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domingo, 1 de novembro de 2015

CID GOMES; "GOVERNO DILMA ESTÁ SE ACOVARDANDO" E NÃO ENFRENTA EDUARDO CUNHA

Por ipuemfoco   Postado  domingo, novembro 01, 2015   Sem Comentários



Por qual motivo o governo não enfrenta Cunha?

O governo está se acovardando diante de Cunha. Está faltando coragem para enfrentá-lo. Passaram-se sete meses e as pessoas me cumprimentam pela minha postura na Câmara. 

Chego a um lugar onde foi feito um investimento extraordinário quando eu era governador, e a pessoa vem me cumprimentar não é por isso, é pelo meu discurso na Câmara. Essas coisas encontram eco popular. O povo está cheio disso. O governo tentar acordo com uma figura como essa não contribui em nada para que ele resgate sua popularidade. 

Pode até ficar até o fim, mas sem popularidade, qual o retorno disso? Só vale a pena estar no governo para estar bem com o povo. Estar no poder sobrevivendo, sem ter respaldo popular, para que serve isso?

Qual é a solução para o governo?

Eu não acredito em renúncia, acredito em luta. Penso que Dilma é séria e bem intencionada e quer o melhor para o Brasil. Essa minha convicção ainda não foi abalada. Vive um momento de fragilidade da popularidade muito grande, casado com a crise econômica, que em boa parte tem a ver com a matriz fiscal do governo e a condução equivocada de políticas macroeconômicas. 

Não faz sentido, em uma crise fiscal, fazer elevação de juros como se está fazendo. A lógica ortodoxa é ter juro alto e inibir o consumo, no pressuposto de que a inflação é por conta de uma demanda maior do que pode produzir o país. Essa não é nossa situação.

A exemplo do PT, o senhor acredita que o problema é o ministro da Fazenda, Joaquim Levy?

Não diria que o maior problema do governo é ele. Ele chegou em um momento de tentativa de resgate da confiança do mercado. Não faz sentido colocar nele a culpa. Mas essa coisa tem limite, insistir mais de um ano com uma política de elevação de juro está errado. 

Mas não pode pessoalizar. É oportunismo demais atribuir a um CPF uma crise que é realmente do país. O governo tem que enfrentar com transparência essa discussão. Mas sei que é muito difícil fazer isso com a faca no pescoço colocada pelo Eduardo Cunha e a oposição golpista.

Como vê a permanência de Cunha na presidência da Câmara?

Ele tem toda a prática do que chamei de achacador. É um ser abjeto, nojento, uma pessoa que passa o tempo criando dificuldades para o Executivo para arrancar vantagens. No caso dele, pessoais. Fortuna. Ele não está na presidência da Câmara à toa, porque ele representa hoje um estilo que é majoritário na Câmara. 

É um vagabundo que se aproveita do poder político. Para mim, é um morto-vivo. Mas sou descrente de que alguma providência parta do Parlamento, porque boa parte é podre como ele e outra parte, oportunista.

Por isso ele continua no cargo?

Esse é um dos fatores, mas não é o único. Tem a oposição golpista, que se aproveita do estilo dele de achaque. Ele vai no cinismo, acenando para a oposição com a possibilidade de impeachment. Tem uma grande parte da base do governo que age do mesmo jeito e, portanto, enxerga nele uma possibilidade de proteção. Ando meio cético, decepcionado com a política brasileira. Não gosto de generalizar, mas vivemos hoje um dos piores momentos da representação parlamentar no Brasil.

Mas o governo tampouco está confrontando Cunha...

Isso é o que me decepciona mais. O fundo do poço da popularidade é o governo estar apelando a tudo para permanecer. Em vez de enfrentar, acaba se rendendo a ele (Cunha). Um terço que o sustenta é a oposição ao governo, para a qual ele acena, reacionária e golpista, que coloca o ódio acima de qualquer coisa. Outra fração é tão ruim e tão promíscua quanto Eduardo Cunha e enxerga nele o protetor. Se ele cai, corre o risco de os outros irem também. Um último terço, talvez achando que não caia, tenta esse armistício com ele, quando a meu juízo devia denunciá-lo, enfrentá-lo.

