O ESTILO POLÍTICO DE TEMER E A IMPORTÂNCIA DE MOSTRAR MUITA FORÇA

Na votação da PEC 241, o presidente Michel Temer (PMDB) demarcou diferenças drásticas na forma de fazer política em relação à presidente Dilma Rousseff (PT).
Na primeira votação, ele havia obtido vantagem que surpreendeu até os governistas. 

Mesmo assim, na véspera da segunda votação, ele voltou a jantar com os deputados federais para articular a votação. Pode-se gostar ou não – e eu não gosto – mas o jogo da política real demanda esses paparicos, adulações, rapapés de toda natureza.

Pode parecer frescura, mas os políticos têm essa carência de se sentirem importantes, prestigiados. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dominava essa arte como poucos. Não fazia isso muito, mas fazia isso bem. Dilma Rousseff (PT) nunca teve talento para esse tipo de jogo. Fez poucos desses encontros e sempre se saiu mal. Ela não tinha estômago para esse jogo e não sabia esconder. Os parlamentares percebiam. Diziam que ela muitas vezes era desagradável – para o gosto deles.

Um governo não pode cair e nem cai sai só por isso. Porém, presidente também não sofre impeachment se suas relações com o meio político não estiverem esgarçadas. Temer se resguarda não apenas para garantir que isso não acontecerá com ele. Também quer estar seguro de que seus mais difíceis projetos terão a maior margem possível. 

Já estava pré-acertado com Renan Calheiros (PMDB-AL) que, após a aprovação da PEC 241 na Câmara, ele teria jantar com os senadores. Repetiria o rito e os mimos para conseguir os votos.

Até porque, sem aprovação popular e pela forma como chegou ao cargo, o mandato de Temer é precário. Não basta a ele aprovar os projetos, mostrar que tem maioria. Ele precisa ter muita maioria, muita força política, ou se torna dramaticamente instável.Érico Firmo/OPOVO