É preocupante observar que a política em muitas regiões do Brasil continua se transformando em um palco de arranjos
familiares e alianças fechadas nos bastidores, em vez de ser um espaço de renovação, serviço público e compromisso com o interesse coletivo.A notícia de que Cid Gomes pretende disputar a reeleição ao Senado trazendo consigo o deputado federal Júnior Mano e sua esposa, Giordanna Mano,prefeita de Nova Russas, para concorrerem ao cargo de deputado federal em 2026 reforça justamente esse padrão que há tanto tempo cansa a sociedade: a perpetuação de grupos e oligarquias na vida pública.
Quando líderes políticos se organizam para “cobrir” espaços entre si, distribuindo candidaturas como se fossem cargos hereditários, a democracia perde. A política deixa de ser arena de propostas e debates de fundo para se tornar um jogo de poder que protege interesses estabelecidos, muitas vezes alheios às necessidades reais da população.
A candidatura encadeada de figuras ligadas entre si — e isso inclui familiares e aliados próximos — levanta dúvidas sobre pluralidade de representação, acesso democrático à política e compromisso com renovação de ideias.
Não se trata apenas de discordar de um nome específico, mas de apontar um padrão que afasta cidadãos comuns da possibilidade de participar verdadeiramente da vida pública.
A política transformada em rede de proteção mútua entre políticos tradicionais é um dos maiores obstáculos para mudanças profundas no Brasil: desde educação, saúde e segurança pública até infraestrutura, emprego e desenvolvimento regional.
É também uma contradição com aquilo que muitos brasileiros clamam hoje nas ruas e nas urnas: mais transparência, mais meritocracia e menos políticas de compadrio. A tentativa de cristalizar um grupo político que se replica pela via familiar ou de alianças fechadas deveria ser um alerta para eleitores, imprensa e movimentos sociais: a democracia morre de inanição quando os espaços de poder deixados aos cidadãos são ocupados por listas fechadas de “apoiadores de sempre”.
Que esse quadro sirva de estímulo para o debate vigoroso sobre renovação política, limites éticos às coligações familiares e clientelistas, e sobretudo para que a sociedade reavalie seus mecanismos de escolha e exigência de candidatos que representem verdadeiramente a diversidade de vozes e demandas do Brasil de hoje.IPU EM FOCO

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