Carlos Rodrigues Feitosa foi o primeiro desembargador cearense a ter o gabinete vasculhado por agentes da Polícia Federal (PF), dentro da sede do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE).
É suspeito de vender decisões liminares a R$ 150 mil, em troca da libertação indevida de criminosos, durante plantões judiciais. No birô de trabalho e em sua casa foram apreendidos HDs, pendrives, celulares, documentos, o que fosse possível rastro de corrupção.
Outros dois desembargadores aposentados, Paulo Timbó e Váldsen Alves, além de vários advogados, passaram pelo mesmo, inclusive levados sob condução coercitiva para depor. Executada no dia 15 de junho deste ano, a operação ganhou o nome de Expresso 150.
Ricardo Alves Carneiro, empresário dado por bem sucedido e com festas de sua mansão no Porto da Dunas bem frequentadas por gente importante da política, do empresariado e também do Judiciário local, é suspeito de ter abastecido sua riqueza com uma fraude junto à Caixa Econômica Federal calculada em R$ 100 milhões.
Na gíria policial, “a casa caiu” no dia 24 de março, durante a Operação Fidúcia. Ricardo e mais 28 pessoas (dois irmãos dele, vários empresários, gerentes e servidores do banco e “laranjas”) já são réus em processo na Justiça Federal.
A corrupção foi “a prioridade zero-um”, distinção feita pelo delegado Regional de Investigação e Combate ao Crime Organizado, Janderlyer Gomes, nas 13 operações realizadas pela Polícia Federal em 2015 no Ceará.
Em comparação com as 11 operações de todo o ano passado, nos nove meses de 2015 as cifras ultrapassam em pelo menos cinco vezes o que foi contido pelos federais em golpes às instituições públicas. Só a fraude investigada na Operação Fidúcia, estimada em R$ 100 milhões, bate tudo o que foi detectado nas operações de 2014 (R$ 21 milhões).
Sem contar outras seis grandes investigações originárias de outros Estados, com operações estendidas para o território cearense. As notórias Lava Jato e Zelotes passaram pelo Ceará, com apreensões e tomada de depoimentos. Neste ano, a PF também confirmou aeronaves usadas pelo tráfico de drogas incluindo o Ceará em rotas de voo. Duas apreensões foram registradas, em Pedra Branca e Canindé. Com métodos de investigação mais precisos, segundo o delegado, o combate à pedofilia na Internet fez cinco prisões em flagrante.
Servidores presos
No cerco à corrupção este ano, de tudo um pouco: desvio de verbas do Fundo Nacional de Educação (FNDE) e do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), superfaturamento e fraude em licitações, obras contratadas não (ou mal) realizadas, falcatruas com a Previdência Social, trapaça até com emissão de passaportes dentro da sede da própria Polícia Federal. Com o crime de lavagem de dinheiro colado em quase todos os casos.
“A corrupção não é um crime novo, mas sem dúvida é o crime que mais preocupa a sociedade brasileira hoje”, ressalta o delegado. Um dado chama atenção nas investigações federais no Ceará deste ano: 14 servidores públicos foram presos nas operações. No ano passado, foram quatro.ROGERIO PALHANO
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