Que instrumentos o governo teria, já que ele tem a caneta do impeachment?

Ele não tem a caneta do impeachment. No Brasil, jamais se fará impeachment sem elementos claros e inquestionáveis de crime de responsabilidade. Pode-se tentar de tudo, pedalada, mas até hoje nenhum motivo aparente, que possa ser fonte de convencimento, foi conseguido contra Dilma. Não se fará. Pode até se abrir o processo. Eu iria para uma medida extrema. 

Quando se está com a razão, tem que enfrentar, mesmo se expondo à chantagem ou ações oportunistas. O povo é que é o juizado. Está faltando ao governo acreditar nisso. O impeachment da Dilma leva a Michel Temer como presidente. Ele é o simbolo, presidente desse partido a que Cunha pertence e do qual inúmeros outros no mesmo estilo também são expoentes. A solução do Brasil não é por aí.

Como o senhor vê a situação do PT?

O PT para mim não é uma coisa só. Tem no PT uma turma que é igualzinha ao PMDB e defende essa aliança porque pensa do mesmo jeito, no poder pelo poder, que os fins justificam os meios. E é uma corrente majoritária. Muita gente no PT só quer indicar diretor para a Petrobras, arrancar benefícios pessoais, financeiros. 

O PT virou um partido essencialmente fisiológico. E fico escandalizado quando vejo segmentos do PT pedindo a cabeça do José Eduardo Cardozo (ministro da Justiça). Está perseguindo o PT? Não. Está agindo como ministro da Justiça, permitindo o que é obrigação, que a PF faça seu trabalho. É cara de pau, cinismo de alguém pedir a cabeça do ministro. O que querem? Que acoberte a roubalheira?

Como vê a atuação do ex-presidente Lula?

Lula não é anjo, nem demônio. Fez muitas coisas importantes, há evolução em várias áreas nos últimos quinze anos. Por outro lado, Lula é responsável pela institucionalização do loteamento, com vistas grossas, das estruturas públicas. 

Ele fechou os olhos para muitas coisas ruins que deixam sequelas graves para o país. Todo esse escândalo da Petrobras aconteceu na gestão do Lula. Com certeza é vista grossa que foi feita por ele e por quem conduzia, José Dirceu, como uma rendição da necessidade de manutenção do poder.

Dilma acabou se rendendo a isso?

Ela se rendeu a isso, mas boa parte do problema que Dilma está enfrentando com o meio político é porque ela resistiu muito a aceitar isso. Aquela história de faxina não era da boca para fora. Ela não compactua com isso como Lula compactuou. Ele deve ficar o tempo todo no ouvido dela pedindo isso.

Foi isso que resultou na perda de apoio no Congresso e de popularidade?

Não acho que uma coisa seja consequência da outra. A Dilma foi reeleita já com queda de popularidade. O governo dela acabou persistindo nos últimos anos em estratégias que oneraram os cofres públicos, deixaram as contas no vermelho, e isso não foi discutido na eleição. Ela negou uma série de argumentos da oposição, mas passou a agir como quem tinha faltado com a verdade. Esse foi o grande desastre da Dilma, não foi por falta de apoio político. Dá para falar claramente que a população tem a sensação de que ela faltou com a verdade.

Ciro pode enfrentar Lula em 2018?

Não acredito jamais que Lula seja candidato. Só se for burro, coisa que ele não é. Quem foi presidente duas vezes tem que cuidar do seu legado, da sua história.

Pode-se esperar mudança no temperamento explosivo de Ciro?

Boa parte era ímpeto da juventude. Naturalmente, ele amadureceu nesse aspecto. Mas boa parte foi oportunismo da oposição.O GLOBO

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