O Bolsa Família é um dos piores alvos que se pode escolher para fazer o ajuste fiscal. Num cenário de crise, cortar investimentos contribui para agravar o problema. Ainda mais investimento social, que vai integralmente para o consumo das famílias mais pobres.
Afinal, é pouquíssimo improvável que alguém use o Bolsa Família para poupar. O dinheiro vai para despesas imediatas. Faz girar a roda da economia. No mês passado, o jornalista Rômulo Costa mostrou, no O POVO, que em sete municípios cearenses, os repasses do Bolsa Família superam o que as prefeituras recebem do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) – que, por usa vez, é a principal fonte de receita das administrações municipais.
Com a diferença de que a bolsa chega diretamente à população e custeia pequenos gastos. Movimenta o mercado local, os comerciantes. São economias que dependem do programa de transferência de renda. Em pequenas cidades, sem atividade econômica significativa, o que faz circular dinheiro é o Bolsa Família e as aposentadorias.
Ainda mais no cenário de seca grave e prolongada, essa rede de proteção social tem importância inestimável. No sertão cearense, evitou que a tragédia fosse maior. A pretexto de atacar a crise econômica, mexer no programa pode agravar drasticamente a situação, nas localidades mais pobres e vulneráveis.
O programa é elogiado mundo afora e copiado em outros países. O relator tem falado em preservar quem já recebe, mas conter a ampliação do programa e a substituição de quem deixa de receber o benefício. Porém, esse corte não fecharia a conta dos R$ 10 bilhões pretendidos pelo relator Ricardo Barros (PP-PR) – 35% das despesas previstas com o Bolsa Família. Seria preciso, para chegar a esse valor, cortar de quem já recebe.O POVO
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