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sexta-feira, 2 de maio de 2014

VINTE ANOS; A POLÊMICA NA MORTE DE AYRTON SENNA

Por ipuemfoco   Postado  sexta-feira, maio 02, 2014   Sem Comentários

                             
Vinte anos depois, uma das maiores polêmicas a respeito da morte de Ayrton Senna - o momento exato do falecimento - volta à tona, por iniciativa da jornalista Betise Assumpção, que era assessora de imprensa do piloto na época do trágico acidente no GP de San Marino, no dia 1º de maio de 1994. 

Segundo ela, Senna morreu na pista do circuito de Ímola, mas o anúncio foi postergado por Bernie Ecclestone, dirigente máximo da F-1, para que a corrida não fosse interrompida, uma exigência da legislação italiana na época. 

A polêmica surgiu logo após a trágica corrida, mas perdurou por duas décadas, já que os dirigentes da F-1 sempre negaram essa informação.

Betise decidiu publicar em seu blog um post (com versões em inglês e português), com o título ‘Senna: o que Bernie falou para Leonardo Senna’, sobre os acontecimentos que se seguiram à batida da Williams do brasileiro na curva Tamburello, no circuito de Ímola. 

Ela conta que foi testemunha, como tradutora, do momento em que Bernie revelou para Leonardo Senna, irmão mais novo de Ayrton, que o tricampeão havia morrido, em uma conversa dentro do motorhome da Foca (Associação de Construtores da F-1), presenciada também pela então mulher de Bernie, a ex-modelo croata Slavica Radic, ainda com a prova em andamento.

De acordo com o relato de Betise, depois de dar a notícia, em inglês, de que Ayrton estava morto, Bernie avisou, diante de um Leonardo Senna em prantos, que só iria anunciar publicamente que o piloto havia falecido mais tarde, 'para não parar a corrida'.
"'Ele está morto', falou (Bernie). Pensei por alguns segundos, 'como eu posso traduzir isto e dizer pro Leo de uma forma mais amena, considerando que ele só falou duas palavras!'. 

Então eu me virei para o Leo e, da maneira mais gentil e carinhosa possível, eu falei: 'Leo, eu sinto muito ter de te falar isto, mas ele está dizendo que o Ayrton está morto'”, escreveu Betise, que trabalhou com Ayrton Senna de 1990 até a morte do piloto.

"Leo ficou atordoado. Ele olhou para mim, depois para Bernie. Não disse uma palavra. Tive vontade de abraçá-lo. Ele começou a chorar. A soluçar. Ai o Bernie acrescentou: 'Mas nós só vamos anunciar mais tarde para não parar a corrida'. E eu traduzi para o Leo. Mesmo antes de eu terminar ele já estava descontrolado, chorando alto e tremendo. Eu realmente não sabia o que fazer. Eu nunca tinha visto uma dor tão crua", continuou a jornalista, que só quase foi barrada por Bernie da conversa, mas teve de ser admitida na sala porque o irmão de Senna não falava inglês.

Em seu relato, Betise conta que a sitação ficou ainda pior depois que entrou na sala o então assessor de imprensa da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), Martin Whitaker. 

Ao saber que Bernie já tinha dado a notícia a Leonardo, Whitaker avisou a Betise que tinha dito aos jornalistas na sala de imprensa que o piloto brasileiro tinha tido ferimentos na cabeça e tinha sido levado ao hospital. 

Mesmo depois de saber que Leonardo já tinha ligado para os pais no Brasil para dar a notícia da morte de Senna, o assessor manteve o discurso oficial.

"'O Bernie acaba de nos dizer que o Ayrton está morto', eu respondi. Leo estava no telefone comunicando a sua família que o Ayrton tinha morrido , em lágrimas. E novamente muito abalado. 'Não, o que eu disse a imprensa é que ele teve ferimentos graves na cabeça', explicou Martin. 'Sim, eu sei disso, mas já sabemos que ele está morto', insisti (...); que nós sabíamos a verdade. Martin fingiu não entender e repetiu a mesma coisa", diz o relato de Betise.

Por causa da informação oficial de que Senna ainda lutava pela vida, Betise diz que Leonardo fez outra ligação para os pais, que mantiveram a esperança de salvação até que a morte foi confirmada oficialmente, cinco horas depois.

"Passei as próximas cinco horas traduzindo, organizando, transmitindo recados e lidando com as esperanças e dores de Leo no hospital e da família no Brasil. Só quando o Dr. Syd Watkins chegou ao hospital ficou tudo esclarecido. Eu estava com a irmã do Ayrton no telefone me dizendo que eu deveria rezar, eu deveria ter esperança, Ayrton era forte. 

Eu simplesmente não conseguia fazê-los compreender a gravidade da situação. Tirei o telefone da orelha e disse pro Syd. 'É a Viviane . Ela não acredita quando eu digo a ela o quão grave é o estado do Ayrton. Eu não sei mais o que dizer. Você poderia falar com eles. Tenho certeza que vão te escutar', eu disse. Syd olhou para mim. 

Ele estava visivelmente triste e com dor. 'Betise, não há esperança nenhuma. Ele já estava morto na pista' (e passou a descrever alguns detalhes de suas lesões na cabeça, que eu não vou escrever aqui, em nome do bom gosto e em respeito à sua família e amigos próximos). Eu fiquei muda. Cabeça vazia. Simplesmente entreguei-lhe o receptor", encerra Betise.
O post da jornalista Betise Assumpção sobre as horas seguintes ao acidente fatal de Ayrton Senna Foto: Reprodução de internet

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