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domingo, 15 de março de 2015

PREFEITOS TROCAM EXECUTIVOS PELA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA

Por ipuemfoco   Postado  domingo, março 15, 2015   Sem Comentários

Mais de 20% dos deputados estaduais que compõem a atual legislatura da Assembleia Legislativa já foram prefeitos em cidades do Interior. 

Dos 46 parlamentares, 10 já ficaram a frente de gestões municipais e outros 8 são parentes de ex-prefeitos, revelando a persistência da influência do poder local no processo eleitoral. As limitações do Legislativo, porém, obriga os antigos gestores a buscarem alternativas para garantir a real assistência aos seus municípios de origem.

Entre os atuais deputados estaduais que já foram prefeitos em cidades do Interior estão Agenor Neto (PMDB), Antônio Granja (PROS), Augusta Brito (PCdoB), Robério Monteiro (PROS), Odilon Aguiar (PROS), Jeová Mota (PROS), Carlos Felipe (PCdoB), Sérgio Aguiar (PROS), Manoel Duca (PROS) e Welington Landim (PROS).

Dos 10 ex-prefeitos, a metade cumpre ainda o primeiro ano como deputado estadual. Welington Landim (PROS) já está no quarto mandato na Assembleia Legislativa, mas antes de chegar ao Legislativo, ainda no ano de 1994, foi prefeito de Brejo Santo entre 1989 e 1992. O parlamentar lembra que sofreu muitas dificuldades ao achar que conseguiria ajudar seu município da mesma forma que era capaz de fazer quando era gestor.

“É completamente diferente. Você chega ao Legislativo esperando que vai conseguir resolver uma série de problemas e acaba se decepciona com a série de limitações. A grande maioria dos projetos são prerrogativa do Congresso Nacional e, assim, é difícil legislar”, explicou o parlamentar ao acrescentar que os ex-prefeitos que chegam a Assembleia costumam enfrentar dificuldades até ter noção de como conseguir superar as distinções entre os dois poderes.

O deputado estadual Agenor Neto (PMDB) foi prefeito de Iguatu, mas já tinha cumprido um mandato na Assembleia Legislativa antes de chegar ao Executivo. Apesar de assegurar que não tem enfrentado dificuldades neste retorno à Casa, o parlamentar reconheceu a frustração dos ex-prefeitos que chegam ao Legislativo com as limitações da Casa. “Existem muito mais meios sendo prefeito”, pontuou .

Questionado se a saída da Assembleia na primeira passagem pela Casa para disputar a Prefeitura de Iguatu teria sido motivada por limitações impostas pelo Legislativo na influência sobre o Município, Agenor Neto negou ao justificar que a razão foi a divulgação de pesquisas eleitorais locais que indicavam a vitória dele numa disputa eleitoral.

O deputado Carlos Felipe (PCdoB) foi prefeito de Crateús e cumpre pela primeira vez o mandato de deputado estadual, mas o parlamentar alegou que o acesso às secretarias do Governo do Estado também limita a atuação dos gestores municipais, o que acaba os atraindo para tentar a vaga na Assembleia Legislativa. “Um prefeito que não tem acesso ao Estado não consegue fazer muito e, como prefeito, eu já fiquei 45 dias sem falar com secretário-executivo da Secretaria da Educação”, citou .

Obstáculos

O parlamentar revelou que os obstáculos para ter acesso às secretarias estaduais o motivou a renunciar para que seu vice assumisse a gestão e, assim, ele tentasse se tornar deputado estadual como uma forma de tentar garantir mais apoio ao município de Crateús. 

“Eu já vim com a consciência de que eu seria esse elo entre o município e o Governo do Estado. Por exemplo, o ensino médio é de responsabilidade do Estado, mas os municípios de grande porte, como Crateús, não recebem recursos suficientes para manter essa estrutura. Sem acesso ao Estado, o prefeito não tem condição de expor esse tipo de situação”, destacou.

A situação relatada pelo deputado estadual Carlos Felipe, em que um aliado dele permanece a frente da Prefeitura ao mesmo tempo em que ele tenta estabelecer essa ligação com o Estado, não é a única entre os ex-gestores municipais na Assembleia Legislativa. O deputado Welington Landim deixou a administração de Brejo Santo, mas o atual prefeito é o filho dele, Guilherme Landim. O deputado Sérgio Aguiar já foi prefeito de Camocim e a esposa dele, Mônica Aguiar, agora é quem está a frente do Município.

Carlos Felipe, entretanto, reconhece que a limitação na Assembleia Legislativa incomoda em alguns momentos. “O ruim de um legislador é que ele não tem a capacidade de intervir. É por isso que algumas figuras, como Ciro Gomes, acharam ruim ser deputado, porque ele não tinha a autonomia que tinha como gestor”, comparou.

O cenário estadual demonstra também, na visão de especialistas e deputados estaduais, que ainda é grande a influência do poder local no processo eleitoral. A professora Cristina Nobre, da Universidade do Estado do Ceará (Uece), doutora em Sociologia, ressaltou que o fenômeno da eleição de ex-prefeitos para a Assembleia sempre ocorreu, assim como o movimento inverso, e esclareceu que a influência familiar sobre a política reflete nessa movimentação. “Meus estudos têm mostrado que é muito central no candidato ter uma base familiar histórica”, pontuou.

A docente citou como exemplo o caso de Welington Landim, que incentivou o filho, Guilherme Landim, a entrar na política. Com a base eleitoral de Brejo Santo conquistada pelo pai, ele acabou sendo eleito como prefeito e pode, no futuro, buscar uma vaga no Legislativo com base nas articulações feitas durante a atuação como gestor.Alan Barros



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