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sábado, 14 de novembro de 2015

CHACINA EM FORTALEZA; A TRAGÉDIA COMEMORADA

Por ipuemfoco   Postado  sábado, novembro 14, 2015   Sem Comentários

A madrugada da quinta-feira foi um dos momentos mais trágicos já vividos pela Capital. Um crime pavoroso, o maior que Fortaleza já conheceu. Porém, a comoção não tem a dimensão da violência. Caetano Veloso já cantou sobre o “silêncio sorridente de São Paulo diante da chacina” do Carandiru. 

Pois em Fortaleza o sorriso não é silencioso. É escancarado, ruidoso. Sobretudo nas redes sociais, chegou a haver comemoração pelas mortes. Sem que houvesse informações que sustentassem a suspeita – sem que nem ao menos se conhecesse a identidade dos assassinados – difundiu-se que seriam criminosos. Daí, conduziu-se à conclusão de que a morte deles é bem-vinda. 

No Facebook e no Whatsapp, houve gente dizendo ter sido justo o assassinato de quem nem conheciam e sobre quem nada sabiam. Aplaudiram a chacina, justificaram o massacre, protegeram os homicidas. Pessoas foram capazes de apoiar assassinatos a priori, antes de terem quaisquer informações sobre as vítimas. 

Não que alguma ficha criminal pudesse justificar as mortes. Ninguém merece ser assassinado, independentemente dos crimes que pesem contra si. Porém, assusta mais ainda que as pessoas aprovem a morte alheia às cegas. É aterrador que se tenha atingido semelhante grau de barbárie.

Algumas mortes são não apenas toleradas: são tratadas como desejáveis. Cotidianamente, jovens de periferia morrem e a culpa é atribuída à guerra de tráfico. Não há preocupação em identificar e punir culpados. É como se a vítima fosse culpada da própria morte. No massacre da Grande Messejana, informações oficiais apontam que nenhum tem envolvimento com tráfico. 

Mesmo que tivessem. Não importa. Não há pena de morte no Brasil. Muito menos aplicada sem julgamento e sem defesa. Pretensos “justiceiros” – do tráfico ou de onde for – atribuem-se poder de vida e morte. São juízes e carrascos. É a ausência de lei, a falência da civilização. Se a punição por descumprir lei está também fora da lei, tem-se o faroeste, barbárie.

A ausência de antecedentes criminais das vítimas não quer dizer que eles poderiam ter sido mortos caso tivessem relação com o tráfico. Mas enfraquece bastante a hipótese de guerra entre gangues.

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