empresa de comunicação ou jornalista se derrama em elogios a um político, Poder, empresa, etc., significa, via de rega e com raríssimas – mas bota raro nisso – exceções, que aquele elogio e/ou citação teve como motivo um arrego/jabá pago. Tem sido assim há décadas.


Existe, ainda, a citação elogiosa exatamente para tentar que o “agraciado” dê alguma subvenção, para que o concorrente faça o mesmo e/ou até não elogiosa, com o mesmo intuito. 

Para que tenhamos uma ideia, a coluna do “Fagundes” Alan Neto (jornal O Povo), do dia 19/02/17, sob o título “Cascas de banana”, em 19 tópicos, versavam sobre diversos assuntos políticos e empresariais.

E para que se faça justiça, ele não é o único a fazer isso. Praticamente todos incorrem na mesma ação anética.

Abaixo a lista com os demais nomes.

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Dentre os que recebiam arrego da CMFOR via EBM Quinto nomes bem conhecidos, como Késia Diniz – blog Política com K – (R$ 1.500,00), Luzenor de Oliveira – portal Ceará News – (R$ 10.000,00), Márcio Lima – então na Rádio Verdes Mares AM – (R$ 1.200,00), Nicolau Araújo – à época um dos redatores do blog do jornalista Eliomar de Lima e hoje coordenador de Comunicação da CMFOR, o que torna o fato ainda mais grave – (R$ 2.500,00), Leda Maria – jornal O Povo – (R$ 3.000,00), Jácome Pastore – TVC – (R$ 800,00), Ricardo Mota – TV Diário – (R$ 800,00), Sílvio Carlos – jornal Diário do Nordeste – (R$ 1.500,00), Sônia Dinheiro, ôps, Pinheiro – jornal O Povo – (R$ 3.000,00), Tina Holanda (R$ 1.300,00), Paulo César Noróes – atual diretor do Sistema Verdes Mares e colunista de política do jornal Diário do Nordeste, o que, também, agrava ainda mais o fato – (R$ 3.000,00), Roberto Moreira – sócio de PC Norões na empresa TV Clipping Gravações e diretor de jornalismo da TV Diário, idem – (R$ 5.000,00), Wilton Bezerra Jr. (R$ 3.000,00), Walter Bardawill – programa Da hora, TV União – (R$ 3.000,00), jornal O Povo (R$ 50.000,00), jornal Diário do Nordeste (R$ 40.000,00), jornal O Estado (R$ 27.200,00), TV Cidade (R$ 20.000,00), TV Diário (R$ 45.000,00), Rádio Verdes Mares AM/FM (R$ 12.584,00).

O arrego foi pago até mesmo para quem nem estava mais no meio, como a jornalista Pollyana Menezes, esposa do apresentador Nilson Fagata – programa Gente na TV, da TV Jangadeiro –, que recebia R$ 1.800,00. 

Ocorre que nessa época a moça já havia se afastado da TV, onde trabalhava, dedicando-se à empresa de confecções da qual é proprietária, a Polly Confecções. 

Seria essa uma forma do marido, indiretamente, receber o arrego sem que seu nome conste oficialmente da lista? Até ex-jornalista, proprietária de confecção recebia sinecura bancada pelo contribuinte. Um verdadeiro acinte ao munícipe.
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O arrego aos profissionais de imprensa custava ao contribuinte R$ 147.930,00 mensais e para as empresas de comunicação R$ 342.714,00, apenas dessa lista que o sítio Em Off teve acesso. Somente com jabá a esses listados a CMFOR despendia a bagatela de R$ 490.644,00. Isso mesmo, quase meio milhão de reais, em valores de julho de 2014. 


Aplicando-se o IGP-M do período, chegamos ao valor atualizado de R$ 592.581,52. Hoje esse valor corresponde a quase R$ 600 mil. Trata-se de um esquema que não vem ocorrendo desde 2014, mas de muito tempo antes. Quanto seria o arrego na gestão Salmito Filho?

Os planos do presidente da CMFOR são bem visíveis: quer eleger-se deputado estadual para, em seguida, se “cacifar” para concorrer à Prefeitura de Fortaleza. 


Para pavimentar esse caminho, usa o dinheiro do contribuinte para ter a “atenção” de profissionais e empresas de comunicação. Na mídia, elogios não são graciosos, sempre vêm acompanhado de algum tipo de interesse. Já dizia o genial Millôr Fernandes: “jornalismo é oposição, o resto é armazém de secos e molhados”. 

