Em meio à crise política e econômica, o Senado aprovou na última terça-feira, em segundo turno, o fim de coligações partidárias para eleições proporcionais (deputados federais, estaduais e vereadores).
A proposta de emenda à Constituição (PEC) agora seguirá para análise na Câmara dos Deputados. Por si só, a PEC tem a força de promover uma reforma política. O modelo hoje em vigor é permissivo por desvalorizar os partidos, e, muitas vezes, desvirtuar a intenção de voto dos eleitores.
É comum o eleitor votar em seu candidato e, mesmo sem querer, ajudar a eleger outro candidato de outra sigla. Isso ocorre porque o voto compõe uma cesta denominada de “coligação”.
Esse sistema concedeu aos pequenos partidos um poder inversamente proporcional à influência que possuem na sociedade. Estas siglas, chamadas de nanicas, se especializaram em contabilidade eleitoral.
A cada eleição, coligam-se a partidos maiores, lançam poucos candidatos e, invariavelmente, conseguem eleger seus escolhidos no guarda chuvas do quociente eleitoral.
Não é à toa que candidatos com baixa representatividade e votação muitas vezes insignificante venham conseguindo eleger-se. O sistema também estimulou a caça às candidaturas folclóricas. São as figuras populares, “puxadoras” de votos, recrutadas pelos pequenos partidos visando garantir a eleição de outros candidatos com votação medíocre.
Diga-se que esse sistema vem sendo estimulado nos últimos anos como um método que interessa ao partido do poder. Afinal, a forte diluição partidária fragiliza as siglas mais representativas. Uma das consequências é a absurda convivência de 28 partidos com bancada no Congresso. Com o fim das coligações, as insignificâncias partidárias sofrerão um duro golpe. Para sobreviver, terão que conquistar representatividade e, por conseguinte, votos. Na nova regra, elegem-se os que obtiverem mais votos.
Além disso, a conquista de uma grande votação por um partido vai ajudar a eleger outros candidatos do mesmo partido. Ou seja, é a chance de se estabelecer no País um sistema partidário consistente, com um razoável delineamento ideológico.
Que a Câmara dos Deputados confirme o texto aprovado no Senado e, na sequência, a presidente Dilma Rousseff sancione a nova regra para já valer nas próximas eleições municipais.
0 comentários:
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.