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terça-feira, 6 de dezembro de 2016

O TAMANHO DA TURBULÊNCIA

Por ipuemfoco   Postado  terça-feira, dezembro 06, 2016   Sem Comentários

Fez ontem sete meses desde que a decisão de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) afastou Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara dos Deputados, para não mais voltar. 

Desde aquele 5 de maio, a crise política derrubou o presidente da Câmara, a presidente da República e agora afasta o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

O Brasil já viveu inúmeros golpes de Estado, suicídio de presidente, fechamento do Congresso Nacional. Mas, desconheço furacão que tenha, em tão curto intervalo, atingido Executivo e Legislativo de forma generalizada.

A dimensão do que o País atravessa é profunda e estrutural. Se é bom ou ruim o tempo dirá. Cabe a nós lutar para que turbulência dessa dimensão resulte em transformações positivas. Que o futuro seja melhor que o passado. 

Que as causas dos escândalos e da instabilidade sejam atacadas. Porque não se sai de tamanha tormenta do mesmo modo como se entrou. Se as coisas não melhorarem, elas irão piorar. Igual é que não vai ficar.

PMDB COMBALIDO

Calheiros é uma das cabeças coroadas do PMDB. Assim como era Eduardo Cunha.

Geddel Vieira Lima deixou a Secretaria de Governo no mês passado, sob acusação de tráfico de influência, que partiu do ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero. Eliseu Padilha, ministro-chefe da Casa Civil, teve ontem os bens bloqueados pela Justiça. Dos homens fortes do PMDB, apenas um não foi alvejado pelos escândalos. Trata-se de Michel Temer e está na Presidência da República.

ATÉ ONDE A CRISE ALCANÇARÁ

A Lava Jato tem como mérito maior ter alcançado os fundamentos da corrupção no Brasil, na relação entre empreiteiras e poder público. Essa relação promíscua entre público e privado está na raiz da formação patrimonialista do Estado. 

Por isso, atinge de forma generalizada os diversos partidos. Nenhum grupo que de alguma forma esteve atrelado ao poder está incólume. Por isso os efeitos da Lava Jato avançam de forma tão capilarizada. O escândalo não cabe em um partido.

Renan Calheiros não é afastado por causa da Lava Jato. Mas, é difícil imaginar que o presidente do Senado seria afastado do cargo, não fosse o cenário de suspeitas sobre ele e de instabilidade. Os nove anos de demora na tramitação do caso não se justificam apenas pela conhecida morosidade do Judiciário.

Há interesses em quase todos os partidos em frear a Lava Jato. Mas, depois que processo como esse foi desencadeado, ninguém sabe onde vai parar. Não é situação destituída de risco. O descrédito em que a operação lança a política é perigoso. Se as alternativas políticas são desacreditadas, abre-se caminho para o autoritarismo.

Porém, é difícil calcular até que ponto essa culpa é da operação. Se partidos em conjunto enfronham-se em esquemas de corrupção e são por isso responsabilizados, a Justiça apenas está fazendo seu papel. E é necessário que o faça. 

Pior que a Lava Jato destruir o sistema político seria que ela alcançasse alguns dos culpados e deixasse outros no lugar, igualmente implicados. Resta torcer para que, dos escombros, restem saídas políticas para a construção do futuro. Leia o que comentei há sete meses neste link: http://bit.ly/lavajato3

INCRÍVEL QUE TENHA DEMORADO TANTO

Renan Calheiros foi o primeiro dos presidentes de poder na República a estar enrolado na Lava Jato. Há mais de dois anos, em setembro de 2014, eram veiculadas informações de que ele era citado em delação de Paulo Roberto Costa, na operação Lava Jato. Foi afastado ontem, de forma temporária, muito depois de Eduardo Cunha ter renunciado à presidência da Câmara, de o mandato dele ter sido cassado e ele ter sido preso. 

E após Dilma Rousseff (PT) ter sofrido impeachment — formalmente, não por causa da Lava Jato, mas enormemente influenciado pela operação. Calheiros é afastado não por causa da Lava Jato. O motivo de sua saída é o fato de ter virado réu numa denúncia que o forçou a renunciar à presidência do Senado nove anos atrás.

A capacidade de sobrevivência política da Calheiros é espantosa. Foi líder do governo Fernando Collor, ministro de Fernando Henrique Cardoso, presidente do Senado com apoio de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma. Já citado na Lava Jato, foi reeleito no comando do Senado. 

Em março de 2015, virou alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal pelas denúncias de corrupção na Petrobras. Mesmo assim, sustentou-se até agora. Sua saída abre novo capítulo na crise política. Mais a respeito no link: http://bit.ly/calheiros2

AFASTAMENTO RECOLOCA PT NO JOGO POLÍTICO

O afastamento de Calheiros é problema para Temer não apenas por atingir um correligionário. Quem assume o cargo é o 1º vice-presidente, senador Jorge Viana (PT-AC). O PT, assim, retorna de forma provisória ao comando de um poder. E retoma o comando da agenda legislativa num momento crucial. 

O governo vai apresentar a reforma da Previdência, aguarda conclusão da votação do segundo turno do teto de gastos públicos. E seria votado hoje o controverso projeto sobre abuso de autoridade, que pode punir juízes e membros do Ministério Público. Com Viana, tudo isso se torna incerto.o povo

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