Essa é a tônica, cabe ao jornalista sempre lançar o olhar crítico, sempre procurar o que não está aparente, o que as entrelinhas sugerem. Jornalismo de obviedades nada mais é do que exercício tautológico distorcido. 

Em sendo remunerado para falar da CMFOR, de seu presidente, que autonomia terão para cumprir o mister jornalístico? Transformam-se em serviçais mantidos por sinecuras, utilizando a profissão, o espaço que possuem na mídia como balcão de negócios.

Mas o arrego pode vir de outra maneira, cruzada, não direta. Para fugir no nepotismo, muitos parlamentares utilizam a estratégia de empregar parentes de seus colegas em seus gabinetes, enquanto seus pares fazem o mesmo com os deles, dessa forma burlando a lei e se “resguardando” de acusações de usar o cargo, sua estrutura como cabide de emprego. 
Nessa linha de raciocínio pode-se entender a nomeação da advogada Nadja Furtado Bortolotti para um cargo comissionado na Comissão de Direitos Humanos e Assessoria Jurídica da Câmara Municipal de Fortaleza, em 22 de dezembro de 2016. 

A advogada é filha do diretor institucional do Grupo de Comunicação O Povo, Plínio Bortolotti, também redator da coluna dominical Menu Político. 

A engenharia é bem simples: para que o dinheiro não saia diretamente do Poder para jornalistas e empresas, ele passa por uma agência de publicidade.

Evidentemente não se questiona aqui a competência ou não da nomeada para o cargo, mas diante dos fatos – arrego para dezenas de profissionais de imprensa e empresas de comunicação – é difícil não pensar que esse ato do presidente Salmito Filho não tenha uma intenção a mais. 

Afinal, a mulher de César não tem apenas que ser honesta, mas parecer honesta... Abaixo o ato de nomeação da moça, publicada no Diário Oficial do Município.
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pliniobortolotti01Militante do PT por anos, tendo atuado na imprensa sindical (Sindicato dos Bancários), Bortolotti não consegue mascarar sua origem e paixão partidária. Em sua última coluna, usando relatórios do Banco Mundial que convergem para as bandeiras petistas, faz uma pregação pelo aumento do Bolsa Família atender aos “novos pobres”. “Coincidentemente” um dos maiores cabos eleitorais petistas. 

E para não deixar dúvida seu matiz político, escreveu: “Desigualdade A queda na desigualdade ocorrida na década 2004-2014 poderá voltar a números piores, segundo o Banco Mundial, devido à redução dos salários e ao desemprego”. 

Curiosamente o período do “milagre petista”, onde as maquiagens fiscais e programas sociais eleitoreiros corrosivos ao erário vitaminavam as gestões petistas. Sobre imprensa e democracia, escreveu certa vez em sua coluna: 

“O grande valor da imprensa tradicional, por mais ‘governista’ ou ‘partido de oposição’ que seja, é que ela não pode tomar esse caminho, no que diz respeito à verdade factual. E isso, nos tempos que correm - apresentar os fatos como eles são -, é de valor inestimável, chega a ser revolucionário. E essa função tem de ser preservada, pelo bem da democracia e da liberdade”

Referia-se à manipulação de dados. Espero que ensine a lição à filha e ao presidente Salmito...

Sobre a militância implícita mais do que explícita do jornalista está o registro na coluna da ombudsman d’O Povo, sobre o fato de uma leitora ter reclamado com veemência o fato de ter recebido seu exemplar de assinante com a revista Veja encartada, reproduzindo declaração o diretor de Mercado Leitor, Victor Chidid: 


“Essa é uma ação comum que os jornais fazem. Temos uma parceria antiga com a Editora Abril. Selecionamos assinantes antigos e fiéis, para receberem esta cortesia. Distribuímos cerca de 2.000 revistas e só tivemos duas reclamações, a que você me repassou, e outra, enviada pelo Plínio (Bortolotti, diretor Institucional do O POVO)”. 

A revista Veja é demonizada por dez entre dez petistas, por sua postura pró-impeachment da então presidente Dilma Roussef.

IRREGULARIDADES – A Câmara Municipal de Fortaleza tem sido lugar de diversos absurdos das mais variadas naturezas, o arrego à imprensa é apenas um deles. 


Semana passada não foi incluída a imagem do empenho assinado pelo então diretor geral da CMFOR, Robson de Oliveira Loureiro, pelo diretor financeiro José Aurélio Filho e pela contadora Maria Aparecida Barbosa, no caso do desvio na Verba de Desempenho Parlamentar, no caso das agendas fictícias. Abaixo o empenho com as assinaturas.FONTE;CEARÁEMOFF
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Fonte: EmOffCE
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