Pages

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

MINISTROS BATEM BOCA NA SESSÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Por ipuemfoco   Postado  quinta-feira, novembro 17, 2016   Sem Comentários


Os ministros Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes protagonizaram uma discussão áspera durante a sessão
desta quarta-feira (16) no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF).

A contenda começou quando Lewandowski questionou um pedido de vista de Mendes, mesmo após ele já ter votado em relação a uma ação.

Em geral, os ministros pedem vista quando querem mais tempo para analisar um caso antes de votar, interrompendo o julgamento e adiando a decisão final para uma data indefinida.

“O ministro Gilmar Mendes já não havia votado? Eu tenho impressão que acompanhou a divergência. Depois votou o ministro Marco Aurélio e sua excelência [Gilmar Mendes] está abrindo mão do voto já proferido e pediu vista? Data vênia, um pouco inusitado”, observou Lewandowski.

“Enquanto eu estiver aqui eu posso fazê-lo [...]. Vossa excelência fez coisa mais heterodoxa...”, rebateu Mendes.

“Eu, graças a Deus, não sigo o exemplo de vossa excelência em matéria de heterodoxia. Graças a Deus, e faço disso ponto de honra”, treplicou Lewandowski.

“Basta ver o que vossa excelência fez no Senado”, respondeu Gilmar Mendes a Lewandowski, em referência indireta à decisão de Lewandowski no processo de impeachment que permitiu à ex-presidente Dilma Rousseff voltar a exercer funções públicas, apesar da condenação.

“No Senado? Basta ver o que vossa excelência faz diariamente nos jornais...”, disse Lewandowski.

“Faço isso inclusive para poder reparar os absurdos que vossa excelência faz”, rebateu Mendes.

"Absurdos não, vossa excelência retire o que disse. Vossa excelência está faltando com o decoro não é de hoje. Eu repilo qualquer... Vossa excelência por favor me esqueça!”, rebateu Lewandowski.

“Não retiro”, disse Mendes.

“Bom, então, vossa excelência se mantenha como está. Eu reafirmo que vossa excelência está faltando com o decoro que essa corte merece”, finalizou Lewandowski.

Julgamento

Durante a sessão, os ministros discutiam se servidores devem pagar contribuição previdenciária sobre verbas extras incorporadas à remuneração, como adicionais por insalubridade e trabalho noturno, um terço de férias e horas extras.

Antes da interrupção do julgamento por Gilmar Mendes, já havia maioria de seis votos, entre os 11 ministros, contra a cobrança sobre tais valores. O pedido de vista do ministro foi feito quando a presidente do STF, Cármen Lúcia, iria proclamar o resultado, pondo fim ao julgamento.

Antes, na sessão, Lewandowski votou contra a cobrança, ao contrário de Mendes, que alertou para a "gravidade" da decisão que estava sendo tomada, lembrando do momento de crise fiscal pelo qual o país passa.

Relator do caso, o ministro Luís Roberto Barroso, disse também ter preocupações fiscais, mas explicou que o entendimento da Corte proíbe a cobrança. Segundo ele, qualquer cobrança previdenciária deve ter como contrapartida um benefício maior na aposentadoria, o que não ocorre com os adicionais.

“É imprescindível que haja algum tipo de benefício potencial. Se não, é tomar um dinheiro, via contribuição, não me parece conduta adequada. Quanto ao impacto fiscal, gostaria de lembrar que a jurisprudência do STF sempre foi essa, não estamos mudando nada, mas mantendo o que sempre foi. Sobreveio a lei e disse a mesma coisa. Não está se criando impacto fiscal novo, está se mantendo situação que vigora há muitos anos e que me parece justa", explicou.

Com o pedido de vista de Gilmar Mendes, não há data para uma decisão definitiva sobre o assunto. Até a proclamação final do resultado, qualquer ministro pode mudar seu voto.

Antecedentes

Não é a primeira vez que Mendes e Lewandowski se confrontam no plenário do Supremo. Em dezembro do ano passado, os dois também discutiram de forma tensa ao analisarem a possibilidade de condenados nos regimes aberto e semiaberto cumprirem a pena em prisão domiciliar.

Em setembro, Mendes criticou Lewandowski depois que ele afirmou durante aula na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), onde é professor titular, que o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff foi um "tropeço na democracia".

A discussão

Saiba como foi a discussão entre os dois ministros:

- Lewandowski: Pela ordem, o ministro Gilmar Mendes já não havia votado? Eu tenho impressão que acompanhou a divergência. Depois votou o ministro Marco Aurélio e sua excelência está abrindo mão do voto já proferido e pediu vista? Data vênia, é um pouco inusitado.

- Gilmar Mendes: Enquanto eu estiver aqui eu posso fazê-lo.

- Cármen Lúcia: Enquanto não estiver proclamado, o regimento permita que haja...

- Mendes: Vossa excelência fez coisa mais heterodoxa...

- Lewandowski: Eu, graças a Deus, não sigo o exemplo de vossa excelência em matéria de heterodoxia, viu? Graças a Deus e faço disso ponto de honra.

- Mendes: Basta ver o que vossa excelência fez no Senado.

- Lewandowski: No Senado? Basta ver o que vossa excelência faz diariamente nos jornais. Uma atitude absolutamente ao meu ver incompatível com ...

- Mendes: Faço isso inclusive para poder reparar os absurdos que vossa excelência faz.

- Lewandowski: Absurdos não, vossa excelência retire o que disse porque isso não existe. Vossa excelência está faltando com o decoro não é de hoje. Eu repilo qualquer... Vossa excelência por favor me esqueça.

- Mendes: Não retiro.

- Lewandowski: Bom, então, vossa excelência se mantenha como está. Eu reafirmo que vossa excelência está faltando com o decoro que essa corte merece.

Sobre o autor

Adicione aqui uma descrição do dono do blog ou do postador do blog ok

0 comentários:

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
.
Voltar ao topo ↑
RECEBA NOSSAS ATUALIZAÇÕES

© 2013 IpuemFoco - Rádialista Rogério Palhano - Desenvolvido Por - LuizHeenriquee