GESTÃO PÚBLICA; "REPETIR O PASSADO SERÁ UM ERRO CARÍSSIMO"

O desafio que está posto para os novos prefeitos eleitos e reeleitos é trabalhar para que a qualidade dos serviços públicos melhore consideravelmente sem que seja necessário aumentar impostos e mantendo a máquina administrativa a salvo das demandas políticas alheias à saúde financeira das prefeituras. 

Sem dúvidas, uma tarefa difícil diante da arraigada cultura política que faz do setor público uma extensão das necessidades dos partidos que estão no poder.

Na edição do O POVO no último domingo, uma reportagem mostrou que os 18 partidos que apoiaram a reeleição do prefeito Roberto Cláudio (PDT) já se articulam nos bastidores e iniciam as pressões para ocupar nacos do poder municipal. O que fará diferença ou não será a forma como o prefeito vai reagir a tais pressões.

Uma das formas de proteger o erário das pressões por cargos é estabelecer uma estrutura administrativa enxuta e um quadro profissional de servidores públicos. 

Quanto menor for a disponibilidade de cargos, mais criteriosas tendem ser as nomeações. Na reportagem, o prefeito de Fortaleza sinalizou a intenção de jogar para dezembro a conversa com seus aliados a respeito da questão.

Permanece hegemônica no Brasil a ideia de que a qualidade do serviço público se relaciona diretamente com gastos sempre crescentes. Dessa maneira, as políticas que buscam mais eficiência são esquecidas. No entanto, a grave crise de financiamento do setor público obriga a retomada da questão, recolocando na agenda a necessidade de otimizar os gastos públicos.

Ou seja, em vez de apenas reclamar mais dinheiro, os gestores precisam trabalhar para que o serviço público entregue ao cidadão melhore substancialmente mesmo em um cenário financeiramente árido. 

Um dos caminhos é estabelecer um padrão de incentivos aos servidores que, a partir de um processo de avaliação sério, apresente desempenho estabelecido como meta. No fim das contas, os grandes beneficiados serão sempre os cidadãos usuários dos serviços públicos.

Não há dúvidas quanto às grandes dificuldades para que os gestores públicos enfrentem este momento. Porém, as circunstâncias impõem criatividade. Repetir o passado será um erro caríssimo.