Quem cai primeiro, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ou Dilma Rousseff (PT)? As complicações simultâneas de chefes de dois dos três poderes podem representar a salvação de ambas. Uma mão suja outra, na velha tradição brasileira.
O Supremo Tribunal Federal (STF), quando suspendeu a tramitação do impeachment estabelecida pelo presidente da Câmara dos Deputados, impediu o movimento para Cunha se eximir de responsabilidade por abrir o processo. Disse que não caberia recurso ao plenário contra a decisão. Ao mesmo tempo, deu ainda mais força à decisão que Cunha vier a tomar.
Cunha estava, simultaneamente, mais fragilizado pelas denúncias e com mais poder nas mãos, pelo que decidiu o STF. Combinação perfeita para favorecer a um acordo com o governo. Com o Palácio do Planalto sem nenhuma consistência na base aliada e morrendo de medo de a presidente ser deposta, criou-se o cenário que uniu a fome com a vontade de comer.
O presidente da Câmara nega que tenha feito qualquer acordo com a oposição, para derrubar Dilma, ou com o governo, para ele próprio se segurar no cargo. Tem negociado com ambos, entretanto. Ele tem sua força política seriamente abalada e dificilmente terá condições políticas de bancar o impeachment de Dilma. Mas, o governo dificilmente irá pagar para ver. A pacificação é o melhor caminho para todos os envolvidos, menos para o interesse público.
Cunha pede alto para barrar o processo de impeachment. Quer apoio do governo para barrar cassação do seu mandato e quer interferência do Planalto para pressionar a Procuradoria Geral da República para que as investigações não avancem. Ele está convencido de que o Poder Executivo joga contra ele. Não está disposto a aceitar nem mesmo a isenção. Espera o governo ao seu lado contra o Ministério Público para, em troca, não fazer nada que prejudique Dilma. Uma mão suja outra.ÉRICO FIRMO/OPOVO
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